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A FESTA POP DO HALLOWEEN

DE “THRILLER” A “THE DEAD DANCE”, COMO O HALLOWEEN TRANSFORMOU O MEDO EM MÚSICA E DANÇA

João Carlos

31/10/2025

Placeholder - loading - Crédito da imagem: Ray Parker Jr, Michael Jackson e Lady Gaga / Reprodução: YouTube
Crédito da imagem: Ray Parker Jr, Michael Jackson e Lady Gaga / Reprodução: YouTube

A data de 31 de outubro, o famoso Dia de Halloween, ao longo dos anos tornou-se inseparável do universo da cultura pop, do rock e, é claro, do cinema. Essa relação tão íntima entre o medo e o espetáculo ajudou a criar clássicos tanto nas telas quanto nas paradas musicais — e, no cruzamento dessas duas indústrias, surgiu um território comum: o do audiovisual musical. Foi nesse espaço que artistas como Michael Jackson e Lady Gaga se transformaram em símbolos máximos dessa fusão entre música, performance e horror estilizado.

Crédito da imagem: Alice Cooper, um dos primeiros artistas a transformar shows de rock em espetáculos inspirados em filmes de terror — Reprodução / imagem promocional via Facebook

O universo da música, afinal, sempre parece “acordar dos mortos” quando chega o Halloween. A data não é apenas sobre fantasias e maquiagem — ela se consolidou como um motor cultural que há décadas impulsiona o rock com teatralidade, mistério e estética sombria, ao mesmo tempo em que reorganiza a música pop em torno de playlists temáticas, virais e reinvenções visuais. Dos zumbis de “Thriller” às máscaras e cenários góticos de “The Dead Dance”, o Halloween se tornou um gatilho anual de consumo, inspirando cores escuras, coreografias assustadoras e universos visuais que continuam a ecoar entre gerações.

A Noite em que o medo virou festa

A origem do Halloween remonta a mais de dois mil anos, no antigo festival celta Samhain — celebrado entre o pôr do sol de 31 de outubro e o amanhecer de 1º de novembro. Era o momento em que se acreditava que o mundo dos vivos e o mundo dos mortos se cruzavam. Nesse intervalo simbólico, as comunidades da região que hoje corresponde à Irlanda, Escócia e parte da Grã-Bretanha realizavam rituais para afastar espíritos malignos e agradecer pelas colheitas do verão.

Com o passar dos séculos, as antigas lendas ganharam novas formas: as lanternas de abóboras, inspiradas na história de Jack O’Lantern, substituíram os nabos usados originalmente, e o costume de “pedir doces ou travessuras” passou a simbolizar uma mistura de superstição, brincadeira e comunidade.

Com a ascensão da cultura de massa no século XX, o Halloween deixou de ser apenas uma celebração folclórica e se transformou em um fenômeno cultural global — cenário perfeito para o cinema e, por consequência, para o rock e a música pop, que encontraram nessa estética sombria um palco fértil para performances icônicas e videoclipes inesquecíveis.

De “Thriller” A “The Dead Dance”: Quando o pop dança com o medo

Para muitos fãs da data — e da música pop — o sucesso estrondoso de “Thriller”, de Michael Jackson, se tornou o principal motivo para transformar o Halloween em uma verdadeira celebração global. Desde o lançamento do clipe em 1983, o vídeo dirigido por John Landis redefiniu o conceito de performance musical, misturando cinema e coreografia com estética de filme de terror. O resultado foi tão marcante que, décadas depois, “Thriller” segue inspirando festas temáticas, coreografias coletivas e flash mobs ao redor do mundo — sempre embalados pela icônica dança dos zumbis.

Mas a tradição de unir medo, música e espetáculo não parou nos anos 80. Com o sucesso de Lady Gaga, o Halloween passou a representar também um universo de teatralidade, identidade e provocação estética. A cantora americana, conhecida por sua habilidade em transformar o pop em performance artística, ampliou o diálogo entre música e horror em seu mais recente projeto, “The Dead Dance”, dirigido por Tim Burton.

No videoclipe, Gaga revive o espírito que Michael Jackson apresentou em “Thriller”: um enredo cinematográfico, visual gótico e uma coreografia que brinca com a linha tênue entre o belo e o assustador. Assim como Jackson, Gaga usa o medo como metáfora para renascimento e expressão, criando um cenário em que a dança dos mortos é, na verdade, uma celebração da vida — e da liberdade criativa que o Halloween simboliza.

Em ambos os casos, a música transcende o som: transforma-se em narrativa visual, em rito coletivo e em espelho de época. Jackson fez da noite de Halloween uma festa pop; Gaga, por sua vez, fez dela um manifesto artístico — reafirmando que, entre o terror e o glamour, há um mesmo ritmo que faz o público dançar.

“THRILLER”: O CLÁSSICO SUPREMO DO POP HORROR

Crédito da imagem: Michael Jackson em frame do videoclipe do sucesso “Thriller” (1982) / Reprodução: YouTube

Lançado em 1983, “Thriller” não apenas consagrou Michael Jackson como o “Rei do Pop”, mas também inaugurou o gênero conhecido como pop horror — uma fusão entre música, cinema e terror estilizado. O videoclipe, dirigido por John Landis, trouxe narrativa, figurinos cinematográficos e efeitos especiais dignos de Hollywood, algo inédito para a época. Com 14 minutos de duração, o vídeo transformou a televisão e o então nascente universo dos videoclipes em palco para o espetáculo.

A coreografia dos zumbis, a narração sombria de Vincent Price e a mistura irresistível de groove e susto criaram uma estética que se tornaria sinônimo de Halloween. Décadas depois, “Thriller” segue batendo recordes: é o vídeo musical mais reproduzido na data, incluído no National Film Registry como patrimônio cultural e constantemente recriado em festas, flash mobs e tributos. É o momento em que o medo e a pista de dança se encontram — e o mundo inteiro dança junto.

Lady Gaga e Tim Burton: “The Dead Dance” reinventa o medo com arte

Crédito da imagem: Lady Gaga em frame do videoclipe do sucesso “The Dead Dance” (2025) / Reprodução: YouTube

Quarenta anos depois, Lady Gaga trouxe o horror de volta ao centro da cultura pop com “The Dead Dance”, projeto dirigido por Tim Burton que mistura música, moda e cinema em um mesmo universo. A cantora — há muito apelidada de “Mother Monster” por seus fãs — usa o vídeo como carta de amor ao gótico e à liberdade criativa, em um cenário povoado por bonecas sombrias e criaturas dançantes.

A estética burtoniana, marcada por contrastes de luz e sombra, encontra em Gaga uma intérprete ideal: teatral, provocativa e consciente de sua herança pop. O single, rapidamente viralizado nas plataformas e adotado em playlists de Halloween, consolidou a artista como a nova face do pop sombrio. Se Jackson transformou o medo em dança, Gaga o transforma em arte viva — provando que o Halloween segue sendo o palco perfeito para os artistas que ousam ser extraordinários.

AS MÚSICAS QUE RESSUSCITAM TODO OUTUBRO

Crédito da imagem: Ray Parker Jr. — Imagem promocional / Sony Pictures Entertainment

No calendário das paradas, a estação do susto tem um efeito totalmente mensurável. Clássicos como “Thriller”, “Monster Mash” (Bobby “Boris” Pickett) e principalmente “Ghostbusters”, de Ray Parker Jr., voltam a dominar o Hot 100 na virada de outubro para novembro — fenômeno detalhado ano após ano pela Billboard. Lançada em 1984, a faixa tema do filme homônimo transformou Parker Jr. em ícone instantâneo do pop sobrenatural, unindo humor, groove e uma melodia contagiante que se tornou sinônimo de Halloween. Seu refrão — “Who you gonna call?” — ecoa há quatro décadas como o grito mais divertido do medo.

Em 2025, a Billboard listou as 25 maiores canções de Halloween da história do Hot 100, consolidando faixas como “Somebody’s Watching Me” (Rockwell), “(Don’t Fear) The Reaper” (Blue Öyster Cult) e “Witchy Woman” (Eagles) como pilares eternos de busca, nostalgia e streaming nesta época do ano.

Choque e espetáculo: o DNA do rock se veste de medo

Crédito da imagem: Rob Zombie em cartaz promocional / Reprodução: Facebook do artista

Bem antes do hype das playlists de Halloween, o rock já havia abraçado o pavor como parte de sua linguagem cênica. Alice Cooper levou guillotinas, cobras e simulações de execuções para o palco, criando o chamado shock rock, que transformou o horror em performance teatral. Décadas depois, essa estética macabra continua viva em turnês, videoclipes e festivais que celebram o lado sombrio do entretenimento.

Nos anos 90, Rob Zombie consolidou esse elo entre cinema B e heavy metal industrial com “Dragula”, inspirada na série The Munsters.

Gótico para as massas: do Bauhaus ao algoritmo

Crédito da imagem: A banda Bauhaus em imagem promocional / Reprodução: Spotfy

No subterrâneo pós-punk dos anos 80, Bauhaus inaugurou o romantismo sombrio com “Bela Lugosi’s Dead” (1979), canção que deu origem ao gótico como estética musical e visual.

Pouco depois, o The Cure ampliou esse universo com videoclipes icônicos, como o de “Lullaby” (1989), em que Robert Smith é devorado por uma aranha gigante em um quarto surreal. O clipe, sombrio e onírico, é até hoje uma das imagens mais reconhecíveis do gótico no pop, símbolo de como o medo pode ser transformado em arte elegante.

Quatro décadas mais tarde, a imprensa britânica registra a volta do darkwave ao centro do feed — um som minimalista e melancólico que resgata a herança de The Cure e de outros precursores, agora impulsionado por Spotify e TikTok.

Internet, cinema e o efeito “Doces ou Travessuras” nas plataformas

A lógica dos virais deu nova vida a velhas assombrações. “Goo Goo Muck” (The Cramps, 1981) explodiu após a série Wednesday (Netflix), saltando em streams e vendas — feito documentado pela Billboard. O mesmo ocorreu com Ghost, cuja B-side “Mary on a Cross” (2019) viralizou no TikTok e garantiu à banda sua primeira entrada no Hot 100 em 2022.

No campo nostálgico, “Spooky, Scary Skeletons” (Andrew Gold, 1996) virou hino-meme do Dia das Bruxas, presente em incontáveis vídeos e playlists.

O Halloween incoporado na cultura pop digital

Crédito da imagem: Robert Smith (The Cure) em frame do videoclipe do sucesso "Lullaby" do álbum Disintegration (1989) / Reprodução: YouTube

O primeiro dia de outubro já anuncia o clima sombrio: a Spotify observa um salto de quase 100% em streams temáticos logo na primeira semana, com milhões de playlists de Halloween criadas por usuários em todo o mundo. O fenômeno comprova que o feriado se tornou também um ritual de consumo anual, movido por nostalgia e descoberta.

Do lado editorial, curadorias oficiais da Apple Music e Spotify montam verdadeiros “corredores do susto”, misturando rock clássico, novidades pop e trilhas de filmes. É a economia do catálogo que ressuscita: todo outubro, hits antigos voltam à vida e novos artistas ganham visibilidade ao entrarem no clima sombrio que o público tanto adora.

A Paylist ideal é você quem decide

Não importa se você prefere rock ou pop — nesta data de festas, coreografias, playlists temáticas, doçuras e travessuras, é você quem decide a sua trilha sonora. O Halloween é um convite à imaginação, à dança e à nostalgia que une gerações em torno da música.

Nós apenas damos o start na sua trilha preferida.
Confira abaixo os vídeos dos sucessos de The Cure, Ray Parker Jr., Lady Gaga e Michael Jackson — quatro artistas que transformaram o medo em ritmo, o susto em espetáculo e o som em pura celebração.

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