EXCLUSIVO: A EXPANSÃO GLOBAL DAS HOLDINGS MULTINACIONAIS

O segmento das holdings multinacionais continua em ritmo acelerado de expansão global. Nesse movimento, a brasileira Fictor acaba de anunciar a abertura de seu primeiro escritório nos Estados Unidos, na cidade de Miami, Flórida. A operação marca o início da atuação da companhia no mercado norte-americano, levando para lá modelos de negócios já bem-sucedidos no Brasil, com destaque para o crédito consignado vinculado à folha de pagamento.

Entenda o que é uma holding e a expansão global do segmento

Uma holding é uma empresa criada com o objetivo principal de controlar participações societárias em outras companhias, chamadas de subsidiárias. Em vez de operar diretamente no mercado com produtos ou serviços, sua atuação está centrada na gestão estratégica, financeira e patrimonial de um grupo empresarial.

Esse modelo permite às holdings centralizar decisões, otimizar a alocação de recursos, planejar o crescimento do grupo e reduzir riscos por meio da diversificação de atividades. A estrutura pode variar — de holdings puras, dedicadas exclusivamente ao controle de outras empresas, até holdings mistas, que também mantêm operações próprias.

A expansão internacional dessas estruturas é uma tendência crescente, impulsionada pela busca de novos mercados, eficiência tributária, acesso a capital internacional e mitigação de riscos locais. As holdings multinacionais operam em setores variados, como infraestrutura, energia, serviços financeiros, tecnologia e alimentos, moldando o cenário global com estratégias adaptadas às particularidades de cada região.

Conheça a holding brasileira que expande suas operações para os EUA e aposta em inovação global

A Fictor é um grupo de participações e gestão de empresas com atuação em diversos setores da economia brasileira, incluindo indústria alimentícia, serviços financeiros e infraestrutura, com base na promoção da inovação e do crescimento sustentável. Sua atuação multissetorial é guiada por uma estratégia de expansão progressiva e pela busca de soluções adaptadas às realidades de cada mercado.

A movimentação internacional da Fictor foi tema de uma reportagem exclusiva publicada pelo portal norte-americano South Florida Business & Wealth, revista de negócios e estilo de vida com foco nos condados de Miami-Dade, Broward e Palm Beach. Em complemento à cobertura internacional, o portal da Rádio Antena 1 entrevistou com exclusividade o sócio e CEO da empresa, Rafael Góis (na foto acima), que detalhou a estratégia da holding, o motivo da escolha de Miami e os planos para consolidar a operação nos Estados Unidos até 2030.

Fictor inicia operação nos EUA com foco no crédito consignado

A entrada da Fictor nos Estados Unidos segue a tendência de expansão global. A holding brasileira anunciou que, a partir de 2025, iniciará suas atividades no país oferecendo crédito consignado para o setor privado, um modelo de financiamento bastante consolidado no Brasil. O investimento inicial será de US$ 10 milhões em capital próprio.

O público-alvo da operação americana será composto principalmente pelas classes média-baixa e trabalhadora, um segmento que, segundo a empresa, apresenta carência de produtos financeiros com taxas mais acessíveis e maior previsibilidade.

Durante entrevista ao portal da Rádio Antena 1, o CEO Rafael Góis explicou os motivos que levaram à escolha de Miami como ponto de partida nos EUA:

“Miami já vinha demonstrando seu potencial para se tornar um novo centro de negócios nos Estados Unidos, além de Nova York. A pandemia acelerou esse movimento, impulsionado por infraestrutura de primeira linha, clima mais ameno e principalmente, por taxas e impostos mais acessíveis. Além disso, a proximidade com o Brasil e a presença de uma cultura latina forte pesaram muito na nossa decisão.”

Adaptação ao mercado americano e estratégia de entrada

Mesmo tendo amplo domínio sobre o produto, a Fictor reconheceu os desafios de adaptar o modelo de crédito consignado à realidade norte-americana. Para isso, a empresa adotou uma abordagem estratégica: a aquisição de uma empresa local com mais de 15 anos de atuação no setor.

“Temos intimidade com o produto, mas não com o mercado. A aquisição nos garante know-how, estrutura e um processo de entrada mais seguro”, explicou Góis.

Com isso, a empresa evita os riscos comuns de operações do tipo startup e já inicia sua presença com inteligência de mercado local, equipe treinada e canais de distribuição estabelecidos.

Apoio estratégico e visão global com Jay Pelosky

Um dos destaques do plano de internacionalização da Fictor é a parceria com o economista Jay Pelosky, ex-estrategista-chefe de mercados emergentes do Morgan Stanley. Atuando como conselheiro global do grupo, Pelosky teve papel fundamental na decisão de entrada nos Estados Unidos.

“O Jay tem nos ajudado a entender as nuances macroeconômicas e políticas globais. Sua opinião teve grande peso em nossa decisão de ingressar no mercado americano, que, apesar das previsões de recessão, vem apresentando crescimento consistente nos últimos 17 anos”, afirmou Góis.

Pelosky também é fundador da TPW Advisory, boutique de investimentos com sede em Nova York, e tem histórico de atuação em mais de 50 países — inclusive com instituições financeiras brasileiras.

Fase de consolidação e expectativas até 2030

A operação nos Estados Unidos será iniciada com uma fase de validação de modelo em 2025, com foco em testes e estruturação. Já em 2026, a empresa prevê um crescimento expressivo, apoiado por um novo aporte vindo do Brasil. O objetivo é, até o fim de 2026, operar com plena capacidade de escala.

“Nosso objetivo é encerrar 2026 com uma operação madura e com capacidade de escalar, iniciando um ciclo virtuoso de crescimento entre 2027 e 2030”, disse o CEO.

Presença internacional e aposta em energia renovável

A internacionalização da Fictor não se limita ao mercado americano. A holding já mantém presença em Lisboa, Portugal, onde atua no setor de infraestrutura e energia por meio da Fictor Energia. A divisão anunciou, em novembro de 2024, sua atuação como assessora de um fundo de investimento europeu com meta de € 50 milhões destinados a projetos de energia renovável.

A empresa também é patrocinadora da Ibero-Brazilian Energy Conference (CONIBEN), evento anual que promove a integração de agendas energéticas entre países da Península Ibérica e a América Latina.

Com essa atuação estratégica, a Fictor consolida seu posicionamento como uma holding brasileira de perfil multinacional, com visão de longo prazo, foco em segmentos sustentáveis e capacidade de adaptação a mercados globais complexos.