Fed mantém taxa de juros inalterada e prevê dois cortes em 2025, mas afrouxamento menor à frente
Fed mantém taxa de juros inalterada e prevê dois cortes em 2025, mas afrouxamento menor à frente
Reuters
18/06/2025
Atualizada em 18/06/2025
Por Howard Schneider
WASHINGTON - O Federal Reserve manteve a taxa de juros inalterada nesta quarta-feira e os membros sinalizaram que os custos dos empréstimos ainda devem cair neste ano, mas reduziram o ritmo geral dos futuros cortes esperados diante da estimativa de inflação mais alta decorrente das tarifas do governo Trump.
Nas novas projeções econômicas, as autoridades esboçaram um quadro modestamente 'estagflacionário' para a economia dos Estados Unidos, com o crescimento econômico desacelerando para 1,4% neste ano, o desemprego subindo para 4,5% até o fim do ano e a inflação encerrando 2025 em 3%, bem acima do nível atual.
Embora os membros ainda prevejam cortar os juros em 0,5 ponto percentual neste ano, conforme projetado em março e dezembro, eles reduziram um pouco o ritmo para um único corte de 0,25 ponto percentual em cada um dos anos de 2026 e 2027, em uma batalha prolongada para que a inflação volte à meta de 2%.
De acordo com as novas projeções, a inflação permanecerá elevada em 2,4% até 2026, antes de cair para 2,1% em 2027, em meio a uma taxa de desemprego praticamente estável.
'A incerteza sobre as perspectivas econômicas tem diminuído, mas continua elevada', disse o Fed em sua mais recente declaração, uma modificação da linguagem usada em maio, em um momento mais turbulento do debate comercial, quando disse que o risco de inflação e desemprego mais altos havia aumentado.
Esses resultados foram incorporados nas novas projeções, a mais recente reflexão do Fed sobre como o conjunto de políticas econômicas do presidente Donald Trump deverá moldar a economia neste ano.
O crescimento de 1,4% neste ano se compara à taxa de 1,7% esperada na última rodada de projeções em março, e a taxa de desemprego de 4,5% esperada para o fim do ano está acima dos 4,4% projetados em março. A taxa em maio foi de 4,2%.
Até o momento, entretanto, 'a taxa de desemprego continua baixa e as condições do mercado de trabalho permanecem sólidas', disse o Fed em sua declaração, que foi aprovada por unanimidade.
O Fed não mencionou em seu comunicado a súbita eclosão de hostilidades entre Israel e Irã e o risco que esse conflito representa para o petróleo ou outros mercados.
Os índices acionários dos EUA mantiveram ganhos modestos após a divulgação do comunicado e das projeções, enquanto os rendimentos dos Treasuries de 10 anos seguiram em ligeira queda.
'Por enquanto, estamos bem posicionados para aguardar de forma a saber mais sobre o curso provável da economia antes de considerar quaisquer ajustes em nossa postura de política monetária', disse o chair do Fed, Jerome Powell, a repórteres em coletiva de imprensa após a reunião. O Fed, acrescentou, está preparado para 'reagir' às informações recebidas.
IMPACTO DE TARIFAS
As projeções para a taxa de juros neste ano estão alinhadas com as expectativas recentes do mercado de uma redução de 0,25 ponto já na reunião do Fed de 16 e 17 de setembro.
O banco central continua ignorando o pedido de Trump por cortes imediatos, uma medida que as autoridades consideram que seria contrária aos seus esforços para garantir que a inflação retorne à sua meta de 2% até que as principais mudanças tarifárias sejam finalizadas e seus efeitos sejam compreendidos.
Enquanto os membros do Fed se reuniam nesta quarta-feira, Trump chamou Powell de 'estúpido' e disse que a taxa de juros deveria ser cortada pela metade, o tipo de medida normalmente reservada para emergências econômicas graves.
A taxa de juros do Fed está na faixa de 4,25% a 4,50% desde dezembro, e as autoridades têm relutado em se comprometer com um cronograma de novos cortes, dada a volatilidade da política comercial dos EUA e a dificuldade de estimar como o ônus das taxas de importação mais altas será distribuído entre consumidores, importadores e países produtores.
(Reportagem de Howard Schneider e Michael S. Derby)
Reuters