Brasil e México pedem redução da escalada conforme EUA aumentam pressão sobre Venezuela
Brasil e México pedem redução da escalada conforme EUA aumentam pressão sobre Venezuela
Reuters
17/12/2025
Por Raul Cortes e Aida Pelaez-Fernandez
CIDADE DO MÉXICO/SÃO PAULO, 17 Dez (Reuters) - Os presidentes dos dois maiores países da América Latina pediram nesta quarta-feira moderação diante da escalada das ações dos Estados Unidos em relação à Venezuela.
Na terça-feira, o presidente dos EUA, Donald Trump, ordenou o bloqueio de todos os navios petroleiros sob sanções que entram e saem da Venezuela, uma medida que o governo do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, chamou de 'ameaça grotesca'.
O governo Trump deslocou milhares de militares e quase uma dúzia de navios de guerra -- incluindo um porta-aviões -- para a região, aumentando as tensões. O governo Maduro rejeita as medidas de Trump e alega que os EUA pretendem controlar as vastas reservas de petróleo da Venezuela.
SHEINBAUM PEDE AÇÃO DA ONU
A presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, em sua coletiva de imprensa matinal, pediu diálogo e solicitou à Organização das Nações Unidas que agisse para evitar a violência na Venezuela.
'Peço às Nações Unidas que cumpram seu papel. Ela não tem estado presente. Ela deve assumir seu papel para evitar qualquer derramamento de sangue', disse ela, reiterando a posição do México de ser contra a intervenção e a interferência estrangeira na Venezuela.
Sheinbaum também ofereceu o México como anfitrião para quaisquer negociações ou reuniões em potencial entre os dois países.
'O mundo inteiro deve garantir que não haja intervenção e que haja uma solução pacífica', acrescentou.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também pediu paz na região.
'Estou preocupado com a América Latina. Estou preocupado com as atitudes do presidente Trump com relação à América Latina, com as ameaças. Nós vamos ter que ficar muito atentos com essa questão', disse Lula em uma reunião ministerial, acrescentando que ele pediu diálogo entre Caracas e Washington em uma ligação com Trump neste mês.
'E é por isso que eu falei com o presidente Trump: 'o poder da palavra pode valer mais do que o poder da arma. Custa menos e demora menos se a gente tiver disposição de fazer', disse Lula.
'Eu disse ao Trump: 'se você tiver interesse de conversar com a Venezuela corretamente, nós temos como contribuir. Agora, é preciso ter vontade de conversar, é preciso ter paciência'.'
Lula e Sheinbaum fizeram os comentários horas antes de Trump se dirigir aos norte-americanos na noite desta quarta-feira, na Casa Branca.
Os dois presidentes de esquerda têm se envolvido de perto em negociações comerciais com o governo Trump, e ambos conseguiram um relacionamento relativamente positivo com o líder dos EUA.
Em uma declaração compartilhada por seu porta-voz na quarta-feira, o secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu a imediata redução das tensões entre os Estados Unidos e a Venezuela, solicitando que ambos os países 'honrem suas obrigações sob a lei internacional, incluindo a Carta da ONU e qualquer outra estrutura legal aplicável para salvaguardar a paz na região'.
(Reportagem de Aida Pelaez Fernandez, Raul Cortes Fernandes, Ana Isabel Martinez e Gabriel Araujo)
Reuters


