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ASTRÔNOMOS INVESTIGAM COMETA INTERESTELAR

OBJETO POSSIVELMENTE MAIS ANTIGO QUE O SISTEMA SOLAR, BATIZADO DE 3I/ATLAS, INTRIGA A COMUNIDADE ASTRÔMICA MUNDIAL

João Carlos

14/07/2025

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Crédito da imagem: gerada por IA

Astrônomos ao redor do mundo estão unindo esforços para analisar um novo e enigmático visitante cósmico. Trata-se do 3I/Atlas, um objeto interestelar que pode ter se formado há mais de sete bilhões de anos, tornando-se potencialmente mais antigo que o próprio sistema solar.

O corpo celeste foi detectado pela primeira vez em 1º de julho de 2025, por meio do telescópio de pesquisa ATLAS, instalado no Chile. A descoberta foi considerada excepcional por especialistas da Universidade de Oxford, que apresentaram os primeiros resultados durante a reunião anual da Royal Astronomical Society, realizada em Durham, no Reino Unido.

Um raro viajante de outra estrela

A sigla “3I” indica que este é apenas o terceiro objeto interestelar já registrado cruzando o interior do nosso sistema solar. Os anteriores — ‘Oumuamua em 2017 e Borisov em 2019 — também causaram comoção científica na época. No entanto, o 3I/Atlas chama ainda mais atenção por suas características físicas e trajetória incomum.

Segundo o astrônomo Matthew Hopkins, recém-doutorado por Oxford e um dos principais nomes por trás da descoberta, a velocidade e a inclinação da órbita sugerem que o objeto se originou no "disco espesso" da Via Láctea — uma região pouco explorada, habitada por estrelas antigas que orbitam fora do plano principal da galáxia.

“Estamos, provavelmente, diante de um fragmento remanescente da formação estelar de um tempo anterior ao nascimento do nosso próprio sistema solar”, explicou Hopkins à imprensa internacional.

Estrututa gelada e possível cauda brilhante

A equipe britânica acredita que o 3I/Atlas seja rico em gelo de água, o que pode proporcionar um espetáculo visual raro nos próximos meses. À medida que o objeto se aproxima do Sol, espera-se que a radiação solar aqueça sua superfície, provocando jatos de vapor e poeira, o que poderá formar uma cauda luminosa, semelhante à dos cometas clássicos.

Hoje, o objeto está a uma distância semelhante à de Júpiter em relação à Terra, sendo visível apenas por meio de telescópios de grande porte. No entanto, há expectativa de que, ainda neste ano, ele possa ser observado por astrônomos amadores, com equipamentos convencionais, dependendo de sua aproximação e comportamento.

Janela para uma outra região da galáxia

O professor Chris Lintott, também da Universidade de Oxford e coautor do estudo, destacou a relevância dessa oportunidade científica: “Trata-se de um objeto vindo de uma região galáctica que nunca havíamos observado de perto. Há uma chance considerável de que ele tenha se formado há bilhões de anos, em torno de uma estrela ancestral, e esteja desde então cruzando o espaço interestelar”.

Esses objetos, por terem se formado em torno de outras estrelas no início da vida dessas estrelas, funcionam como mensageiros cósmicos. Ao estudá-los, os cientistas esperam entender mais sobre a diversidade e a evolução dos sistemas estelares da Via Láctea.

Nova era de descobertas

O entusiasmo da comunidade científica é ainda maior diante do lançamento do poderoso telescópio Vera C. Rubin, também localizado no Chile. Com início das operações previsto para o final de 2025, ele deve ampliar significativamente a capacidade de identificação de objetos interestelares. Estima-se que o equipamento possa revelar entre 5 e 50 novos visitantes extragalácticos nos próximos anos, abrindo um novo capítulo na astronomia observacional.

Enquanto isso, o 3I/Atlas segue sua trajetória silenciosa e antiga, cruzando os confins do sistema solar e nos oferecendo uma rara oportunidade: observar, em tempo real, um fragmento primordial da história cósmica.

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