Eleição na Holanda é teste para o alcance da extrema-direita europeia
Eleição na Holanda é teste para o alcance da extrema-direita europeia
Reuters
29/10/2025
Por Stephanie van den Berg e Bart H. Meijer e Charlotte Van Campenhout
HAIA (Reuters) - Os eleitores holandeses votam nesta quarta-feira em pleito em que terão que escolher entre a continuidade do nacionalismo anti-imigração de Geert Wilders, que derrubou a coalizão conservadora que estava no poder depois de dois anos conflituosos, ou um retorno ao centro.
Com os partidos nacionalistas liderando as pesquisas na Reino Unido, França e Alemanha, a eleição legislativa holandesa é um teste para saber se a extrema-direita ainda consegue expandir seu alcance ou se já atingiu o ápice em algumas partes da Europa.
Pesquisas de opinião mostram que a liderança do Partido da Liberdade (PVV) de Wilders, que já foi considerável, desmoronou, com concorrentes da direita e da esquerda dominantes praticamente empatados com o admirador do presidente dos EUA, Donald Trump.
'Minha mensagem para todos é que, se concorrermos com plataformas positivas (...) é possível derrotar os populistas e trabalhar em conjunto com os partidos médios e centristas para obter resultados reais', disse Rob Jetten, líder de 38 anos do partido centrista D66, após votar.
Os principais partidos tradicionais, incluindo os Democratas Cristãos e o VVD, de centro-direita, e o D66, que ganhou popularidade nas últimas semanas, disseram que não entrariam em uma coalizão com Wilders e seu partido PVV. Isso significa que Wilders provavelmente não será primeiro-ministro, a menos que vença por uma margem inesperadamente ampla.
A primeira pesquisa de boca-de-urna, que historicamente tem se mostrado precisa, será divulgada quando a votação terminar às 21 horas.
ELEIÇÕES CADA VEZ MAIS IMPREVISÍVEIS
As eleições holandesas têm se tornado cada vez mais imprevisíveis e a formação de coalizões estáveis é uma tarefa árdua que pode levar semanas ou meses.
As pesquisas de opinião mostraram que quase metade do eleitorado ainda estava indeciso dias antes da votação.
'Acho que a principal questão é se conseguiremos vencer o populismo', disse o líder democrata-cristão Henri Bontenbal após votar.
Wilders, um dos líderes populistas a mais tempo em atividade na Europa, é conhecido por sua posição anti-Islã e vive sob proteção constante devido a ameaças de morte. Ele propõe economizar recursos negando todos os pedidos de asilo - o que violaria os tratados da UE -, enviando refugiados ucranianos do sexo masculino de volta à Ucrânia e interrompendo a ajuda ao desenvolvimento para financiar benefícios de energia e saúde.
Wilders levou seu partido a um surpreendente primeiro lugar na eleição anterior, em 2023, e formou uma coalizão totalmente conservadora, embora seus parceiros tenham se recusado a apoiá-lo como primeiro-ministro. Ele derrubou o governo em junho, o que levou à eleição antecipada, devido à recusa do mesmo em adotar suas medidas anti-refugiados de linha dura.
'Estou esperando um bom resultado. Para o meu partido, é importante que haja um bom comparecimento, que muitas pessoas votem', disse Wilders na quarta-feira.
ELEITORES DIVIDIDOS
Em Volendam, uma cidade pesqueira próxima a Amsterdã e reduto de Wilders, alguns moradores locais disseram no início da semana que estavam torcendo pela vitória de Wilders.
'Precisamos ser capazes de cuidar de nós mesmos, e é por isso que estou votando no PVV. Nosso próprio povo em primeiro lugar', disse Jaap Schilder, 40 anos, dono de uma peixaria e político local.
O PVV de Wilders viu parte de seu apoio ser desviado pelos Democratas Cristãos, cujo novo líder, Bontenbal, está fazendo campanha com base em uma promessa de estabilidade governamental e valores tradicionais.
Analistas dizem que o apoio cada vez menor a Wilders reflete a frustração dos eleitores com as caóticas brigas internas na última coalizão. Seus elogios efusivos à liderança de Trump e à vontade percebida do presidente dos EUA de testar os limites da democracia norte-americana também incomodam alguns eleitores.
Depois de votar na prefeitura de Haia, Janne van Holland, de 21 anos, disse: 'Votei no D66 porque, para mim, o clima, mas também a educação, são importantes.'
'E também porque espero que o PVV não se torne o maior (partido).'
Reuters

