EXCLUSIVO-Dissidentes russos presos pedem libertação como parte de acordo de paz com Ucrânia
EXCLUSIVO-Dissidentes russos presos pedem libertação como parte de acordo de paz com Ucrânia
Reuters
03/07/2025
Por Mark Trevelyan
LONDRES (Reuters) - Onze dissidentes russos presos escreveram para líderes mundiais pedindo a libertação em massa de prisioneiros políticos russos e civis ucranianos detidos pela Rússia -- cerca de 10.000 pessoas no total, dizem eles -- como parte de qualquer acordo de paz entre Moscou e Kiev.
Na carta, divulgada pela Reuters, os dissidentes disseram que, além dos prisioneiros de guerra, milhares de 'reféns' civis ucranianos estão sendo mantidos pela Rússia, principalmente em áreas da Ucrânia controladas pela Rússia.
As conversações em maio e junho sobre o fim da invasão em grande escala da Rússia na Ucrânia não fizeram progresso em direção a um cessar-fogo, apesar de uma promessa do presidente dos EUA, Donald Trump, de acabar com a guerra, mas os dois lados trocaram soldados capturados e mortos de guerra.
'Apelamos a ambos os lados das negociações entre a Rússia e a Ucrânia para que realizem imediatamente uma troca de prisioneiros de guerra e civis de acordo com a fórmula 'todos por todos', incluindo reféns civis ucranianos', diz a carta.
Entre os signatários está Alexei Gorinov, 63 anos, que em 2022 se tornou a primeira pessoa a ir para a prisão sob as leis aprovadas logo após a invasão da Ucrânia, que tornaram crime a divulgação de 'informações falsas' sobre as Forças Armadas.
A mais jovem a assinar foi Darya Kozyreva, 19, condenada em abril a dois anos e oito meses de prisão por usar grafite e poesia do século 19 para protestar contra a guerra na Ucrânia.
Eles se colocaram ao lado de milhares de ucranianos que, de acordo com grupos de direitos humanos, foram detidos pela Rússia, principalmente em regiões da Ucrânia controladas pela Rússia.
'Há pelo menos 10.000 de nós -- prisioneiros políticos russos e reféns civis ucranianos. Todos nós somos punidos por uma coisa -- por tomar uma posição cívica', escreveram eles. Moscou não comentou sobre o suposto número.
Os dissidentes pediram 'a libertação imediata e incondicional dos presos políticos doentes que estão morrendo nas prisões russas' em sua declaração, que foi apoiada por uma mensagem do vencedor do Prêmio Nobel da Paz russo Dmitry Muratov.
A mensagem de Muratov e a carta fazem um apelo a líderes de Rússia, Ucrânia, União Europeia, Estados Unidos e outros países a agir.
TERMOS DE PAZ DA RÚSSIA
Nas conversações de paz em Istambul, no mês passado, a Rússia entregou à Ucrânia um memorando propondo 'uma anistia mútua de 'prisioneiros políticos' e a libertação de civis detidos' como uma possível condição para um cessar-fogo no conflito de três anos e meio.
Questionado sobre o status da proposta e quantas pessoas ela abrangeria, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse nesta quinta-feira: 'Não discutimos publicamente o... conteúdo do memorando, que ainda nem discutimos com o lado ucraniano. Acreditamos que a discussão através da mídia só pode prejudicar o processo'.
A proposta fazia parte de um pacote mais amplo de exigências russas que o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy descreveu como um ultimato. Elas incluem a suspensão de todos os movimentos de tropas ucranianas, exceto os de retirada, e o fim das convocações, do fornecimento de armas estrangeiras e da lei marcial, bem como a realização de novas eleições presidenciais e parlamentares.
Ainda não foi definida uma data para novas conversas.
Descrevendo sua experiência, os dissidentes escreveram: 'Os conceitos de justiça e equidade estão ausentes na Rússia hoje; qualquer um que se atreva a pensar criticamente pode acabar atrás das grades'.
(Reportagem adicional de Dmitry Antonov em Moscou)
Reuters