Agora um aliado de confiança, 'Pequeno Marco' consegue de Trump cargos importantes
Agora um aliado de confiança, 'Pequeno Marco' consegue de Trump cargos importantes
Reuters
02/05/2025
Por Simon Lewis e Daphne Psaledakis e Steve Holland
WASHINGTON (Reuters) - Principal diplomata, chefe de ajuda externa, arquivista nacional e agora conselheiro de Segurança Nacional. A expansão do currículo de Marco Rubio ressalta a crescente confiança do presidente Donald Trump no ex-senador da Flórida, segundo autoridades.
Trump disse na quinta-feira que seu assessor de segurança nacional, Mike Waltz, passaria a ser embaixador da ONU, semanas depois de Waltz ter adicionado um jornalista do The Atlantic a um bate-papo do Signal, no qual as principais autoridades estavam discutindo ataques militares contra os houthis no Iêmen.
Em seu lugar, Trump nomeou Rubio como seu principal assessor de segurança nacional em caráter interino, o mais recente exemplo do presidente recorrendo ao homem que ele já depreciou como Pequeno Marco e rotulou como um vigarista para assumir tarefas cruciais em seu governo.
Rubio chefiará o conselho que coordena as ações de segurança nacional do governo em todo o mundo, embora Trump não tenha indicado quando um substituto permanente seria nomeado.
A remodelação ocorre em meio aos esforços para acabar com a guerra na Ucrânia, restaurar um cessar-fogo fracassado em Gaza e conduzir negociações nucleares complexas com o Irã, tudo isso enquanto gerencia as consequências diplomáticas da guerra comercial de Trump com a China.
Uma autoridade sênior dos EUA disse que Rubio construiu uma relação de confiança com Trump ao realizar todas as tarefas que Trump lhe confiou. 'Ele fez tudo o que Trump lhe pediu para fazer', disse a autoridade, solicitando anonimato para discutir uma questão delicada. 'Por que você não confiaria nele?'
O porta-voz do Conselho Nacional de Segurança (NSC), Brian Hughes, disse à Reuters que Rubio havia implementado a agenda 'América Primeiro' de Trump e era 'bem qualificado' para supervisionar o conselho.
'ELE RESOLVE O PROBLEMA'
Logo no início, Rubio foi enviado ao Panamá para colocar a promessa de Trump de 'retomar' o Canal do Panamá em termos mais diplomáticos. Em março, depois de um desentendimento no Salão Oval com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, Trump enviou Rubio para a Arábia Saudita, onde ele ajudou a colocar em prática seus esforços de paz entre a Ucrânia e a Rússia.
Rubio também desempenhou um papel de liderança na controversa repressão de Trump à migração para os Estados Unidos, garantindo um acordo para enviar supostos membros de gangues para uma prisão de alta segurança em El Salvador e revogando milhares de vistos de estudantes, em muitos casos depois que os estudantes participaram de protestos anti-Israel.
Acima de tudo, Rubio defendeu veementemente a agenda de Trump, mesmo quando ela se chocava com suas próprias posições anteriores. Como senador, Rubio defendeu a assistência externa em todo o mundo. Sob o comando de Trump, Rubio tem supervisiononado o desmantelamento da principal agência de ajuda de Washington e defendeu com orgulho a decisão de se fazer isso.
Em um evento no Rose Garden na quinta-feira, Trump agradeceu a Rubio por seu trabalho 'inacreditável'. 'Quando tenho um problema, ligo para Marco', disse Trump. 'Ele resolve o problema.'
Não é inédito que uma autoridade ocupe vários cargos ao mesmo tempo. Henry Kissinger atuou como secretário de Estado e conselheiro de segurança nacional na década de 1970.
Mas a carga de trabalho atual de Rubio levanta dúvidas sobre como ele gerenciaria múltiplas tarefas. Além da função de principal diplomata dos EUA, Rubio atua como administrador da Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional e arquivista interino dos Estados Unidos, um escritório que supervisiona a preservação dos registros do governo.
'Qualquer um desses trabalhos, feito corretamente, exige um nível sobre-humano de dedicação, foco e energia', disse um funcionário do Departamento de Estado, que pediu anonimato para falar francamente. 'Mesmo com a melhor das intenções, não vejo como você pode fazer os dois trabalhos ao mesmo tempo sem negligenciar responsabilidades que não podem ser facilmente delegadas.'
Tammy Bruce, porta-voz de Rubio no Departamento de Estado, disse que Rubio tem pessoas ao seu redor para ajudá-lo a lidar com as duas funções. 'Se alguém pode fazer isso... será Marco Rubio'
Algumas questões importantes da política externa continuam concentradas em um círculo restrito, com o enviado de Trump para o Oriente Médio, Steve Witkoff, liderando as conversações com a Rússia, as negociações nucleares com o Irã e a guerra de Israel em Gaza.
'O presidente montou uma equipe incrivelmente talentosa que está totalmente comprometida em colocar a América e os americanos em primeiro lugar', disse o Departamento de Estado em uma resposta por email a um pedido de comentário. 'O secretário Rubio espera servir como seu conselheiro de Segurança Nacional interino, garantindo que o trabalho de missão crítica no Departamento de Estado continue sem interrupções.'
TRUMP E RUBIO JÁ TROCARAM FARPAS
Rubio e Trump entraram em conflito durante a dura campanha para a indicação presidencial republicana de 2016. Eles trocaram farpas no palco do debate, com Trump dando a Rubio o apelido de Pequeno Marco e chamando-o de 'vigarista' por perder votações no Senado. Rubio, que também acusou Trump de ser um 'vigarista', zombou de Trump por supostamente ter mãos pequenas.
Rubio disse que esses comentários foram feitos no contexto de uma primária competitiva, comparando-se a um boxeador que dá um soco em um oponente no ringue. 'Isso não significa que você odeia o cara, mas estávamos competindo pelo mesmo cargo', disse Rubio à CNN.
Depois que Trump assumiu o cargo em 2017, as tensões diminuíram, pois Rubio, que é cubano-americano, desempenhou um papel fundamental na consultoria sobre a política da Venezuela e de Cuba. Rubio foi uma força motriz nos bastidores ao ajudar a elaborar a campanha de 'pressão máxima' de Trump contra o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, incluindo a imposição de sanções contra o setor vital de energia do país, que é membro da Opep, e na forte reversão da reaproximação do ex-presidente Barack Obama com Cuba.
Um funcionário sênior do Departamento de Estado, que pediu anonimato, atribuiu a crescente confiança de Trump em Rubio a um histórico de 'trabalho conjunto e colaborativo, construindo um relacionamento profissional e pessoal'.
Há muito tempo defensor ferrenho das posições tradicionais da política externa republicana, incluindo o forte apoio à Ucrânia, a fidelidade à Otan e uma visão agressiva sobre a China e de seu histórico de direitos humanos, Rubio tem se alinhado cada vez mais com a mensagem 'América Primeiro' de Trump.
No Departamento de Estado, Rubio fechou um escritório que trabalhava no combate à desinformação russa e chinesa, acusando-o de ter como alvo os conservadores.
Ele trabalhou com o Departamento de Eficiência Governamental de Elon Musk para cortar a ajuda e outros programas que apoiou como senador, e iniciou uma grande reforma que fecharia os escritórios que lidam com direitos humanos e crimes de guerra.
Reuters