Crescimento do crédito no Brasil tem sinais leves de desaceleração no 1º tri, diz ata do Comef
Crescimento do crédito no Brasil tem sinais leves de desaceleração no 1º tri, diz ata do Comef
Reuters
04/06/2025
SÃO PAULO (Reuters) - O Comitê de Estabilidade Financeira do Banco Central (Comef) apontou que o crescimento do crédito no Brasil mostrou sinais leves de desaceleração no primeiro trimestre de 2025, tanto no sistema financeiro quanto no mercado de capitais, de acordo com a ata da mais recente reunião do grupo, em 27 e 28 de maio.
No documento divulgado nesta quarta-feira, o Comef observou, por outro lado, que o ritmo de crescimento do crédito amplo segue 'historicamente elevado', apesar de condições restritivas, que incluem a taxa básica de juros alta e o elevado endividamento de famílias e empresas.
Segundo o Comef, esse ritmo de crescimento acompanha a atual resiliência da atividade econômica.
'Apesar da leve desaceleração na margem, o crédito amplo continua com forte crescimento, em um ambiente marcado por elevação da taxa básica de juros e alto endividamento de famílias e empresas', disse o Comef na ata da reunião.
No mês passado, o Comitê de Política Monetária do BC (Copom) elevou a taxa Selic em 0,5 ponto percentual, para 14,75% ao ano, deixando o movimento da reunião deste mês em aberto.
O Comef destacou que a desaceleração no primeiro trimestre pode ser observada, entre pessoas físicas, no crédito não consignado e no financiamento de veículos, com uma queda 'mais forte' no crédito rural.
Já em relação às pessoas jurídicas, houve estabilidade no ritmo de crescimento do crédito bancário, após a aceleração vista em 2024.
Sobre os riscos ao cenário de crédito, o Comef relatou que a materialização de risco para micro e pequenas empresas segue elevada, enquanto para as famílias notou-se que as modalidades de crédito de maior risco continuam crescendo em ritmo maior que as modalidades de menor risco.
'O comprometimento de renda e o endividamento das famílias permanecem elevados e em trajetória ascendente, especialmente entre as faixas de menor renda', completou o Comitê.
Por fim, o Comef indicou como outro ponto de atenção os riscos no cenário global, que podem provocar a reprecificação de ativos, com agravamento das incertezas sobre o ritmo da atividade, da extensão dos juros elevados, da sustentabilidade fiscal, das políticas comerciais e dos eventos geopolíticos.
'O Comitê está atento à evolução dos cenários doméstico e internacional e segue preparado para atuar, de forma a minimizar eventual contaminação desproporcional sobre os preços dos ativos locais.'
(Por Fernando Cardoso)
Reuters