A HISTÓRIA POR TRÁS DE UM CLÁSSICO DE 40 ANOS
“RUNNING UP THAT HILL”, DE KATE BUSH, RESSURGIU NAS PARADAS GRAÇAS À SÉRIE STRANGER THINGS
João Carlos
18/08/2025
Se você tem curiosidade sobre os bastidores de como uma canção é produzida, chegou o momento de conhecer os detalhes de um dos maiores clássicos do pop britânico. Lançada em 1985, a faixa “Running Up That Hill (A Deal With God)”, de Kate Bush, ganhou uma segunda vida quase quatro décadas depois, ao ser redescoberta por novas gerações através da trilha da série Stranger Things.
O nascimento de um clássico

Crédio da imagem: foto da capa oficial do álbum “Hounds Of Love” (1985) da cantora Kate Bush.
Escrita e produzida pela própria Kate Bush, a canção marcou a abertura de seu álbum Hounds of Love e trouxe uma sonoridade inovadora para a época, misturando sintetizadores atmosféricos com uma letra que falava de empatia e da possibilidade de trocar de lugar com outra pessoa para entender seus sentimentos. O resultado foi imediato: sucesso nas paradas britânicas e um dos maiores hits da carreira da artista.
Os bastidores da produção
Em recente reportagem especial da revista MOJO, assinada pelo biógrafo Tom Doyle, os bastidores da gravação foram revisitados em detalhes. Bush explorou ao máximo as novas tecnologias do estúdio, como o sintetizador Fairlight CMI e a bateria eletrônica LinnDrum, que deram à faixa sua identidade sonora inconfundível.
O engenheiro de som Del Palmer foi responsável por programar o ritmo pulsante no LinnDrum, enquanto o arranjo inicial de oito canais foi expandido para 24 trilhas, recebendo camadas de guitarra percussiva (Alan Murphy), balalaika (Paddy Bush) e as batidas marcantes de Stuart Elliott.
Segundo Elliott, o processo criativo foi intenso: “cada passo tinha uma pequena reviravolta... não há nenhum espaço morto nessa faixa, e ela soa incrivelmente simples”. A interpretação vocal de Kate Bush, por sua vez, transitava entre a suavidade quase sussurrada e uma entrega emocional arrebatadora, culminando no trecho central em que ela canta: “Come on darling, let’s exchange the experience!”.
Esse perfeccionismo elevou o álbum Hounds of Love ao topo das paradas britânicas e rendeu disco duplo de platina no Reino Unido, consolidando “Running Up That Hill” como o maior sucesso da carreira de Kate Bush até então.
Stranger Things e a redescoberta
Antes mesmo da explosão global em 2022, a faixa já havia sido revisitada em 2012, quando ganhou um remix moderno, que também foi utilizado na cerimônia de encerramento das Olimpíadas de Londres. Essa versão apresentou o clássico a um novo público, reforçando sua atemporalidade.

Crédito da imagem: foto original da trilha sonora da 4ª temporada da série Stranger Thins (2022).
Mas foi em Stranger Things, dez anos depois, que o impacto atingiu proporções históricas. A inclusão da faixa em uma das cenas mais intensas da quarta temporada fez com que a canção disparasse nas plataformas digitais, retornasse ao topo das paradas mundiais e alcançasse o Billboard Hot 100 nos Estados Unidos — tornando-se o maior hit da carreira de Kate Bush naquele país. A cação foi destaque na trilha sonora da 4ª temporada (em destaque acima), lançada em 1º de julho de 2022 pela Legacy Recordings (Sony Music).
O sucesso foi tão marcante que Kate Bush foi nomeada ao American Music Awards (AMAs) na categoria “Música de Rock Favorita”, competindo com gigantes do gênero como Foo Fighters, Imagine Dragons e JID, Måneskin e Red Hot Chili Peppers.
Um legado eterno
Mais do que uma trilha sonora nostálgica, a volta de “Running Up That Hill” mostrou como a música de Kate Bush atravessa gerações. Quase 40 anos após seu lançamento, a canção continua sendo estudada, celebrada e reinterpretada, mantendo viva a força criativa de uma das artistas mais originais da música britânica.
Recorde a seguir dois momentos inesquecíveis da canção de Kate Bush: primeiro, no videoclipe original de Running Up That Hill, lançado em 1985 e que marcou a estreia do álbum Hounds of Love; e depois na poderosa execução do remix de 2012, apresentado durante a cerimônia de encerramento das Olimpíadas de Londres — ocasião em que a música reafirmou sua força atemporal diante de uma plateia global.