Capa do Álbum: Antena 1
A Rádio Online mais ouvida do Brasil
Antena 1

BC vê impacto setorial relevante de tarifa dos EUA, mas efeito agregado ainda incerto

BC vê impacto setorial relevante de tarifa dos EUA, mas efeito agregado ainda incerto

Reuters

05/08/2025

Placeholder - loading - Sede do Banco Central em Brasília 11/06/2024.  REUTERS/Adriano Machado
Sede do Banco Central em Brasília 11/06/2024. REUTERS/Adriano Machado

Atualizada em  05/08/2025

Por Bernardo Caram

BRASÍLIA (Reuters) - O Banco Central apontou que a política tarifária dos Estados Unidos torna o cenário mais incerto e adverso para o Brasil, ressaltando que sua atuação focará nos mecanismos de transmissão do ambiente externo sobre a inflação local, mostrou nesta terça-feira a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).

“A elevação por parte dos Estados Unidos das tarifas comerciais para o Brasil tem impactos setoriais relevantes e impactos agregados ainda incertos a depender de como se encaminharão os próximos passos da negociação e a percepção de risco inerente ao processo”, disse o BC no documento, reforçando que acompanha o tema com atenção.

O governo do presidente Donald Trump formalizou na semana passada a imposição de tarifa de importação de 50% sobre produtos brasileiros a partir desta semana, alegando, entre outros pontos, que o ex-presidente Jair Bolsonaro é perseguido pelo Judiciário.

Na ata, o BC afirmou que os vetores inflacionários seguem adversos, com pressões no mercado de trabalho, expectativas de mercado para a inflação desancoradas e projeções de preços elevadas, além de uma atividade resiliente, apesar de uma 'certa moderação' de crescimento.

'O Comitê reforça que o arrefecimento da demanda agregada é um elemento essencial do processo de reequilíbrio entre oferta e demanda da economia e convergência da inflação à meta', disse.

Nesse ambiente, a autarquia enfatizou a necessidade de uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado.

Na semana passada, o BC decidiu interromper o ciclo de alta nos juros básicos ao manter a Selic em 15% ao ano e ressaltou que antecipa uma manutenção da taxa por período longo, pregando cautela diante de incertezas geradas pela tarifa dos EUA sobre produtos brasileiros.

Na avaliação do BC, o mercado de crédito, mais sensível às condições financeiras do ciclo de aperto monetário, tem apresentado uma moderação mais nítida. O mercado de trabalho, porém, segue dinâmico, tendo 'dado bastante suporte ao consumo e à renda'.

A autoridade monetária disse ainda que uma política fiscal que atue de forma contracíclica e contribua para a redução do prêmio de risco favorece a convergência da inflação à meta.

'A política fiscal tem um impacto de curto prazo, majoritariamente por meio de estímulo à demanda agregada, e uma dimensão mais estrutural, que tem potencial de afetar a percepção sobre a sustentabilidade da dívida e impactar o prêmio a termo da curva de juros', afirmou.

De acordo com o documento, além da atividade econômica, o BC também seguirá acompanhando o processo de repasse do câmbio para a inflação, após período de maior volatilidade, e as expectativas de mercado para os preços, fator tratado com desconforto por todos os membros da diretoria.

Ainda em relação às expectativas, o BC afirmou que houve uma queda na medição para períodos mais curtos, mas o mesmo não ocorreu de forma relevante em prazos longos, “ainda que as medidas de inflação implícita extraídas de ativos financeiros tenham se reduzido”.

“O Comitê reforçou e renovou seu compromisso com a reancoragem das expectativas e com a condução de uma política monetária que enseje tal movimento”, apontou.

Na avaliação de André Valério, economista sênior do Inter, a ata reafirma o cenário de elevada incerteza, com preocupações relacionadas à desancoragem das expectativas e à política fiscal, mas sem deixar claro o que seria um gatilho para o eventual início do ciclo de cortes de juros.

'Acreditamos que uma desaceleração mais intensa da atividade, seguida de enfraquecimento do mercado de trabalho, seja pré-condição para o início do ciclo de cortes', afirmou, ao prever um primeiro corte de 0,50 ponto percentual na Selic em dezembro.

Reuters

Compartilhar matéria

Mais lidas da semana

 

Carregando, aguarde...

Este site usa cookies para garantir que você tenha a melhor experiência.