Geradores renováveis pedem ressarcimento de cortes por acionamento de térmicas de novo leilão
Geradores renováveis pedem ressarcimento de cortes por acionamento de térmicas de novo leilão
Reuters
15/09/2025
Por Leticia Fucuchima
SÃO PAULO (Reuters) - Geradores de energia renovável estão pedindo que o governo brasileiro garanta ressarcimento por restrições de produção que suas usinas eólicas e solares possam sofrer depois da contratação de usinas termelétricas no leilão de potência planejado para 2026.
O pedido, feito por grandes companhias elétricas como Enel na consulta pública do certame, tem por objetivo evitar a piora do 'curtailment', problema que afeta gravemente o setor brasileiro de renováveis, causando desperdício de recursos energéticos e impondo prejuízos financeiros milionários às empresas.
Nas contribuições enviadas ao governo relacionadas ao leilão de potência, diferentes agentes do setor elétrico apontaram que a preparação das usinas termelétricas para atender às necessidades de potência do sistema elétrico pode levar várias horas, dadas as características técnicas dos equipamentos.
Sendo assim, se contratados, empreendimentos como os movidos a carvão ficariam pelo menos 18 horas ligados para prover a potência que o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) precisa por poucas horas, geralmente no fim do dia.
'Ou seja, para o atendimento ao pico de demanda no início da noite, tais usinas seriam acionadas no final da manhã para alcançar o 'T-on' (tempo mínimo ligado), com o potencial de agravar o curtailment sofrido pelas usinas renováveis tanto no período diurno, durante a rampa de acionamento, quanto noturno...', apontou a associação Absolar.
A entidade defendeu que os cortes de geração das usinas eólicas e fotovoltaicas devido à sobreoferta de energia causada pela geração das termelétricas vencedoras do certame 'não podem ser objeto de rebatimento comercial' para os geradores renováveis -- isto é, não poderiam impor prejuízos financeiros.
Quando as usinas têm sua produção limitada pelo ONS, as empresas precisam comprar energia no mercado spot para honrar seus contratos, o que tem levado a perdas milionárias. Segundo as associações de energia solar e eólica, já chega a R$5 bilhões o prejuízo acumulado a esses segmentos desde meados de 2023.
A proposta foi corroborada por Enel e por outros geradores como EDP e Casa dos Ventos, que também participaram da consulta pública do leilão de capacidade.
Já outros geradores renováveis, como CPFL e Echoenergia, do grupo Equatorial, ressaltaram a necessidade de o governo avançar com a realização, em 2026, de um leilão inédito voltado para sistemas de armazenamento e baterias.
A CPFL pediu que o governo calibre a demanda de potência que pretende contratar no leilão voltado às termelétricas e hidrelétricas 'de forma que não esvazie o leilão de capacidade com foco em armazenamento'.
(Por Letícia Fucuchima)
Reuters