Dívida pública federal sobe 2,59% em agosto e Tesouro eleva projeção para estoque em 2025
Dívida pública federal sobe 2,59% em agosto e Tesouro eleva projeção para estoque em 2025
Reuters
30/09/2025
Atualizada em 30/09/2025
Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - A dívida pública federal subiu 2,59% em agosto ante julho, para R$8,145 trilhões, informou nesta terça-feira o Tesouro Nacional, que também elevou seu parâmetro para o estoque total da dívida no encerramento de 2025 citando um ambiente de maior demanda por títulos públicos federais.
Em agosto, a dívida pública mobiliária federal interna (DPMFi) somou R$7,845 trilhões, enquanto a dívida pública federal externa (DPFe) atingiu R$300,23 bilhões.
Conforme o Tesouro, do total da dívida pública federal no final de agosto, 20,95% correspondiam a títulos prefixados, 26,10% a títulos vinculados a índices de preços, 49,29% a papeis atrelados à Selic e 3,67% a papeis cambiais.
No mês passado, o crescimento da dívida deveu-se, conforme o Tesouro, à emissão líquida no valor de R$136,64 bilhões, e à apropriação positiva de juros, no valor de R$69,33 bilhões.
O órgão informou ainda que a reserva de liquidez da dívida pública -- uma espécie de 'colchão' para o pagamento dos compromissos -- subiu 14,78% em termos nominais em agosto, para R$1,134 trilhão, o que garante o pagamento dos próximos 7,78 meses de vencimentos. Na comparação com agosto de 2024, a reserva de liquidez aumentou 23,73%.
PLANO ANUAL DE FINANCIAMENTO
O Tesouro também promoveu um ajuste em seu Plano Anual de Financiamento (PAF) do ano.
A meta para o estoque da dívida pública federal (DPF) no final deste ano foi para a faixa de R$8,500 trilhões a R$8,800 trilhões no PAF 2025, ante intervalo de R$8,100 trilhões a R$8,500 trilhões previsto anteriormente.
'Diante de queda nas taxas futuras nas partes intermediária e longa da curva de juros e de um ambiente de menor volatilidade em relação ao último trimestre de 2024, o Tesouro Nacional identificou uma janela de oportunidade para aumentar o volume de emissões a partir do início do ano', afirmou o Tesouro em nota, ao justificar o fato de o estoque da dívida ter crescido acima do previsto inicialmente.
'A estratégia foi executada de forma compatível com a demanda de mercado, sem exercer pressões significativas sobre os preços.'
Durante entrevista coletiva em Brasília, o subsecretário da Dívida Pública, Daniel Leal, afirmou que, ainda que o parâmetro máximo para o estoque no ano seja de R$8,800 trilhões, isso não significa que o Tesouro esteja buscando este número ou que o limite vá, de fato, ser alcançado.
'Estabelecemos parâmetros confortáveis para a dívida', comentou Leal, acrescentando que em semanas recentes o Tesouro adotou um ritmo 'mais moderado' de emissões, na comparação com o início do ano.
Em análise enviada a clientes, o consultor Sérgio Goldenstein, da Eytse Estratégia, pontuou que a revisão para cima do intervalo da DPF decorreu justamente de um volume de emissões de títulos em 2025, pelo Tesouro, 'bem acima do previsto inicialmente pelo PAF'.
'O Tesouro aproveitou as condições favoráveis do mercado para reforçar o colchão de liquidez. Esse movimento é prudente, pois reduz o risco de refinanciamento da dívida ao antecipar emissões em um contexto de possível maior volatilidade em 2026, ano das eleições presidenciais', avaliou Goldenstein.
Durante a coletiva, Leal reconheceu que períodos eleitorais podem 'carregar um pouco mais de volatilidade no ano que em outros períodos', mas ressaltou que o Tesouro nunca encontrou dificuldades no financiamento da dívida.
Segundo ele, como a janela de oportunidade em 2025 estava positiva, o Tesouro atuou para que possa entrar no próximo ano em situação mais confortável.
'Não há uma expectativa específica de que este ano eleitoral será mais volátil ou não', afirmou Leal, acrescentando que o Tesouro também não está mirando um nível específico para o colchão de liquidez, hoje suficiente para cobrir os vencimentos dos próximos 7,78 meses. 'A gente evita chegar ao nível prudencial, que é de 3 meses', ressaltou.
Apesar de ter alterado o parâmetro para o estoque da DPF em 2025, o Tesouro manteve o prazo médio da dívida pública em 2025 no intervalo de 3,8 a 4,2 anos. O órgão também manteve no PAF as metas atuais de participação dos diferentes títulos na dívida: 19% a 23% para prefixados; 24% a 28% para papeis indexados a índices de preços; 48% a 52% para títulos vinculados à Selic e 3% a 7% para títulos cambiais.
EMISSÕES EXTERNAS
Na entrevista coletiva, Leal reforçou ainda que o Tesouro será proativo nas emissões externas. Segundo ele, há espaço para nova emissão externa ainda em 2025, mas isso dependerá das condições do mercado e não será uma obrigação.
Uma emissão de título sustentável no exterior, conforme Leal, está sendo considerada, podendo ser feita neste ou no próximo ano.
Reuters

