Socorro contra tarifa dos EUA pode ficar fora da meta fiscal, mas terá menor custo possível, diz Alckmin
Socorro contra tarifa dos EUA pode ficar fora da meta fiscal, mas terá menor custo possível, diz Alckmin
Reuters
31/07/2025
Atualizada em 31/07/2025
Por Bernardo Caram
(Reuters) - O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, disse nesta quinta-feira que os gastos públicos com o plano de contingência para mitigar efeitos da tarifa de 50% dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros poderão ser excluídos da contabilidade da meta fiscal, mas o governo busca o menor custo possível.
Falando em entrevista ao programa Mais Você, da TV Globo, Alckmin disse que o plano terá impacto financeiro, creditício e tributário, ressaltando que as medidas estão praticamente prontas.
'No Rio Grande do Sul, com a enchente, teve um fato superveniente, que não estava previsto, ninguém podia prever, o Tribunal de Contas da União autorizou a excluir (gastos da meta)', disse.
'Vai ter preocupação fiscal, o (ministro da Fazenda) Fernando Haddad está fazendo um bom trabalho.'
O presidente dos EUA, Donald Trump, impôs na quarta-feira sua prometida tarifa de 50% sobre produtos brasileiros para combater o que ele chama de 'caça às bruxas' contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, mas excluiu da taxa mais pesada produtos importantes da pauta de exportações do Brasil como aeronaves, energia e suco de laranja.
Sem dar detalhes, o vice-presidente disse que as medidas de socorro serão focadas em preservar empregos e a produção nacional, com atenção especial a setores mais impactados pela tarifa.
Alckmin ponderou que a primeira linha de ação do governo será continuar em negociação comercial com os EUA para reverter a elevação de tarifa oficializada na quarta, e que tem previsão de entrar em vigor na próxima semana.
'O presidente Lula orientou, primeiro vamos continuar a negociação. A negociação não terminou hoje, ela começa hoje', disse, ao avaliar que há espaço para negociar.
Para ele, a taxação do Brasil pelos EUA é uma situação de 'perde-perde' que elevará custos para o consumidor norte-americano.
O vice-presidente ainda confirmou que 35,9% das exportações brasileiras estão incluídas na tarifa de 50% do presidente Donald Trump.
Na entrevista, Alckmin evitou fazer uma previsão para a inflação após a tarifa, mas afirmou que os preços no país estão em tendência de queda e acrescentou que produtos mais taxados pelos EUA também precisarão ser direcionados com maior força para o mercado doméstico brasileiro.
Ele disse que 'é preciso ficar atento ao dólar', que impacta a inflação, defendendo que não haja uma escalada da crise comercial para que não se observe reflexos negativos no câmbio.
(Por Bernardo Caram, em Brasília; Reportagem adicional de Fernando Cardoso)
Reuters