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BC diz que boa parte do impacto da alta 'firme' na Selic está por vir, motivando pausa no ciclo de aperto

BC diz que boa parte do impacto da alta 'firme' na Selic está por vir, motivando pausa no ciclo de aperto

Reuters

24/06/2025

Placeholder - loading - Sede do BC em Brasília 17/12/2024. REUTERS/Adriano Machado
Sede do BC em Brasília 17/12/2024. REUTERS/Adriano Machado

Atualizada em  24/06/2025

Por Bernardo Caram

BRASÍLIA (Reuters) - O Banco Central afirmou que elevou a taxa Selic em mais 0,25 ponto percentual por conta da resiliência da atividade, ponderando que ainda está por vir grande parte do efeito do aperto monetário feito até agora, o que motivou a indicação de que o ciclo de alta será interrompido, mostrou nesta terça-feira a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).

No documento, que citou os debates recentes sobre política fiscal, o BC enfatizou que a construção da confiança necessária para definir o patamar apropriado dos juros passa por assegurar que os canais de política monetária estejam desobstruídos e sem elementos mitigadores.

'O Comitê optou pela elevação de 0,25 ponto percentual, avaliando que a economia ainda apresenta resiliência, o que dificulta a convergência da inflação à meta e requer maior aperto monetário', disse.

'Por outro lado, ressaltou-se que o ciclo até então empreendido foi particularmente rápido e bastante firme, reforçando o entendimento de que, dadas as defasagens inerentes aos efeitos da política monetária, grande parte dos impactos da taxa mais contracionista ainda está por vir. Em função disso, o Comitê comunicou que antecipa uma interrupção no ciclo de elevação de juros.'

Na semana passada, o BC decidiu elevar a taxa Selic em 0,25 ponto percentual, a 15,00% ao ano, e destacou que antecipa uma interrupção no ciclo de alta de juros, considerando que a taxa deve permanecer inalterada por 'período bastante prolongado'.

Na ata, a autarquia afirmou que após a interrupção do ciclo de alta, prevista para a próxima reunião, o Copom irá observar se o patamar dos juros é apropriado para levar a inflação à meta de 3%.

'Ressaltou-se que, determinada a taxa apropriada de juros, ela deve permanecer em patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado devido às expectativas desancoradas', afirmou.

Após essa avaliação, o BC enfatizou a mensagem da semana passada de que seguirá vigilante e que não hesitará em prosseguir no ciclo de ajuste caso julgue apropriado.

Para a autarquia, a economia no Brasil apresenta sinais mistos, com 'certa' moderação do crescimento e expectativa de que os efeitos da alta nos juros sobre a atividade se aprofunde nos próximos trimestres, arrefecendo também o mercado de trabalho.

Iniciado em setembro do ano passado, o ciclo de aperto acrescentou 4,5 pontos percentuais à Selic, levando a taxa básica de juros ao maior nível em quase 20 anos.

Em relação ao comportamento dos preços no país, o BC disse que o cenário de inflação de curto prazo segue adverso, mas apresentou surpresas baixistas no período recente em relação ao que os analistas previam.

Apesar dessa observação, o Copom afirmou que os núcleos de inflação --que excluem itens mais voláteis-- seguem em patamar acima do compatível com a meta, o que demanda juros contracionistas por um período bastante prolongado.

'A ata se mostrou mais focada em evitar que o mercado passe a precificar cortes de juros do que propriamente em sugerir a possibilidade de novas altas. Assim, avaliamos que a sinalização divulgada hoje é consistente com nosso cenário de Selic mantida em 15,00% até (pelo menos) o segundo trimestre de 2026', disse o economista-chefe da XP Investimentos, Caio Megale.

FISCAL

Na ata, o BC ainda avaliou que o debate feito entre governo e Congresso Nacional sobre reformas fiscais estruturais e redução de incentivos tributários podem impactar os juros no país, argumentando que segue acompanhando com atenção o tema.

“O debate mais recente, com ênfase na dimensão estrutural do orçamento fiscal e na redução ao longo do tempo de gastos tributários, tem potencial de afetar a percepção sobre a sustentabilidade da dívida e de ter impactos sobre o prêmio da curva de juros”, disse.

O governo apresentou uma série de medidas de elevação tributária, além de algumas ações de contenção de despesas após recuar de parte do aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), e prometeu enviar ao Legislativo um projeto para cortar gastos tributários. A equipe econômica ainda afirmou que deve debater com parlamentares possíveis medidas de corte de gastos.

Para a autarquia, a política fiscal tem um impacto de curto prazo, majoritariamente por meio de estímulo à demanda agregada, além de um efeito de médio prazo, que impacta a curva de juros.

Sobre o cenário externo, a autoridade monetária afirmou que houve uma melhora no ambiente com reversão parcial de tarifas de importação pelos Estados Unidos, mas ponderou que ainda há incerteza e volatilidade, citando ainda dúvidas sobre a política fiscal do governo Donald Trump e o conflito no Oriente Médio.

Ao afirmar que as condições financeiras globais serão particularmente importantes, o BC apontou ter notado 'um padrão de correlações de ativos, incluindo moedas, diferente do usual' em momento de choques de aversão a risco.

Reuters

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