Contraceptivos para países mais pobres estão travados em depósitos após cortes na ajuda dos EUA
Contraceptivos para países mais pobres estão travados em depósitos após cortes na ajuda dos EUA
Reuters
06/06/2025
Por Jennifer Rigby
LONDRES (Reuters) - Contraceptivos que poderiam ajudar a evitar milhões de gravidez indesejada em alguns dos países mais pobres do mundo estão presos em depósitos devido aos cortes de ajuda dos EUA e podem ser destruídos, disseram duas fontes do setor de ajuda e um ex-funcionário do governo.
O estoque, mantido na Bélgica e em Dubai, inclui preservativos, implantes contraceptivos, pílulas e dispositivos intrauterinos, que juntos valem cerca de US$11 milhões, disseram as fontes à Reuters.
Está parado desde que o governo Trump começou a cortar a ajuda externa como parte de sua política 'America First' em fevereiro, uma vez que o governo dos EUA não quer mais doar os contraceptivos ou pagar os custos de entrega, segundo elas.
Em vez disso, a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid) pediu à empresa contratada que gerencia sua cadeia logística de saúde, a Chemonics, que tentasse vendê-los, disseram duas das fontes.
Um memorando interno da Usaid, enviado em abril, dizia que uma quantidade de contraceptivos estava sendo mantida em depósitos e que deveria ser 'transferida imediatamente para outra entidade para evitar desperdício ou custos adicionais'.
Um funcionário sênior do Departamento de Estado dos EUA disse à Reuters que nenhuma decisão havia sido tomada sobre o futuro dos contraceptivos. Eles não responderam a perguntas sobre os motivos pelos quais os contraceptivos estavam armazenados ou sobre o impacto dos cortes e atrasos na ajuda dos EUA.
Um porta-voz da Chemonics afirmou que não poderia comentar sobre os planos da Usaid, mas acrescentou que a empresa está trabalhando com clientes para fornecer ajuda que salva vidas em todo o mundo e que continuaria a apoiar as prioridades da cadeia logística de saúde global do governo dos EUA.
O estoque representa pouco menos de 20% do suprimento de contraceptivos comprados anualmente pelos EUA para doação no exterior, disse um ex-funcionário da Usaid à Reuters.
Vender ou doar os contraceptivos tem se mostrado desafiador, de acordo com o ex-funcionário da Usaid, embora as negociações estejam em andamento. Outra opção em pauta é a destruição, a um custo de várias centenas de milhares de dólares. Com o passar do tempo, a validade também se tornará um problema, declarou uma das fontes.
As fontes disseram à Reuters que um dos principais entraves é a falta de resposta do governo dos EUA sobre o que deve ser feito com o estoque.
Esse estoque era destinado, em grande parte, a mulheres vulneráveis na África Subsaariana, incluindo meninas jovens que enfrentam riscos maiores à saúde devido à gravidez precoce, bem como àquelas que fogem de conflitos ou que, de outra forma, não poderiam pagar ou ter acesso aos contraceptivos, acrescentaram as fontes.
Reuters