ELISABETE FRANÇA REVELA OS PRÓXIMOS PASSOS DO FUTURO URBANO DE SÃO PAULO

Neste fim de semana, São Paulo dá um importante passo na construção de seu futuro urbano com a realização da 8ª Conferência Municipal da Cidade. A iniciativa, que segue diretrizes do Governo Federal, busca reunir propostas da população paulistana para compor a pauta da Conferência Estadual — e, futuramente, da Nacional. Em entrevista exclusiva à Rádio Antena 1, a secretária municipal de Urbanismo e Licenciamento, Elisabete França, compartilhou detalhes do processo participativo que vem sendo desenvolvido desde o início do ano e também falou sobre o futuro do Jockey Club, um dos pontos mais emblemáticos e disputados da cidade.

Segundo a secretária, a etapa municipal é fruto de um processo democrático e descentralizado, com 15 encontros regionais realizados aos sábados, nos quais foram reunidas mais de 600 propostas populares.

“Achei os encontros regionais riquíssimos, muito bacanas. Fiquei muito feliz, participei de quase todos”, afirmou.

As demandas mais recorrentes? Meio ambiente, habitação, mobilidade e participação popular?

“A população clama por mais áreas verdes, melhor preservação das árvores, mais parques e qualidade do ar. Nesse ponto, neste ano especial da COP30, foi muito importante”, disse a secretária.

Habitação, especialmente para famílias de baixa renda, liderou o volume de propostas. E, na mobilidade, destaque para segurança no transporte público e iluminação nas vias, com foco especial na segurança das mulheres.

Outro ponto forte da atual gestão, segundo Elisabete, é o fortalecimento dos canais de escuta e governança compartilhada. A Prefeitura mantém dezenas de conselhos temáticos ativos — como o de Política Urbana, o das Operações Urbanas e o da Paisagem Urbana — e promete para este ano eleições abertas para renovar a participação da sociedade civil nesses espaços.

O futuro do Jockey Club: de ícone do turfe a parque metropolitano?

Na segunda parte da entrevista, a secretária comentou uma das pautas urbanísticas mais debatidas na cidade: o destino do Jockey Club de São Paulo, localizado às margens do Rio Pinheiros. Tombado como patrimônio histórico, o terreno de alto valor enfrenta uma mudança de paradigma. Originalmente previsto como Zona de Operação Urbana no Plano Diretor de 2014, o espaço passou a ser classificado como ZEPAM — Zona de Proteção Ambiental, com destinação para implantação de parque público.

“Hoje, o Jockey é uma ZEPAM e a ideia é implantar um parque. Claro que isso envolve negociação com o Jockey, que ainda mantém atividades de turfe, mas já sem a força de antigamente”, explicou a secretária.

A Prefeitura, por meio da Procuradoria Geral do Município (PGM) e da Secretaria da Fazenda, conduz atualmente um estudo técnico para avaliar a dívida de IPTU do clube — valor que, segundo Elisabete, pode superar o próprio valor do terreno.

Apesar da complexidade jurídica e patrimonial do processo, a secretária defende que a cidade só tem a ganhar com a abertura do espaço à população.

“É um patrimônio muito rico. Acho que o mais rico da cidade. E com a previsão de uma estação do plano hidroviário no Rio Pinheiros, bem em frente, a integração parque–rio será algo fantástico”, afirmou Elisabete.

Planejamento urbano, concursos e novos espaços públicos

Elisabete também destacou projetos em andamento como o concurso público de mobiliário urbano, que deve propor soluções sustentáveis e integradas — de bancos e lixeiras a postes e elementos visuais — com identidade regional para diferentes subprefeituras. Os projetos vencedores vão gerar protótipos testados em bairros da cidade antes de serem implementados.

Além disso, a cidade avança na integração de temas como habitação, meio ambiente, mobilidade e desenvolvimento econômico dentro da lógica do Planejamento Urbano Integrado. A Secretaria de Urbanismo atua de forma articulada com pastas como a do Meio Ambiente, Clima e Saneamento, todas alinhadas com os objetivos do Plano Diretor e dos planos setoriais em vigor.

Entre os novos projetos citados, está o Boulevard JK, parte da Operação Urbana Faria Lima, além de ações relevantes em Paraisópolis e no centro expandido, que visam alternativas ao trânsito pesado em áreas como o Minhocão.

No horizonte, também estão em estudo novas ruas abertas para pedestres, nos moldes da Avenida Paulista, com propostas para a Liberdade, Avenida São João e outros bairros, sempre com base em consultas públicas.

“Nosso foco é cuidar mais dos espaços para as pessoas nas ruas, se divertirem, caminharem. Tirar um pouco essa cultura paulistana de carro”, conclui Elisabete França, destacando a importância de manter esse canal direto com a população.

Clique aqui e veja a entrevista exclusiva da Secretária de Urbanismo e Licenciamento da Cidade de São Paulo, Elisabete França, na íntegra.