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COMO FUNCIONAM OS RASTREAMENTOS GENEALÓGICOS MODERNOS

O TEMA NUNCA ESTEVE TÃO EM ALTA DESDE QUE UMA INVESTIGAÇÃO REVELOU UM ANCESTRAL COMUM ENTRE O PAPA LEÃO XIV E DIVERSAS CELEBRIDADES

João Carlos

18/06/2025

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Crédito da imagem: Rádio Antena 1

A busca por nossas origens nunca esteve tão em alta — e o assunto voltou a ganhar força após a publicação de uma investigação genealógica conduzida pelo historiador Henry Louis Gates Jr., em parceria com os grupos American Ancestors e Cuban Genealogy Club de Miami, e publicada pelo The New York Times. O estudo identificou um ancestral comum entre o papa Leão XIV e celebridades como Madonna, Justin Bieber, Angelina Jolie, Hillary Clinton e Pierre Trudeau, entre outros.

Mas afinal, como funcionam os rastreamentos genealógicos modernos que permitem esse tipo de descoberta com precisão impressionante?

O que está por trás da genealogia genética

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Atualmente, as investigações familiares combinam duas frentes principais:

  • pesquisa documental, baseada em registros civis, eclesiásticos e censitários;
  • tecnologia de análise de DNA, que mapeia conexões entre milhões de perfis em bancos de dados globais.

Os testes mais comuns utilizados são:

  • DNA autossômico: compara trechos genéticos com um grande número de indivíduos, útil para descobrir parentes até primos de 5º grau;
  • DNA mitocondrial (mtDNA): traça a linhagem materna, herdada exclusivamente das mães;
  • DNA do cromossomo Y: permite identificar a linha paterna direta (apenas para homens).

Esses dados são processados por algoritmos que identificam segmentos de DNA compartilhados, permitindo recriar árvores genealógicas e identificar ancestrais em comum mesmo após séculos de dispersão geográfica.

Quem procura esse tipo de serviço?

O público interessado em genealogia cresceu exponencialmente nos últimos anos. Entre os perfis mais comuns, estão:

  • Pessoas que desejam entender suas raízes étnicas e geográficas;
  • Descendentes de imigrantes em busca de conexões com terras de origem;
  • Pessoas adotadas ou com lacunas familiares que buscam reconstruir sua história;
  • Genealogistas profissionais e historiadores em pesquisas especializadas;
  • E, cada vez mais, celebridades ou programas de TV que exploram essas descobertas como conteúdo cultural.

Além da curiosidade pessoal, muitos veem nos testes uma forma de afirmação identitária, conexão intergeracional ou até mesmo reconhecimento de cidadania.

As empresas líderes na genealogia genética

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O avanço e a popularização dos testes de ancestralidade foram impulsionados por grandes empresas do setor, entre elas:

  • AncestryDNA: possui o maior banco genético do mundo, com mais de 22 milhões de usuários;
  • 23andMe: oferece não só ancestralidade, mas também análise genética voltada à saúde;
  • MyHeritage DNA: muito usada na Europa e América Latina, com foco em heranças regionais;
  • FamilyTreeDNA: referência em testes de Y-DNA e mtDNA, usados em estudos históricos e forenses.

A empresa American Ancestors, uma das responsáveis pela investigação divulgada no New York Times, é o braço da New England Historic Genealogical Society, fundada em 1845, com reputação consolidada em pesquisas documentais e análise genealógica avançada.

O caso do papa e a força da ancestralidade

O estudo liderado por Gates Jr., no programa Finding Your Roots (da emissora PBS), revelou que o papa Leão XIV descende de Louis Boucher de Grandpré, um canadense nascido em Trois-Rivières, no Quebec. A partir desse ancestral, é possível traçar os vínculos com diversas figuras públicas de origem franco-canadense — como Madonna, Justin Bieber, Angelina Jolie, Hillary Clinton, Justin Trudeau e até o escritor Jack Kerouac.

Embora o grau de parentesco seja distante, o estudo comprova como um mesmo tronco genealógico pode conectar pessoas separadas por séculos e continentes — um dos aspectos mais fascinantes da genealogia moderna.

Genealogia e o elo entre fé, ciência e cultura pop

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Se antes a genealogia era um campo reservado a historiadores, nobres e estudiosos de arquivos, hoje ela se consolida como uma ferramenta científica acessível, uma tendência cultural e um fenômeno midiático. A popularização de programas como Finding Your Roots e o envolvimento de celebridades e figuras públicas aumentaram exponencialmente o interesse do público por suas raízes genéticas e histórias familiares.

O caso recente que liga o papa Leão XIV a artistas como Madonna, Justin Bieber e até a família Trudeau, por meio de um ancestral franco-canadense, evidencia algo ainda mais profundo: o encontro simbólico — e factual — entre duas forças que pareciam opostas, a espiritualidade institucional e a cultura pop globalizada.

Mais do que uma curiosidade, esse cruzamento revela um ponto de inflexão entre fé, entretenimento e ciência. Quando a árvore genealógica de um líder religioso se entrelaça com nomes da indústria cultural e política contemporânea, a fronteira entre esferas antes isoladas se dissolve — e abre espaço para novas narrativas sobre identidade, pertencimento e memória coletiva.

Esse fenômeno só é possível graças ao avanço vertiginoso da tecnologia, da biotecnologia e da aplicação de inteligência artificial em grandes bancos de dados genéticos. Plataformas capazes de cruzar milhões de registros históricos e genomas em poucos segundos criam mapas de parentesco globais, antes impensáveis.

Neste contexto, torna-se impossível prever os desdobramentos desse cruzamento eclético de interesses. A genealogia contemporânea já não é apenas uma ciência do passado, mas um instrumento poderoso para reimaginar o presente e antecipar o futuro. E talvez, como mostra o caso do papa, seja também uma ponte simbólica entre mundos — entre a fé e o algoritmo, o altar e o palco, a história e a hereditariedade.

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