Conselho aponta aparente falta de parafusos em parte da fuselagem que soltou de avião da Boeing
Conselho aponta aparente falta de parafusos em parte da fuselagem que soltou de avião da Boeing
Reuters
06/02/2024
Por David Shepardson
WASHINGTON (Reuters) - A parte da fuselagem que se desprendeu de um avião Boeing 737 MAX 9 em pleno voo em 5 de janeiro estava aparentemente sem quatro parafusos essenciais, informou relatório preliminar de investigadores norte-americanos, fornecendo a primeira visão oficial de como o incidente ocorreu.
Parlamentares e passageiros estão desesperados por respostas sobre o que ocorreu para a parte da fuselagem de um avião novo operado pela Alaska Airlines ser arrancada, incidente que se transformou em uma ampla crise de segurança e reputação para a Boeing.
Evidências fotográficas divulgadas nesta terça-feira mostram que faltavam parafusos no tampão do painel, que havia sido retirado para consertar rebites danificados no processo de produção, apontou o relatório independente do Conselho Nacional de Segurança nos Transportes dos Estados Unidos (NTSB, na sigla em inglês).
'A investigação continua para determinar quais documentos de produção foram usados para autorizar a abertura e o fechamento do tampão durante o trabalho com os rebites', disse o relatório.
Após o ocorrido, a Administração de Aviação Federal dos EUA (FAA, na sigla em inglês) determinou que 171 aviões Boeing 737 MAX 9 ficassem em terra para inspeções, a maioria operada pelas companhias norte-americanas United Airlines e Alaska Airlines . As aeronaves foram liberadas para voltar ao serviço aéreo no final de janeiro.
O presidente e CEO da Boeing, Dave Calhoun, disse nesta terça-feira que 'quaisquer que sejam as conclusões finais, a Boeing é responsável pelo que aconteceu'.
'Um evento como esse não pode ocorrer em um avião que sai de nossa fábrica', afirmou.
A Boeing acrescentou que 'implementou um plano de controle para garantir que todos os tampões da porta de saída intermediária do 737-9 sejam instalados de acordo com as especificações'.
O NTSB tem se concentrado em como o painel -- instalado nesse modelo MAX 9 no lugar de uma saída opcional -- se soltou do avião. O tampão é preso por quatro parafusos e, em seguida, fixado por acessórios em 12 locais diferentes ao longo de sua lateral e da estrutura da porta.
O NTSB não recuperou os parafusos no local e realizou testes e análises abrangentes para determinar se eles estavam presentes antes do acidente ou se foram arrancados durante o incidente.
Todos os 12 acessórios foram desengatados durante o evento, informou o NTSB em janeiro.
O tampão foi fabricado pela Spirit AeroSystems, antiga subsidiária da Boeing separada de sua controladora em 2005. A peça foi produzida em suas instalações na Malásia e entregue às instalações da Spirit em Wichita, Kansas, em maio de 2023.
O tampão em questão chegou à fábrica da Boeing em Renton, Washington, em 31 de agosto. Um registro de 1º de setembro mostrou danos aos rebites na estrutura do tampão, segundo o relatório do NTSB. Quatro parafusos tiveram de ser removidos para reparar o dano, e uma foto no relatório mostra três locais visíveis onde os parafusos estão faltando, com o quarto local coberto por isolamento.
'A documentação fotográfica obtida da Boeing mostra evidências de que o tampão MED esquerdo foi fechado sem nenhum dispositivo de retenção (parafusos) nos três locais visíveis', diz o relatório. MED é a abreviação para porta de saída intermediária em inglês.
Tanto a United Airlines quanto a Alaska Airlines disseram, nos dias seguintes ao incidente, que haviam encontrado peças soltas em várias aeronaves MAX 9 em terra.
A FAA adotou uma linha mais dura do que no passado com a Boeing. No final de janeiro, proibiu a Boeing de expandir a produção de seus aviões 737 MAX devido aos problemas de qualidade. Isso significa que ela pode continuar produzindo jatos MAX no ritmo atual, mas não pode aumentá-lo.
'Certamente concordo que o sistema atual não está funcionando, pois não está fornecendo aeronaves seguras', disse o administrador da FAA, Mike Whitaker, a parlamentares nesta terça-feira.
'Portanto, temos que fazer mudanças nisso.'
(Reportagem de David Shepardson em Washington)
Reuters