Cultivo de folha de coca atingiu em 2023 pico de duas décadas na Colômbia, diz ONU
Cultivo de folha de coca atingiu em 2023 pico de duas décadas na Colômbia, diz ONU
Reuters
18/10/2024
Por Luis Jaime Acosta
BOGOTÁ (Reuters) - As terras colombianas dedicadas ao cultivo da folha da coca, matéria-prima da cocaína, cresceram 10% no ano passado, chegando assim à maior área em mais de duas décadas, mostrou nesta sexta-feira um relatório do Gabinete das Nações Unidas para as Drogas e o Crime (UNODC).
Cerca de 253 mil hectares foram plantados com folha de coca em 2023, informou o relatório, contra 230 mil em 2022. Assim, a produção potencial de cocaína saltou 53%, para 2.644 toneladas, comparadas às 1.738 toneladas de um ano antes.
O cultivo em pequena escala da folha da coca — que geralmente é mascada para ganho energético ou como antídoto para altas altitudes — é legal em algumas comunidades indígenas da Colômbia.
O UNODC afirmou que a expansão estava ocorrendo majoritariamente nos departamentos de Cauca e Narino, no sudoeste do país, e que a área de cultivo está relativamente estável nas demais regiões.
As regiões com maior concentração são aquelas onde operam guerrilhas de esquerda e gangues criminosas fundadas por ex-paramilitares de extrema-direita.
Autoridades colombianas têm lutado por décadas para reduzir o tráfico de drogas, mas o país continua sendo um dos maiores produtores mundiais de cocaína. Os Estados Unidos pressionam a Colômbia há tempos para reduzir o cultivo da folha de coca.
Gustavo Petro, o primeiro presidente de esquerda do país, propôs acabar o que chama de estratégia militar falida antidrogas, com o intuito de tratar o uso como um problema de saúde pública.
A produção de cocaína na Colômbia, estrategicamente localizada entre os oceanos Atlântico e Pacífico, é controlada por grupos armados, e muitos consideram que o cultivo alimenta quase seis décadas de conflitos internos que já causaram a morte de mais de 450 mil pessoas.
(Reportagem de Luis Jaime Acosta)
Reuters