Crise se agrava em áreas críticas do mundo com aumento do risco de fome, diz ONU
Crise se agrava em áreas críticas do mundo com aumento do risco de fome, diz ONU
Reuters
16/06/2025
ROMA (Reuters) - A fome extrema está se intensificando em 13 pontos críticos no mundo, com Gaza, Sudão, Sudão do Sul, Haiti e Mali sob risco imediato de fome sem intervenção humanitária urgente, alertou nesta segunda-feira um relatório conjunto das Nações Unidas.
O relatório 'Pontos críticos de fome', da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e do Programa Mundial de Alimentos (PMA), atribuiu conflitos, choques econômicos e riscos climáticos às condições nas áreas mais afetadas.
O relatório prevê crises alimentares nos próximos cinco meses e solicitou investimentos e ajuda para garantir a entrega da ajuda, que, conforme o documento, estava sendo prejudicada pela insegurança e pela falta de financiamento.
'Este relatório é um alerta vermelho. Sabemos onde a fome está aumentando e sabemos quem está em risco', disse a diretora executiva do PMA, Cindy McCain. 'Sem financiamento e acesso, não podemos salvar vidas.'
Para que a fome seja declarada, pelo menos 20% da população de uma área deve estar sofrendo extrema escassez de alimentos, com 30% das crianças gravemente desnutridas e duas pessoas em cada 10.000 morrendo diariamente de fome ou desnutrição e doenças.
No Sudão, onde a fome foi confirmada em 2024, espera-se que a crise persista devido ao conflito e ao deslocamento, com quase 25 milhões de pessoas em risco.
O Sudão do Sul, atingido por inundações e instabilidade política, pode ver até 7,7 milhões de pessoas em crise, com 63.000 em condições semelhantes à fome, segundo o relatório.
Em Gaza, as contínuas operações militares e o bloqueio de Israel deixaram toda a população de 2,1 milhões de pessoas enfrentando insegurança alimentar aguda, com quase meio milhão em risco de fome até o final de setembro, diz o relatório.
No Haiti, a crescente violência de gangues deslocou milhares de pessoas, com 8.400 já enfrentando fome catastrófica, enquanto no Mali o conflito e os altos preços dos grãos colocaram 2.600 pessoas em risco de fome até o final de agosto.
Outros países de grande preocupação são Iêmen, República Democrática do Congo, Mianmar e Nigéria.
'Proteger as fazendas e os animais das pessoas para garantir que elas possam continuar produzindo alimentos onde estão, mesmo nas condições mais difíceis e adversas, não é apenas urgente -- é essencial', disse o Diretor-Geral da FAO, Qu Dongyu.
Alguns países, como Etiópia, Quênia e Líbano, mostraram melhorias e foram removidos da lista de Pontos Críticos de Fome da FAO e do PMA.
(Reportagem de Gavin Jones)
Reuters