A CURIOSA ORIGEM DO NOME DO GRUPO JOHNNY HATES JAZZ
UM DOS NOMES MAIS INUSITADOS DO POP BRITÂNICO DOS ANOS 80 TEM UMA HISTÓRIA REAL POR TRÁS — E ELA NÃO ENVOLVE NENHUM JOHNNY NA BANDA
João Carlos
21/05/2025
Johnny Hates Jazz foi um dos grupos britânicos mais sofisticados do final dos anos 1980, com hits como Shattered Dreams e Turn Back the Clock. Mas além da música, uma das maiores curiosidades entre fãs e novos ouvintes é: quem é o Johnny que odeia jazz? E afinal, por que esse nome tão peculiar?
A história por trás do nome "Johnny Hates Jazz"
Ao contrário do que muitos pensam, ninguém da banda se chama Johnny. O nome surgiu de forma espontânea e verdadeira: o "Johnny" do nome era um amigo próximo do tecladista Calvin Hayes, que expressava, de forma enfática, o quanto detestava música jazz. Em tom de brincadeira — e com um bom senso de humor britânico — a frase virou nome da banda.
Quando a formação original, composta por Clark Datchler (vocal e compositor), Mike Nocito (baixo e produção) e Calvin Hayes (teclado), começou a gravar suas primeiras faixas, ainda sem nome definido, a piada interna virou oficial. E assim nasceu Johnny Hates Jazz, um nome que rapidamente se tornou memorável no pop mundial.
"Shattered Dreams": o hit que conquistou o mundo

O primeiro grande sucesso do grupo, "Shattered Dreams", foi lançado em 1987 e escrito por Clark Datchler. A música traz uma produção refinada, batida marcante e uma melodia melancólica que rapidamente conquistou o público internacional. O single:
- Chegou ao Top 5 no Reino Unido
- Entrou no Top 10 da Billboard Hot 100 nos Estados Unidos
- Teve clipe exibido exaustivamente na MTV
A canção consolidou o som elegante do grupo, muitas vezes associado ao movimento sophisti-pop — um subgênero que unia pop, jazz, soul e produção moderna.
Vídeos e versões
Curiosamente, existem duas versões do videoclipe: uma para o mercado europeu, dirigida por Brian Grant, e uma em preto e branco para o mercado americano, dirigida por David Fincher (que mais tarde se tornaria um renomado diretor de cinema, com filmes como Clube da Luta e Garota Exemplar).
Recorde a edição mais famosa do sucesso “Shsttered Dreams” com o grupo Johnny Hates Jazz:
A banda acabou?

A resposta é não. Apesar de ter passado por hiatos e mudanças na formação, Johnny Hates Jazz continua ativo até hoje. Após o sucesso do álbum Turn Back the Clock (1988), Clark Datchler deixou a banda, mas retornou anos depois para retomar a parceria com Mike Nocito.
A decisão de Datchler, segundo ele mesmo contou em recente entrevista à revista Classic Pop, foi motivada por impaciência artística.
“Eu deveria ter sido mais paciente, mas só queria seguir para a próxima coisa... Turn Back The Clock foi um álbum pop. E qualquer músico vai te dizer que o que ele está fazendo no momento é o mais importante para ele. Eu era assim – ‘ok, esse disco é ótimo, mas você precisa ouvir essa música nova’”, relembrou o cantor, já com uma visão mais madura.
Clark também revelou que, desde jovem, se via como um artista solo — ele havia assinado contrato com a Bluebird Records na adolescência e se mudado para Los Angeles como compositor da Warner.
“Eu estava muito dividido sobre continuar em uma banda”, confessou.
Após sua saída, o grupo seguiu com novos integrantes, mas não conseguiu repetir o mesmo impacto comercial ou criativo. Durante décadas, o Johnny Hates Jazz permaneceu como uma lembrança elegante do pop sofisticado dos anos 80.
No entanto, em 2018, a banda se reuniu com sua formação original, liderada novamente por Datchler e pelo produtor e baixista Mike Nocito. Desde então, o grupo vem se apresentando ao vivo e trabalhando em novos projetos, resgatando a sonoridade melódica e lírica que marcou sua trajetória inicial.
O grupo está em turnê em 2025. Em maio, eles realizaram apresentações no Reino Unido, incluindo um show em Newport, Inglaterra, no dia 9.

Além disso, a banda tem outros shows programados para o segundo semestre de 2025:
4 de julho – Ashley Hall Showground, Altrincham, Reino Unido
23 de outubro – Esquires, Bedford, Reino Unido
24 de outubro – Union Chapel, Londres, Reino Unido
Para mais informações sobre datas e locais dos shows, você pode visitar o site oficial da banda.
Um nome curioso, um legado duradouro
O que nasceu como uma piada interna entre amigos acabou se tornando uma das marcas mais reconhecíveis do pop britânico dos anos 80. E mesmo que Johnny — aquele que odiava jazz — nunca tenha subido ao palco, seu nome segue eternizado em playlists, rádios e corações de fãs pelo mundo todo.
Hoje, o Johnny Hates Jazz está mais vivo do que nunca, movido pela maturidade de seus integrantes e por uma base de fãs fiel, que continua a encontrar nos sucessos da banda — e em seu novo material — uma fonte de nostalgia e relevância.