Camboja e Tailândia assinam cessar-fogo ampliado sob os olhos de Trump

Por Trevor Hunnicutt

KUALA LUMPUR (Reuters) - Os líderes da Tailândia e do Camboja assinaram um acordo de cessar-fogo reforçado neste domingo, na presença do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, cuja intervenção no feroz conflito de fronteira entre os dois países asiáticos lhe rendeu uma indicação ao Prêmio Nobel da Paz.

O acordo se baseia em uma trégua assinada há três meses, depois que Trump telefonou para os então líderes dos dois países, pedindo-lhes que acabassem com as hostilidades ou arriscassem que suas respectivas negociações comerciais com Washington fossem suspensas.

Os dois lados se culpam mutuamente por iniciar a troca de disparos de foguetes e de artilharia pesada que durou cinco dias, matando pelo menos 48 pessoas e deslocando temporariamente cerca de 300.000 pessoas nos piores combates entre os dois países na história recente.

Trump tem se apresentado como um pacificador global durante seu segundo mandato e sua decisão de apoiar os esforços de mediação do primeiro-ministro da Malásia, Anwar Ibrahim, fez com que o primeiro-ministro do Camboja, Hun Manet, o indicasse para o Prêmio Nobel, elogiando seu 'extraordinário espírito de Estado'.

Em uma cerimônia durante uma cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean), em Kuala Lumpur, com um pano de fundo coberto com a insígnia dos EUA e as palavras 'Delivering Peace' (Entregando a Paz), Trump chamou os dois líderes de corajosos, acrescentando que a trégua que ele intermediou salvou 'milhões de vidas'.

'Devido ao forte compromisso dos Estados Unidos com a estabilidade e a paz nesta região e em todas as regiões onde podemos fazê-lo, meu governo começou imediatamente a trabalhar para evitar que o conflito aumentasse', disse Trump, descrevendo o acordo como um tratado de paz.

'Nós simplesmente fizemos o acordo e relatamos o acordo. Todos ficaram surpresos com o fato de termos feito isso tão rapidamente', disse ele, observando que a Organização das Nações Unidas (ONU) não estava envolvida.

As armas têm se mantido em grande parte silenciosas ao longo da fronteira, embora os dois lados tenham frequentemente acusado um ao outro de violações do cessar-fogo que o acordo aprimorado busca evitar.

Os dois países, em uma declaração conjunta, comprometeram-se a estabelecer uma equipe de observadores da Asean, a reduzir a escalada militar e a retirar as armas pesadas da área de fronteira, com a Tailândia concordando em libertar 18 prisioneiros de guerra cambojanos se as medidas forem implementadas.

Eles também concordaram em coordenar a remoção de minas terrestres, que foram o estopim da luta depois que um soldado tailandês foi mutilado durante uma patrulha de fronteira. A Tailândia acusou o Camboja, um dos países com mais marcas de minas terrestres do mundo, de colocar novas munições, o que o país nega.

'Essa declaração reflete nossa vontade de resolver as diferenças pacificamente, com total respeito à soberania e à integridade territorial', disse o primeiro-ministro tailandês, Anutin Charnvirakul .

Hun Manet disse que isso mostra que os conflitos devem ser resolvidos pacificamente, 'não importa quão difícil ou complexa seja a nossa disputa'.

(Reportagem de Trevor Hunnicutt; Reportagem adicional de Rozanna Latiff e Mikhail Flores, em Manila)