Bolsonaro recebe alta hospitalar, mas laudo indica câncer de pele em lesões removidas
Bolsonaro recebe alta hospitalar, mas laudo indica câncer de pele em lesões removidas
Reuters
17/09/2025
Atualizada em 17/09/2025
Por Ricardo Brito
BRASÍLIA (Reuters) - O ex-presidente Jair Bolsonaro recebeu alta nesta quarta-feira do hospital DF Star em Brasília, onde deu entrada na véspera, apresentando melhora de sintomas e da função renal, de acordo com boletim médico, cujo laudo médico indicou a presença de câncer de pele em parte das lesões que ele removeu.
Segundo o boletim, um laudo das lesões cutâneas de Bolsonaro operadas no domingo identificou a presença de 'carcinoma de células escamosas 'in situ'' em duas das oito lesões removidas, 'com a necessidade de acompanhamento clínico e reavaliação periódica'.
Em entrevista dada após Bolsonaro ter tido alta, o médico-chefe da equipe cirúrgica do hospital, Cláudio Birolini, disse que a retirada em si da lesão teoricamente é curativa, não requerendo tratamentos mais invasivos como quimioterapia e radioterapia.
Segundo Birolini, desde abril havia a suspeita de câncer de pele no ex-presidente, mas na ocasião optou-se por não fazer o procedimento. Naquele momento ele fez sua mais recente e mais longa cirurgia abdominal.
Segundo o médico, foram retiradas no domingo oito lesões, sendo sete suspeitas e em duas delas foram confirmadas, após avaliação por laudo, a presença desse tipo de carcinoma. Esse tipo de câncer foi removido no braço e na parte anterior do tórax, acrescentou.
O profissional afirmou que o diagnóstico do câncer de pele foi revelado nesta quarta ao ex-presidente.
Birolini disse ainda que Bolsonaro não precisará ir ao hospital para retirar os pontos das lesões removidas, podendo fazer isso em casa. Ele acrescentou que o ex-presidente tem outras lesões de pele e que por ter tomado sol sem muita proteção toda a vida precisa ser avaliado periodicamente.
'Se não operar esse tipo de lesão é uma sentença de morte', ressalvou o médico.
Bolsonaro, que havia sido liberado do hospital no próprio domingo, voltou na terça-feira após passar mal durante a tarde, apresentando quadro de vômitos, queda de pressão e quase desmaio e foi levado ao hospital para avaliação.
Ele recebeu alta com a melhora dos sintomas e da função renal após hidratação e tratamento medicamentoso por via endovenosa, segundo o boletim.
O médico do ex-presidente afirmou que Bolsonaro continua tendo soluços e teve um episódio de vômito reflexo na véspera.
'Não posso afirmar que é consequência da facada, mas está tudo junto', disse ele, em referência ao atentado que ele sofreu na campanha eleitoral de 2018. 'Ele já tinha queixa de soluço quando era deputado', destacou.
Após a alta, o ex-presidente retornou à sua residência, em que está desde o início do mês passado em prisão domiciliar por ter descumprido medidas cautelares impostas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes em investigação a que ele responde por ataques à soberania e por tentativa de interferir no processo por tentativa de golpe de Estado.
Na semana passada, Bolsonaro foi condenado pela Primeira Turma do STF a 27 anos e 3 meses de prisão nesse processo. Essa decisão ainda está na fase de recurso. Aliados do ex-presidente tentam evitar que ele efetivamente vá para a prisão ao articularem no Congresso Nacional a aprovação de uma proposta de anistia que poderia abranger os réus condenados na semana passada assim como outros envolvidos em crimes ligados aos ataques de 8 de janeiro.
(Reportagem adicional de Fernando Cardoso, em São Paulo)
Reuters

