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APRENDIZADO DE MÁQUINA QUÂNTICA ATINGE MARCO HISTÓRICO

A INTEGRAÇÃO ENTRE IA E COMPUTAÇÃO QUÂNTICA DEIXA O CAMPO TEÓRICO E COMEÇA A GANHAR APLICAÇÕES PRÁTICAS

João Carlos

02/07/2025

Placeholder - loading - Crédito da imagem: itweb.co.za
Crédito da imagem: itweb.co.za

Um grupo de pesquisadores europeus da Universidade de Viena, Politecnico di Milano e Quantinuum acaba de atingir um marco na fronteira entre computação quântica e inteligência artificial. Em um estudo publicado em 2 de junho na revista Nature Photonics, cientistas demonstraram pela primeira vez o uso de aprendizado de máquina quântica em um problema do mundo real, com vantagens práticas que não podem ser replicadas por computadores clássicos.

Aprendizado de máquina com arquitetura quântica minimalista

Utilizando um processador quântico fotônico — que opera com partículas de luz ao invés de bits eletrônicos —, os pesquisadores criaram um sistema capaz de executar algoritmos de aprendizado de máquina baseados em métodos kernel, técnica tradicionalmente usada para reconhecimento de padrões em dados pequenos.

A inovação está na simplicidade e eficiência: o sistema foi implementado com apenas um qubit físico, provando que a computação quântica já pode entregar valor prático mesmo com arquiteturas extremamente enxutas.

Superando limites clássicos

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O modelo quântico desenvolvido apresentou acurácia, velocidade e eficiência energética superiores em relação às soluções clássicas, mesmo quando testado com conjuntos de dados reais. Segundo os autores, não é possível simular o comportamento quântico do sistema em computadores binários tradicionais, o que representa uma vantagem computacional tangível — algo que, até então, estava restrito ao campo das hipóteses teóricas.

“Este é o primeiro exemplo de um algoritmo quântico baseado em kernel demonstrando vantagem prática sobre computadores clássicos usando dados do mundo real”, explicou o coautor Stefano Mangini, do Politecnico di Milano.

O papel dos processadores fotônicos

O uso de circuitos ópticos integrados foi decisivo. Em vez de depender de grandes estruturas criogênicas, os cientistas construíram o modelo em uma plataforma fotônica compacta, que pode operar em temperatura ambiente e com menor consumo de energia — um diferencial importante frente à crescente demanda computacional dos sistemas de IA convencionais.

Segundo o estudo, a mesma arquitetura pode ser implementada em sistemas com apenas um qubit físico, tornando-a ideal para as primeiras gerações de computadores quânticos comerciais, que ainda têm número limitado de qubits.

Uma nova fronteira para a Inteligência Artificial

O resultado do experimento marca um passo essencial na chamada “vantagem quântica para machine learning”, conceito que até então era promissor, mas sem aplicação prática. Com esse avanço, aplicações em reconhecimento de padrões, diagnóstico médico, previsões financeiras e análise de dados complexos poderão, no futuro próximo, se beneficiar do poder de algoritmos quânticos.

O que vem a seguir?

A expectativa agora gira em torno da escalabilidade da abordagem. Os pesquisadores já sinalizam que a arquitetura testada pode ser expandida para mais qubits e conectada a infraestruturas híbridas que combinem processamento quântico e clássico.

“Não é mais uma questão de ‘se’, mas de ‘quando’ a computação quântica se integrará à inteligência artificial em aplicações comerciais”, declarou um dos autores em nota à imprensa.

Possibilidades futuras da IA quântica no mundo real

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A integração da computação quântica à inteligência artificial representa uma das fronteiras mais promissoras da tecnologia contemporânea. Na prática, isso significa que algoritmos de machine learning poderão realizar tarefas hoje consideradas computacionalmente inviáveis — como otimização em larga escala, modelagem de sistemas complexos, análise preditiva com alto grau de incerteza e processamento de dados com múltiplas variáveis correlacionadas.

Com arquiteturas quânticas ganhando maturidade e aplicações híbridas se tornando viáveis, espera-se que áreas como:

  • finanças algorítmicas, com decisões em tempo real baseadas em múltiplos mercados;
  • descoberta de medicamentos, com simulações moleculares aceleradas;
  • logística e planejamento urbano, com otimização de rotas e recursos dinâmicos;
  • e cibersegurança, com sistemas adaptativos mais rápidos que ataques automatizados,

se beneficiem de um novo paradigma computacional, capaz de aprender, prever e decidir de maneira mais próxima da complexidade do mundo real.

Para os cientistas envolvidos no estudo, essa transição não será abrupta, mas inevitável. À medida que sistemas de poucos qubits — como os testados agora — forem integrados a fluxos de dados reais e modelos clássicos, a vantagem quântica deixará de ser um conceito teórico para se tornar uma ferramenta cotidiana no arsenal da tecnologia aplicada aos negócios.

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