EUA abandonarão esforço de paz na Ucrânia se não houver progresso em breve, dizem Trump e Rubio
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Por Bart H. Meijer e Gabriel Stargardter
PARIS/WASHINGTON (Reuters) - Os Estados Unidos vão se afastar dos esforços para mediar um acordo de paz entre Rússia e Ucrânia a não ser que surjam sinais claros de progresso em breve, disseram nesta sexta-feira o presidente dos EUA, Donald Trump, e o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio.
'Rapidamente, queremos ter isso feito', disse Trump a jornalistas na Casa Branca. 'Agora, se por alguma razão uma das duas partes tornar isso muito difícil, vamos simplesmente dizer 'vocês são insensatos, vocês são tolos, são pessoas horríveis' e vamos nos afastar. Mas tomara que não precisemos fazer isso.'
Os comentários de Trump vieram depois de declarações de Rubio, seu principal diplomata, que disse que as duas partes tem um prazo de dias para mostrar sinais de progresso, caso contrário os EUA se retirarão.
'Não vamos continuar com esse esforço por semanas e meses a fio. Portanto, precisamos determinar muito rapidamente agora, e estou falando em questão de dias, se isso é possível ou não nas próximas semanas', disse Rubio em Paris, depois de se reunir com líderes europeus e ucranianos.
'Se não for possível, se estivermos tão distantes que isso não vai acontecer, então acho que o presidente provavelmente está em um ponto em que ele vai dizer: 'bem, estamos acabados'.'
Quando perguntado sobre a fala de Rubio em Washington, Trump se recusou a estabelecer um prazo pelo qual está disposto a esperar;
'Marco está certo em dizer... queremos ver isso acabar', afirmou. Perguntado se o presidente da Rússia, Vladimir Putin, está paralisando as negociações, Trump respondeu: 'espero que não'.
Nas últimas semanas, autoridades do governo Trump reconheceram privadamente que as chances de um rápido acordo de paz na Ucrânia diminuíram. Três fontes diplomáticas europeias disseram à Reuters que os comentários de Rubio refletem a crescente frustração da Casa Branca em relação à intransigência russa para pôr fim à guerra.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que já houve algum progresso em um acordo de paz, mas que os contatos com Washington são difíceis. Ele disse que a Rússia está se esforçando para resolver o conflito e, ao mesmo tempo, garantir seus próprios interesses. Moscou continua aberta ao diálogo com os Estados Unidos, acrescentou.
As conversas em Paris na quinta-feira foram as primeiras conversas substanciais, de alto nível e presenciais sobre a iniciativa de paz de Trump que incluíram potências europeias. Rubio disse que uma estrutura de paz dos EUA que ele apresentou teve uma 'recepção encorajadora'. O gabinete de Zelenskiy considerou as conversas construtivas e positivas.
Não ficou claro por que o tom de Rubio mudou tão radicalmente da noite para o dia. Ainda assim, seus comentários nesta sexta-feira sublinham as crescentes frustrações na Casa Branca com a falta de progresso nos esforços para resolver uma lista crescente de desafios geopolíticos.
Durante sua campanha eleitoral, Trump prometeu acabar com a guerra na Ucrânia em suas primeiras 24 horas na Casa Branca. Ele moderou essa afirmação ao assumir o cargo, sugerindo um acordo até abril ou maio, à medida que os obstáculos aumentavam.
Ele pressionou os dois lados para que se sentassem à mesa de negociações, ameaçando com sanções mais duras à Rússia ou com o fim do apoio militar de bilhões de dólares dos EUA a Kiev.
Tanto a Ucrânia quanto a Rússia compareceram às negociações intermediadas pelos EUA na Arábia Saudita, que resultaram em um cessar-fogo parcial, mas nada mais. Enquanto isso, a guerra continuou, incluindo um recente ataque de mísseis russos que atingiu Sumy, no nordeste da Ucrânia, matando 35 pessoas -- um ataque que Trump chamou de 'erro'.
Se Washington se afastar, os esforços para intermediar a paz provavelmente fracassarão porque nenhuma outra nação é capaz de exercer pressão semelhante sobre Moscou e Kiev.
Outros impactos não são claros. Os Estados Unidos poderiam manter inalterada sua política atual sobre o conflito, mantendo as sanções à Rússia e a ajuda dos EUA a Kiev. Como alternativa, Trump poderia decidir suspender os pagamentos à Ucrânia.
Rubio disse que conversou com o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, após as conversas 'construtivas' em Paris e o informou sobre 'alguns dos elementos' da estrutura de paz dos EUA.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse que quer que a Ucrânia desista de suas ambições de se juntar à aliança militar ocidental Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), que a Rússia controle a totalidade de quatro regiões ucranianas que reivindicou como suas e que o tamanho do Exército ucraniano seja limitado. Kiev diz que essas exigências são equivalentes a exigir sua rendição.
(Reportagem de Bart H. Meijer e Dominique Vidalon; Reportagem adicional de Michel Rose, em Paris; Andreas Rinke, em Berlim; Christian Lowe, em Kiev; Lili Bayer, em Bruxelas, Steve Holland, em Washington, e Erin Banco, em Nova York)
((Tradução Redação São Paulo))
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Escrito por Reuters
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