Conflito impulsiona aumento de mortes maternas em Darfur do Sul, no Sudão, diz Médicos Sem Fronteiras
Conflito impulsiona aumento de mortes maternas em Darfur do Sul, no Sudão, diz Médicos Sem Fronteiras
Reuters
25/09/2024
(Reuters) - Mulheres grávidas, mães e bebês recém-nascidos estão morrendo a uma taxa chocante na região de Darfur do Sul, no Sudão, e milhares de crianças desnutridas estão à beira da inanição, disse a organização médica beneficente Médicos Sem Fronteiras (MSF) nesta quarta-feira.
A crise de saúde no sul de Darfur é uma das piores de seu tipo em todo o mundo e está sendo impulsionada pelo conflito entre facções militares que eclodiu em abril do ano passado, disse o MSF em um relatório.
'A situação em Darfur do Sul é um retrato do que provavelmente está se desdobrando em proporções terríveis em áreas isoladas e devastadas pela guerra no Sudão', disse o relatório.
O MSF disse ter registrado 46 mortes maternas em dois hospitais de Darfur do Sul que a instituição de caridade apoia de janeiro a agosto, e 48 mortes de recém-nascidos por sepse nos mesmos hospitais de janeiro a junho.
Cerca de um terço das crianças com menos de dois anos examinadas em Darfur do Sul em agosto estavam com desnutrição aguda, mais do que o dobro do limite de emergência da Organização Mundial da Saúde (OMS), segundo a instituição. Mais de 8% sofriam de desnutrição aguda grave, uma causa comum de morte.
'Várias emergências de saúde estão ocorrendo simultaneamente sem quase nenhuma resposta internacional da ONU e de outras organizações', disse a médica Gillian Burkhardt, gerente de saúde sexual e reprodutiva do MSF em Darfur do Sul, em um comunicado.
'Bebês recém-nascidos, mulheres grávidas e novas mães estão morrendo em números chocantes.'
O relatório disse que o conflito e o deslocamento estavam forçando as mulheres a dar à luz em condições insalubres em áreas onde não tinham acesso a cuidados de saúde e medicamentos.
MSF QUER AÇÃO DECISIVA
Darfur do Sul abriga o maior número de pessoas deslocadas no Sudão, de acordo com a Agência Internacional de Migração. A capital do Estado, Nyala, a segunda maior cidade do Sudão, costumava ser um centro de ajuda para a região, mas a maioria das organizações humanitárias foi embora. O grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF) assumiu o controle da cidade no último mês de outubro.
O MSF cobrou que a ONU 'aja de forma decisiva para evitar mais perdas de vidas em Darfur'.
A ONU, que está organizando uma reunião ministerial com os principais doadores e potências regionais nesta quarta-feira sobre o 'custo da inação' no Sudão, diz que o subfinanciamento, a insegurança e acesso restrito prejudicaram os esforços de ajuda.
A guerra entre o Exército do Sudão e as Forças de Apoio Rápido (RSF) forçou mais de 10 milhões de pessoas a fugirem de suas casas, deixou grande parte da capital devastada pelos combates e desencadeou ondas de violência étnica em Darfur.
Um monitor global da fome emitiu uma rara confirmação de fome no campo de Zamzam, no norte de Darfur, para pessoas deslocadas, e alertou que 13 outros locais no Sudão correm risco de fome.
(Reportagem de Maggie Michael e Aidan Lewis)
Reuters