Dólar sobe em torno de 1% com cautela por tensões comerciais entre EUA e China
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Por Fernando Cardoso
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar à vista subia em torno de 1% ante o real nesta quinta-feira, recuperando algumas das fortes perdas da véspera, uma vez que os temores pela escalada das tensões comerciais entre China e Estados Unidos superavam o alívio com a pausa anunciada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, sobre algumas de suas tarifas.
Às 11h30, o dólar à vista subia 1,02%, a R$5,9061 na venda.
Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha alta de 1,50%, a R$5,930 na venda.
Em mais uma sessão com a política comercial dos EUA no centro das atenções, os investidores de países emergentes demonstravam preocupação com a disputa entre as duas maiores economias do mundo, após Trump implementar uma tarifa de 125% sobre os produtos chineses na quarta-feira.
O anúncio veio em resposta à imposição por Pequim de tarifa de 84% sobre as mercadorias dos EUA, quando a China retaliou uma imposição de tarifa anterior feita pelos EUA.
Na semana passada, Trump disse que colocaria taxa de 54% sobre o país asiático, levando a China a anunciar uma tarifa de 34% sobre os produtos norte-americanos. Em seguida, os EUA impuseram taxa de 104% sobre os produtos chineses, provocando a tarifa retaliatória de 84%.
Uma vez que muitos países emergentes possuem relações comerciais robustas com a China e devido ao impacto do impasse comercial sobre preços de commodities, com destaque para as quedas nos preços do petróleo, as moedas emergentes sofriam nesta sessão.
Para além dos ganhos ante o real, o dólar também avançava sobre o peso mexicano, o rand sul-africano, o peso chileno e o peso colombiano.
O movimento contrastava com os ganhos obtidos por essas moedas na véspera, quando prevaleceu um alívio após Trump anunciar uma pausa de 90 dias para tarifas sobre vários parceiros, mantendo em vigor uma taxa universal de 10% sobre a maioria das importações dos EUA.
No Brasil, por exemplo, o dólar à vista, fechou em baixa de 2,53%, a R$5,8467, na quarta-feira, cerca de 25 centavos abaixo da máxima do dia, a R$6,0973 (+1,65%), que foi atingida antes do anúncio de Trump.
'Há uma percepção generalizada de que a situação melhorou. Mas ainda há reticência especificamente em relação à China, que ainda é o único ponto de intransigência do Trump. É um movimento entre a cautela exarcebada e algum alívio', disse Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital.
As perdas das divisas emergentes ainda contrastavam com a forte queda da divisa norte-americana ante moedas fortes nesta quinta, que era afetada pelas baixas nos rendimentos dos Treasuries e pela busca de ativos de maior risco após a pausa nas tarifas de Trump.
Os investidores também reagiam aos dados de inflação ao consumidor nos EUA, que registraram números abaixo do esperado tanto para o índice geral quanto para o núcleo.
Em março, o índice de preços ao consumidor dos EUA caiu 0,1% em relação ao mês anterior, de alta de 0,2% em fevereiro e abaixo da projeção em pesquisa da Reuters de ganho de 0,1%. O núcleo do índice passou a subir 0,1%, abaixo da previsão de alta de 0,3%.
Operadores aumentaram suas apostas em cortes na taxa de juros pelo Federal Reserve, projetando 1 ponto percentual de afrouxamento até o fim deste ano, contra previsão de 0,75 ponto na quarta, o que também ajudava a derrubar o dólar no exterior.
O índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- caía 1,39%, a 101,520.
Na cena doméstica, o IBGE informou que o setor de serviços brasileiro voltou a crescer em fevereiro e registrou um desempenho melhor do que o esperado diante da força do setor de informação e comunicação.
Escrito por Reuters
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