Dólar completa sexta sessão de baixa e acumula queda de 2,01% na semana
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Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) -O dólar emplacou a sexta sessão consecutiva de queda ante o real, após novos dados de inflação no Brasil reforçarem, nesta sexta-feira, a perspectiva de elevação maior de juros pelo Banco Central em maio.
A queda do dólar ante o real, apesar de contida, contrastou com o avanço da moeda norte-americana ante boa parte das demais divisas no exterior, em meio aos desdobramentos da guerra comercial entre Estados Unidos e China.
O dólar à vista fechou em leve baixa de 0,05%, aos R$5,6903. Na semana, a divisa acumulou baixa de 2,01% e, em abril, queda de 0,29%.
Às 17h06, na B3, o dólar para maio -- atualmente o mais líquido no Brasil – tinha leve alta de 0,07%, aos R$5,6915.
A moeda norte-americana à vista chegou a oscilar no território positivo ante o real no início do dia, em meio a sinais de alívio nas tensões comerciais entre China e EUA. Enquanto o país asiático isentou algumas importações norte-americanas, o presidente dos EUA, Donald Trump, disse que seu governo está conversando com Pequim para fechar um acordo tarifário.
No entanto, a pressão de baixa para as cotações retornou ainda pela manhã, dando continuidade ao movimento mais recente e reagindo aos dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15).
Conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o IPCA-15 subiu 0,43% em abril, após alta de 0,64% em março, ficando em linha com a expectativa em pesquisa da Reuters.
Em 12 meses, o avanço acumulado do IPCA-15 chegou a 5,49%, ante 5,26% em março e também em linha com a expectativa.
O IPCA-15 é considerado uma espécie de prévia do IPCA, o indicador oficial de inflação no Brasil.
Embora tenha vindo dentro do esperado, o IPCA-15 segue bem acima do centro da meta oficial de inflação perseguida pelo Banco Central, de 3%.
A abertura do indicador também não foi tão favorável. A inflação de alimentação no domicílio em abril, de 1,29%, ficou acima da projeção do banco Bmg, de 1,11%. A inflação de bens industriais, de 0,57%, também ficou acima da expectativa do banco, de 0,54%. Já o índice de difusão -- que reflete o percentual de itens dentro do IPCA-15 que teve alta de preços no mês -- passou de 61,0% em março para 67,8% em abril.
Profissionais ouvidos pela Reuters avaliaram que, com o IPCA-15 indicando uma inflação ainda pressionada, aumentaram as chances de o Banco Central elevar a taxa básica Selic em 50 pontos-base em maio -- e não em 25 pontos-base, uma possibilidade que começou a ganhar força nos últimos dias.
“Tivemos alguma expectativa aí em relação à Selic para maio, depois do IPCA-15. O cenário ainda está difícil para o Banco Central”, pontuou o diretor da assessoria FB Capital, Fernando Bergallo.
Segundo ele, a perspectiva de um aumento maior da Selic para controlar a inflação, de 50 pontos-base, favorece o carry trade -- operação na qual investidores tomam empréstimos no exterior, a uma taxa de juros menor, para investir no Brasil, onde os retornos são maiores. Em teoria, isso significa potencial entrada de mais dólares no país.
Neste cenário, após registrar a máxima de R$5,7084 (+0,27%) às 9h29, o dólar à vista atingiu a mínima de R$5,6647 (-0,50%) às 13h47. Depois disso, se reaproximou da estabilidade, encerrando em leve baixa.
O viés negativo para o dólar no Brasil contrastou com o cenário visto no exterior, onde a moeda norte-americana subia ante a maior parte das demais divisas. Às 17h34, o índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- subia 0,20%, a 99,620.
(Edição de Pedro Fonseca)
Escrito por Reuters
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