Em rara reunião sem EUA, chefes de Exércitos ocidentais se reúnem para mostrar união sobre Ucrânia
Em rara reunião sem EUA, chefes de Exércitos ocidentais se reúnem para mostrar união sobre Ucrânia
Reuters
11/03/2025
Por Elizabeth Pineau e John Irish
PARIS/QUEBEC (Reuters) - Mais de 30 chefes do Exército entre os aliados mais próximos dos Estados Unidos se reuniram em Paris nesta terça-feira sem seus colegas norte-americanos, buscando assumir mais responsabilidade sobre a guerra na Ucrânia, dada a imprevisibilidade e a aproximação do presidente Donald Trump com o goveno russo.
A reunião a portas fechadas de 34 chefes de Exército, incluindo membros da Otan e da União Europeia, bem como Japão e Austrália, foi uma reunião rara -- e possivelmente sem precedentes -- sem os EUA.
As conversas tiveram como objetivo, em parte, avaliar as opções e capacidades para garantir a segurança da Ucrânia no caso de um cessar-fogo, incluindo possíveis forças de paz europeias, e manter a força militar de longo prazo ucraniana.
'A mensagem política é que podemos fazer isso juntos e sem os Estados Unidos, mas está claro que há coisas que não podemos fazer e o problema com a Rússia é que precisamos ter dissuasão', disse um diplomata europeu envolvido nas conversações, acrescentando que a reunião foi em grande parte um pré-planejamento.
Uma autoridade militar disse que os EUA não foram convidados, em um sinal intencional de que a Europa e outros parceiros poderiam assumir suas responsabilidades, já que Trump se distanciou dos aliados.
As autoridades disseram que a presença de países como o Japão e a Austrália, que também enfrentaram incertezas por parte do novo governo dos EUA, mostrou um mal-estar mais profundo entre os aliados tradicionais de Washington.
SEM DESMILITARIZAÇÃO DA UCRÂNIA
Trump tem exercido uma enorme pressão sobre a Ucrânia para que ela concorde com a paz. Ele endossou, mesmo antes das negociações, muitas das exigências da Rússia, como negar à Ucrânia a adesão à Otan.
Antes das negociações, o ministro da Defesa francês, Sébastien Lecornu, enfatizou a importância de um Exército ucraniano forte para as garantias de segurança.
A desmilitarização é uma das poucas exigências russas sobre as quais Trump não pressionou a Ucrânia, disse uma autoridade europeia sênior, acrescentando que a Europa queria que continuasse assim.
'A prioridade é pensar sobre como o Exército ucraniano deve ser no futuro, com base no princípio de que a primeira garantia de segurança continua sendo o Exército ucraniano', disse Lecornu em uma conferência de segurança em Paris.
'Recusaremos qualquer forma de desmilitarização da Ucrânia', disse Lecornu.
O presidente russo, Vladimir Putin, tem dito repetidamente que deseja que a Ucrânia seja desmilitarizada, mas o governo ucraniano afirma que isso a exporia a novos ataques.
(Reportagem adicional de Dominique Vidalon e Charlotte Van Campenhout)
Reuters