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Economia do Brasil desacelera no 2º tri em meio a juros elevados

Economia do Brasil desacelera no 2º tri em meio a juros elevados

Reuters

02/09/2025

Placeholder - loading - Fábrica da Scania em São Bernardo do Campo, São Paulo 19/05/2025. REUTERS/Jorge Silva
Fábrica da Scania em São Bernardo do Campo, São Paulo 19/05/2025. REUTERS/Jorge Silva

Atualizada em  02/09/2025

Por Camila Moreira

SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) - A atividade econômica do Brasil cresceu 0,4% no segundo trimestre sobre os primeiros três meses do ano, em dado ligeiramente acima do esperado mas que confirma as expectativas de enfraquecimento em meio à política monetária restritiva e antes do tarifaço dos Estados Unidos.

Do lado da produção, o desaquecimento refletiu uma esperada retração do setor agropecuário, mostraram os dados divulgados nesta terça-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Do lado da demanda, o consumo das famílias cresceu novamente, embora tenha perdido força, enquanto o investimento voltou a registrar retração, refletindo um cenário doméstico ainda aquecido, mas em processo de desaceleração.

O resultado do Produto Interno Bruto (PIB) no período de abril a junho já marca uma forte desaceleração ante a expansão de 1,3% no primeiro trimestre, em dado revisado de 1,4% informado antes.

Ainda assim, o dado superou a expectativa em pesquisa da Reuters de expansão de 0,3% e, segundo o IBGE, levou o PIB a atingir o maior patamar da série histórica, iniciada em 1996.

Na comparação com o segundo trimestre de 2024, o PIB teve avanço de 2,2%, em linha com a expectativa na pesquisa nessa base de comparação.

'O efeito mais forte negativo sobre o PIB veio da política monetária, há uma clara desaceleração e isso tem a ver com juros mais altos', disse a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis.

O enfraquecimento da economia no segundo trimestre já era esperado diante da política monetária restritiva, que inibe o crédito e o consumo. Por outro lado, o mercado de trabalho segue aquecido e deve continuar dando algum suporte à demanda.

O impulso dado pela agropecuária no início do ano se dissipou e o setor registrou no segundo trimestre retração de 0,1%, após crescer 12,3% nos três primeiros meses com uma safra recorde de soja.

Ainda no lado da produção, o setor de serviços -- que responde por cerca de 70% da economia do país -- seguiu mostrando resiliência com alta de 0,6%, acima dos 0,4% do primeiro trimestre.

A indústria, por sua vez, saiu de uma estagnação nos três primeiros meses do ano para crescer 0,5% de abril a junho, com destaque para o crescimento de 5,4% na atividade Indústrias Extrativas, enquanto as indústrias de Transformação e Construção foram afetadas pelos juros elevados.

A expectativa dos economistas é que política monetária restritiva siga impactando a atividade econômica no restante do ano, em linha com a necessidade do Banco Central de estabilizar os preços e as expectativas de inflação. Com a Selic em 15%, o BC já antecipou manutenção da taxa em patamar restritivo por período prolongado. Ainda assim, o mercado de trabalho robusto e o crescimento da renda devem evitar uma desaceleração mais profunda.

CONSUMO

Do lado da demanda, o consumo das famílias aumentou 0,5% no segundo trimestre, perdendo força ante a alta de 1,0% no período anterior em meio às restrições de crédito.

O consumo do governo caiu 0,6%, enquanto a Formação Bruta de Capital Fixo, uma medida de investimento, teve retração de 2,2%, depois de ter expandido 3,2% no primeiro trimestre.

No setor externo, as exportações de bens e serviços aumentaram 0,7%, enquanto as importações diminuíram 2,9%.

O segundo semestre, entretanto, será marcado pelas incertezas em torno da tarifa de 50% adotada pelos Estados Unidos sobre os produtos brasileiros, em vigor desde o início de agosto.

A taxa vale para uma série de produtos exportados aos EUA que representam cerca de 36% das vendas do Brasil ao país norte-americano, incluindo carne, café, frutas e calçados. Economistas e autoridades, entretanto, avaliam que o tarifaço não deve desestabilizar a economia do país, graças às amplas exceções à taxação e ao fortalecimento das relações comerciais com a China.

'O tarifaço terá efeito sobre a economia e a exportação pesa 18%. Não seriam todas as exportações a serem afetadas e os EUA não são nosso principal parceiro comercial, mas haverá efeito', afirmou Palis.

Com dificuldades para manter diálogo com os EUA, o governo brasileiro anunciou um plano de ações para apoiar setores afetados pelo tarifaço, incluindo crédito, prorrogações de tributos, estímulo à exportação e compras governamentais.

O presidente do BC, Gabriel Galípolo, já chamou atenção para uma visão crescente entre economistas de que a alíquota elevada impõe risco de desaceleração da atividade no Brasil.

Reuters

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