Dólar oscila pouco enquanto mercados buscam clareza em tarifas dos EUA
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Por Fernando Cardoso
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar à vista oscilava pouco ante o real nesta terça-feira, em um dia aparentemente mais calmo nos mercados globais, à medida que os investidores continuam em busca de clareza sobre as políticas tarifárias do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Às 9h50, o dólar à vista subia 0,02%, a R$5,8532 na venda.
Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha baixa de 0,38%, a R$5,851 na venda.
A baixa volatilidade no mercado de câmbio nacional refletia uma estabilidade maior nas cotações de pares do real frente ao dólar, com a moeda norte-americana em leve baixa ante o peso mexicano e o rand sul-africano.
Por trás da calmaria está a espera dos investidores por novidades em relação à política comercial dos EUA, que tem sido justamente o principal fator de volatilidade nos preços de ativos nas últimas semanas.
Em meio às constantes ameaças e recuos de Trump com suas tarifas de importação, agentes financeiros estão buscando clareza nas medidas do presidente norte-americano, que continua sinalizando sua intenção de impor taxas sobre mais setores específicos.
Em sua mais recente declaração sobre o tema, Trump disse na véspera que espera impor tarifas sobre produtos farmacêuticos importados em um futuro não muito distante. Ele também havia indicado no fim de semana que deseja implementar taxas sobre as importações de semicondutores.
As falas, no entanto, tinham pouco impacto sobre as negociações do mercado nesta terça.
A incerteza ainda cresce devido à aparente disposição de Trump de reverter ou flexibilizar suas medidas diante de pressões. Na sexta-feira, por exemplo, o governo forneceu exclusões tarifárias para uma série de produtos eletrônicos, incluindo importações vindas da China.
Trump também já havia autorizado uma pausa de 90 dias para suas tarifas recíprocas sobre vários países a fim de abrir espaço para negociações comerciais.
'O ambiente internacional é de maior otimismo depois de a Casa Branca anunciar uma isenção sobre as sobretaxas chinesas para produtos eletrônicos, mas o ambiente ainda é de muita incerteza e insegurança por conta de uma postura bem inconsistente em relação às tarifas de importação', disse Leonel Oliveira Mattos, analista de inteligência de mercado da StoneX.
Os investidores ainda temem novas escaladas na guerra comercial entre EUA e China, que vêm se intensificando desde o anúncio das tarifas do 'Dia da Libertação' em 2 de abril, com ambos os lados respondendo ações do outro com retaliações.
O índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- caía 0,10%, a 99,724.
Com o foco maior no cenário internacional, dados e notícias na cena doméstica têm sido deixados de lado recentemente, conforme os agentes ponderam como o impasse tarifário no exterior pode prejudicar a própria economia brasileira.
'Do nosso lado político, o fiscal ainda preocupa, mas como estamos passando dias com o cenário externo mais conturbado, o interno tem feito menos preço', disse Matheus Massote, especialista em câmbio da One Investimentos.
Na sexta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou o projeto de lei que permite que o governo imponha retaliações comerciais a países que adotarem medidas unilaterais contra o Brasil.
Escrito por Reuters
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