Drones russos perseguem e expulsam civis ucranianos, diz investigação da ONU
Drones russos perseguem e expulsam civis ucranianos, diz investigação da ONU
Reuters
27/10/2025
Atualizada em 27/10/2025
Por Emma Farge
GENEBRA (Reuters) - A Rússia tem perseguido civis que vivem perto da linha de frente na Ucrânia com drones, expulsando-os de suas casas e caçando-os, forçando milhares de pessoas a fugirem de áreas inteiras, o que equivale a um crime contra a humanidade, afirmou um inquérito da ONU.
O relatório da Comissão Internacional Independente de Inquérito sobre a Ucrânia descreveu a perseguição de civis por longas distâncias por drones com câmeras e, em alguns casos, ataques com bombas incendiárias ou explosivos enquanto procuravam abrigo.
'Esses ataques foram cometidos como parte de uma política coordenada para expulsar os civis desses territórios e constituem o crime contra a humanidade de transferência forçada de população', disse o relatório de 17 páginas que será apresentado à Assembleia Geral das Nações Unidas nesta semana.
Suas conclusões foram baseadas em entrevistas com 226 pessoas, incluindo vítimas, testemunhas, trabalhadores humanitários e autoridades locais, assim como em centenas de vídeos online verificados.
Os ataques descritos no relatório ocorreram em três regiões no sul da Ucrânia, perto da linha de frente e no rio Dnipro, em um período de mais de um ano.
A Rússia nega ter os civis na Ucrânia como alvo intencional, embora suas forças tenham matado milhares deles desde que colocaram em prática uma invasão em grande escala há três anos e meio. A Ucrânia também atingiu alvos de infraestrutura civil na Rússia e em regiões da Ucrânia sob controle russo, embora em uma escala muito menor.
Uma mulher de Kherson foi perseguida por um drone em agosto de 2024 quando estacionava seu carro e depois foi atacada e ferida por ele enquanto buscava refúgio em sua garagem, segundo o relatório. Outros dois drones chegaram no mesmo dia e atingiram sua casa -- que ela abandonou, segundo o relatório.
Os ataques de drones provocaram uma diminuição acentuada da população em algumas áreas, segundo o relatório, sendo que apenas pessoas idosas e com deficiências permaneceram em alguns lugares.
'Não pode haver dúvida de que esses operadores de drones estão agindo com intenção', disse Erik Mose, presidente do inquérito, à Reuters. 'Eles estão realmente perseguindo seres humanos, seja em seus jardins, em casa ou na rua', disse.
Alguns dos sobreviventes entrevistados pelos investigadores da ONU relataram que se sentiram 'caçados' e Mose afirmou que os perpetradores também usaram o termo em vídeos de drones postados online.
Até mesmo brigadas de incêndio, médicos e outros socorristas foram atingidos, privando habitantes locais de serviços de emergência onde são mais necessários, afirmou o relatório.
Investigação da ONU disse em maio que esses ataques equivalem ao crime contra a humanidade de assassinato. No entanto, nesse relatório, a ONU também constatou que eles equivalem à transferência forçada e que ocorreram em uma área mais ampla, cobrindo mais de 300km.
O relatório também registra que autoridades russas coordenaram ações para deportar ou transferir civis de áreas da região de Zaporizhzhia sob seu controle, o que, segundo o relatório, constitui crime de guerra.
(Reportagem de Emma Farge)
Reuters

