Assembleia de acionistas da JBS aprova dupla listagem
Assembleia de acionistas da JBS aprova dupla listagem
Reuters
23/05/2025
Atualizada em 23/05/2025
Por Luciana Magalhaes
SÃO PAULO (Reuters) - A JBS garantiu nesta sexta-feira apoio de acionistas para prosseguir com a dupla listagem de ações nos Estados Unidos e no Brasil.
O plano de listagem da empresa nos EUA foi aprovado em assembleia geral de acionistas. Não ficou claro de imediato o placar de aprovação da operação pelos investidores.
As ações da JBS exibiam alta de 0,5% quando tiveram negociações suspensas pouco após a abertura do mercado.
A assembleia estava marcada para começas às 10h, mas às 10h18 a B3 mandou aviso de suspensão de negócios com os papéis da empresa diante da iminente divulgação de fato relevante com o resultado da reunião dos investidores, que veio menos de um minuto depois.
Segundo pessoas próximas à companhia, os investidores já foram votando conforme iam chegando à reunião e às 10h10 a companhia já tinha votos suficientes para a aprovação da proposta.
Antes da votação, analistas debateram os méritos da dupla listagem da empresa para acionistas minoritários.
Alguns citaram a oportunidade da empresa de alinhar sua avaliação de mercado com a de seus pares internacionais com uma listagem nos EUA, o que permitirá à JBS acesso a uma gama mais ampla de investidores.
No entanto, algumas empresas de consultoria alertaram que uma nova estrutura de ações de classe dupla provavelmente reduzirá o poder de voto dos acionistas minoritários, potencialmente limitando sua influência sobre o processo de tomada de decisões da empresa no futuro.
Sob a nova estrutura da dupla listagem, os acionistas controladores da empresa, que atualmente detêm uma participação de 48,34% em uma única classe de ações, poderiam ver seu poder de voto aumentar para até 85%, segundo estimativas de analistas.
Isso porque, sob a nova organização da empresa, uma holding sediada na Holanda seria listada principalmente nos EUA, com uma estrutura de capital de duas classes, com direitos de voto distintos.
A família Batista, que fundou e ainda controla a JBS, tenta há mais de uma década listar as ações da empresa em Nova York, mas enfrentou vários contratempos, incluindo o escândalo de Lava Jato.
Em 2016, o plano também enfrentou oposição do braço de investimentos do Banco de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o maior acionista fora da família Batista. Em março, o banco estatal, que vem reduzindo sua participação na JBS, concordou em se abster na votação da listagem dupla.
O plano de listagem dos EUA também enfrentou críticas de políticos e grupos ambientalistas, que levantaram preocupações sobre corrupção, concentração de mercado e riscos ambientais.
Em 2024, um grupo bipartidário de senadores norte-americanos enviou uma carta ao órgão fiscalizador dos mercados de capitais dos EUA (SEC), expressando oposição à listagem da empresa no país, citando preocupações com corrupção e potenciais consequências ambientais da operação.
Reuters