Google deve vender Chrome para restaurar concorrência na busca online, diz Departamento de Justiça dos EUA
Google deve vender Chrome para restaurar concorrência na busca online, diz Departamento de Justiça dos EUA
Reuters
21/11/2024
Por Jody Godoy
(Reuters) - O Google, da Alphabet, precisa vender seu navegador Chrome, compartilhar dados e resultados de pesquisa com rivais e tomar outras medidas -- incluindo a possível venda do Android -- para acabar com seu monopólio em pesquisa online, argumentaram promotores a um juiz na última quarta-feira.
As medidas apresentadas pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos fazem parte de um caso histórico em Washington que tem o potencial de remodelar a forma como os usuários encontram informações na rede.
Elas seriam implementadas ao longo de até uma década, aplicadas por meio de um comitê nomeado pelo tribunal para remediar o que o juiz que supervisiona o caso considerou um monopólio ilegal nas pesquisas e na publicidade relacionada nos EUA, onde o Google processa 90% das buscas.
'O comportamento ilegal do Google privou os rivais não apenas de canais de distribuição essenciais, mas também de parceiros de distribuição que poderiam, de outra forma, permitir a entrada de concorrentes nesses mercados de maneiras novas e inovadoras', disseram o DOJ (sigla em inglês do Departamento de Justiça) e autoridades antitruste estaduais em um processo judicial na última quarta-feira.
Suas propostas incluem o fim de acordos exclusivos nos quais o Google paga bilhões de dólares anualmente à Apple e a outros fornecedores de dispositivos para tornar seu mecanismo de busca o padrão em seus tablets e smartphones.
O Google classificou as propostas de surpreendentes em uma declaração nesta quinta-feira.
'A abordagem do DOJ resultaria em uma interferência governamental sem precedentes que prejudicaria os consumidores, desenvolvedores e pequenas empresas norte-americanas -- e colocaria em risco a liderança econômica e tecnológica global dos Estados Unidos exatamente no momento em que ela é mais necessária', disse o diretor jurídico da Alphabet, Kent Walker.
As ações do Google foram negociadas em queda de cerca de 6% nesta quinta-feira.
O juiz distrital dos EUA, Amit Mehta, agendou um julgamento sobre as propostas para abril, embora o presidente eleito Donald Trump e o próximo chefe antitruste do DOJ possam intervir e mudar o curso do caso.
COMITÊ TÉCNICO
As propostas são abrangentes, incluindo a proibição do Google de reentrar no mercado de navegadores por cinco anos e a insistência para que ele venda seu sistema operacional móvel Android, caso outros remédios não consigam restaurar a concorrência.
O DOJ também solicitou a proibição ao Google de comprar ou investir em rivais de pesquisa, produtos de inteligência artificial baseados em consultas ou tecnologia de publicidade.
Editores e sites também teriam uma maneira de optar por não serem incluídos no treinamento dos produtos de IA do Google.
Um comitê técnico de cinco pessoas, nomeado pelo juiz, supervisionaria a conformidade com as propostas dos promotores. O comitê, que seria pago pelo Google, teria o poder de exigir documentos, entrevistar funcionários e se aprofundar no código do software, segundo o processo.
As medidas em conjunto têm o objetivo de romper 'um ciclo de feedback perpétuo que fortalece ainda mais o Google' por meio de usuários, dados e dólares de publicidade adicionais, disseram os promotores.
O Chrome é o navegador mais usado no mundo e um pilar dos negócios do Google, fornecendo informações sobre o usuário que ajudam a empresa a direcionar anúncios de forma mais eficaz e lucrativa.
(Reportagem de Jody Godoy; reportagem adicional de Chris Sanders)
Reuters