Com Xi ao lado, Putin celebra vitória na 2ª Guerra Mundial enquanto guerra na Ucrânia continua
Com Xi ao lado, Putin celebra vitória na 2ª Guerra Mundial enquanto guerra na Ucrânia continua
Reuters
09/05/2025
Por Dmitry Antonov e Guy Faulconbridge
MOSCOU (Reuters) - A Rússia comemorou o 80º aniversário da vitória da União Soviética sobre a Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial, nesta sexta-feira, com um grande desfile militar que ocorreu sem nenhum relato de ataques ucranianos, apesar de três anos de guerra devastadora.
O presidente Vladimir Putin, o mais antigo chefe do Kremlin desde Josef Stalin, ficou ao lado do chinês Xi Jinping, várias dezenas de outros líderes e veteranos russos em uma tribuna coberta ao lado do mausoléu de Lenin, enquanto as tropas russas marchavam.
Putin disse que a Rússia jamais aceitará tentativas de menosprezar o papel decisivo da União Soviética na derrota da Alemanha nazista, mas que Moscou também reconhece o papel desempenhado pelos aliados ocidentais na derrota de Adolf Hitler.
'A União Soviética tomou para si os golpes mais ferozes e impiedosos do inimigo', afirmou Putin.
'Apreciamos muito a contribuição dos soldados dos exércitos aliados, dos membros da resistência, do corajoso povo da China e de todos aqueles que lutaram por um futuro pacífico em nossa disputa comum.'
Putin não fez crítica ao Ocidente e se referiu apenas de passagem à guerra da Ucrânia, a mais mortal da Europa desde a Segunda Guerra Mundial, mas ela assombrou a comemoração.
Mais de 11.500 soldados foram alinhados em fileiras na Praça Vermelha, incluindo 1.500 que lutaram na Ucrânia. Drones -- a maior inovação tecnológica da guerra -- foram exibidos pela primeira vez, assim como tanques e mísseis Yars intercontinentais capazes de carregar ogivas nucleares.
A Ucrânia atacou Moscou com drones por vários dias nesta semana, embora não tenha havido relatos de grandes ataques a Moscou nesta sexta-feira, em meio a um cessar-fogo de 72 horas declarado por Putin.
A União Soviética perdeu 27 milhões de pessoas na Segunda Guerra Mundial, incluindo muitos milhões na Ucrânia, mas empurrou as forças nazistas de volta para Berlim, onde Hitler cometeu suicídio e a bandeira vermelha da vitória soviética foi erguida sobre o Reichstag em 1945.
Os historiadores do Partido Comunista Chinês dizem que as baixas da China na Segunda Guerra Sino-Japonesa de 1937-1945 foram de 35 milhões. A ocupação japonesa causou o deslocamento de cerca de 100 milhões de chineses e dificuldades econômicas significativas, bem como o Massacre de Nanjing de 1937, durante o qual cerca de 100.000 a 300.000 vítimas foram mortas.
Moscou e Kiev não publicam números precisos de vítimas da guerra na Ucrânia, embora o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que diz querer a paz, afirme que centenas de milhares de soldados de ambos os lados foram mortos e feridos.
DESFILE EM MOSCOU
A rendição incondicional da Alemanha nazista entrou em vigor às 23h01 de 8 de maio de 1945, marcado como o 'Dia da Vitória na Europa' por Reino Unido, Estados Unidos e França. Em Moscou, já era 9 de maio, que se tornou o 'Dia da Vitória' da União Soviética no que os russos chamam de Grande Guerra Patriótica de 1941-45.
Para os russos -- e para muitos dos povos da antiga União Soviética -- o dia 9 de maio é a data mais sagrada do calendário, e Putin tem procurado usar as lembranças da Segunda Guerra Mundial para unir a sociedade russa, especialmente em meio à guerra na Ucrânia.
O Kremlin diz que o comparecimento de aliados russos como Xi, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e várias dezenas de líderes da ex-União Soviética, África, Ásia e América Latina mostra que a Rússia não está isolada, mesmo que os antigos aliados ocidentais de Moscou da Segunda Guerra Mundial queiram se manter afastados.
As tropas chinesas participaram do desfile, e Putin apertou a mão de oficiais norte-coreanos, elogiando-os por sua habilidade de combate. As tropas norte-coreanas ajudaram a Rússia a combater uma incursão na região de Kursk pelas forças ucranianas que buscam uma moeda de troca em qualquer negociação de paz.
Em Kiev, o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy pediu aos aliados que o ajudem a resistir à Rússia, que agora controla cerca de um quinto da Ucrânia.
'O mal não pode ser apaziguado. Ele deve ser combatido', disse Zelenskiy, de acordo com o Kiev Post. Ele criticou o desfile do Dia da Vitória de Moscou. 'Será um desfile de cinismo. Não há outra maneira de descrevê-lo.'
(Reportagem de Dmitry Antonov em Moscou e Guy Faulconbridge em Londres; reportagem adicional de Vladimir Soldatkin, Maxim Rodionov, Anton Kolodazhnyy, Filip Lebedev, Mark Trevelyan e Andrew Osborn)
Reuters

