Cirurgia de Bolsonaro foi satisfatória e primeiras 48 horas são críticas, diz médico
Publicada em
Atualizada em
SÃO PAULO (Reuters) -O resultado da cirurgia abdominal de cerca de 12 horas realizada no ex-presidente Jair Bolsonaro no domingo para tratar de aderências intestinais foi bastante satisfatório e as primeiras 48 horas após a operação serão críticas, disse o chefe da equipe que operou o ex-presidente, acrescentando que Bolsonaro permanecerá na UTI até apresentar uma melhora significativa.
Em entrevista coletiva no hospital DF Star, onde Bolsonaro foi operado, o médico Cláudio Birolini disse que a cirurgia de Bolsonaro foi complexa e delicada devido às operações anteriores na mesma região nos últimos anos, após ele ter levado uma facada no abdome em setembro de 2018 durante evento da campanha eleitoral daquele ano em Juiz de Fora (MG).
O médico disse ainda que o ex-presidente deve passar duas semanas internado, permanecendo na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) enquanto não apresentar uma melhora evidente.
'Ele vai ficar na UTI, não vamos tirá-lo de lá enquanto ele não estiver bastante recuperado dessa questão. Para que não fique nenhum equívoco, ele está na UTI e vai ser mantido lá', disse. Segundo Birolini, Bolsonaro estava acordado, conversando e até fazendo piadas com a equipe médica.
O ex-presidente, de 70 anos, foi hospitalizado após sentir fortes dores abdominais na sexta-feira durante visita à cidade de Santa Cruz, no interior do Rio Grande do Norte. No sábado, ele foi transferido por UTI aérea para Brasília.
'A situação do ex-presidente era um abdome hostil, múltiplas cirurgias prévias, aderências causando um quadro de obstrução intestinal e uma parede abdominal bastante danificada em função da facada, das cirurgias prévias. Isso já nos antecipava o fato de que seria bastante complexo e trabalhoso”, acrescentou o médico.
Em texto publicado na rede social X também nesta segunda-feira, Bolsonaro disse que está se recuperando de mais uma cirurgia relacionada à facada de 2018.
'Segundo os médicos, meu estado de saúde é estável, mas a recuperação exige cuidados intensivos e será gradual. Essa foi a sexta cirurgia relacionada ao atentado que sofri em 2018, e já é a nona vez que preciso ser internado por complicações decorrentes daquele episódio. No momento, ainda não há previsão para minha alta', afirmou.
No mês passado, o ex-presidente se tornou réu perante o Supremo Tribunal Federal (STF) acusado de ter liderado uma tentativa de golpe de Estado após ser derrotado na eleição presidencial de 2022.
A denúncia posiciona Bolsonaro como líder de uma organização criminosa que agiu para contrariar o resultado das urnas após a derrota do então presidente para o agora presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Bolsonaro nega qualquer irregularidade e chamou o processo de um exemplo de 'claro ativismo judicial da esquerda' contra líderes conservadores como ele e a francesa Marine Le Pen.
Além dessa e de outros processos que ainda enfrenta no STF, Bolsonaro também está inelegível até 2030 por conta de duas condenações no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por abuso de poder político na campanha eleitoral de 2022.
Antes da hospitalização ele vinha fazendo campanha pelo país para que o Congresso aprove um projeto de lei de anistia para seus apoiadores condenados por terem invadido e depredado as sedes dos Três Poderes em Brasília depois que ele perdeu a eleição.
(Por Eduardo Simões, em São PauloReportagem adicional de Débora OliveiraEdição de Pedro Fonseca)
Escrito por Reuters
SALA DE BATE PAPO