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Governo pede ao Congresso reconhecimento de estado de calamidade por coronavírus para poder gastar mais

Governo pede ao Congresso reconhecimento de estado de calamidade por coronavírus para poder gastar mais

Reuters

17/03/2020

Placeholder - loading - Mulher usa máscara facial em meio a usuários na Central do Brasil, no Rio de Janeiro 17/03/2020 REUTERS/Ricardo Moraes
Mulher usa máscara facial em meio a usuários na Central do Brasil, no Rio de Janeiro 17/03/2020 REUTERS/Ricardo Moraes

Atualizada em  17/03/2020

Por Marcela Ayres e Lisandra Paraguassu

BRASÍLIA (Reuters) - O governo anunciou nesta terça-feira que vai pedir ao Congresso o reconhecimento de estado de calamidade pública devido à pandemia do novo coronavírus e seus impactos na saúde dos brasileiros e na economia do país, abrindo espaço para elevar seus gastos sem precisar cumprir a meta fiscal.

A ação vem após o anúncio de medidas para o enfrentamento ao vírus que, em sua maioria, antecipavam pagamentos obrigatórios, remanejavam gastos e prorrogavam o recolhimento de tributos, num esforço até então capitaneado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, de seguir mostrando comprometimento com o reequilíbrio das contas públicas enquanto outros países já anunciavam fortes estímulos fiscais para protegerem suas economias.

Neste ano, o déficit primário estabelecido como meta fiscal para o governo central (Tesouro, Previdência e Banco Central) é de 124,1 bilhões de reais, o sétimo ano consecutivo no vermelho.

Guedes havia indicado na véspera a possibilidade de mudança na meta, para alargar esse rombo. Caso os parlamentares aprovem o estado de calamidade pública, contudo, o alvo fiscal não precisará ser cumprido, liberando o governo da necessidade de fazer contingenciamentos no Orçamento neste ano. [nL1N2B9629]

O time econômico, inclusive, vinha dando o bloqueio de despesas como certo para o primeiro relatório bimestral de receitas e despesas, que sairá nesta sexta-feira, em função de uma série de fatores que devem pressionar fortemente a arrecadação para baixo, cenário agravado pelo coronavírus.

Entram nesse grupo o menor crescimento esperado para a economia, o valor mais baixo do barril de petróleo e seu impacto sobre os royalties e a arrecadação mais fraca também pela inflação menor.

Todas essas variáveis, que já tinham sido revisadas recentemente pela equipe econômica, ficam agora sujeitas a dramáticas incertezas conforme o coronavírus avança pelo mundo, paralisando cadeias de produção, abalando mercados globais e impondo quarentenas.

'Em virtude do monitoramento permanente da pandemia Covid-19, da necessidade de elevação dos gastos públicos para proteger a saúde e os empregos dos brasileiros e da perspectiva de queda de arrecadação, o Governo Federal solicitará ao Congresso Nacional o reconhecimento de Estado de Calamidade Pública', afirma nota da Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República.

A medida, segundo a nota, terá efeito até 31 de dezembro deste ano.

O texto reafirma ainda o compromisso do governo com 'as reformas estruturais necessárias para a transformação do Estado brasileiro, para manutenção do teto de gastos como âncora de um regime fiscal que assegure a confiança e os investimentos para recuperação de nossa dinâmica de crescimento sustentável'.

Segundo o Ministério da Economia, a regra de ouro e o teto de gastos seguem tendo que ser cumpridos pelo governo.

As últimas ações do governo federal nesta terça-feira mostram uma mudança radical em relação à postura do presidente Jair Bolsonaro.

Nos últimos dias, Bolsonaro vinha classificando de 'histeria' os comentários gerais e as medidas tomadas por governadores no combate ao coronavírus, que trariam impacto forte sobre a economia, na avaliação do presidente.

'Olha, a economia estava indo bem... esse vírus trouxe uma certa histeria', disse o presidente na manhã desta terça-feira, em entrevista à Rádio Super Tupi.

'Tem alguns governadores, no meu entender, eu posso até estar errado, mas estão tomando medidas que vão prejudicar em muito a nossa economia', argumentou Bolsonaro.

Em meio à crise do coronavírus, no domingo o presidente elevou a tensão com os outros Poderes ao se juntar a manifestantes em frente ao Palácio do Planalto, num dia marcado por eventos de apoio a Bolsonaro mas também protestos contra os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP) e do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli.

Na segunda-feira, Bolsonaro chegou a desafiar Maia e Alcolumbre a irem às ruas lidar com a população.

Mas na tarde desta terça, Bolsonaro baixou o tom, dizendo que busca apenas evitar o pânico sobre o coronavírus entre a população e prometeu uma entrevista conjunta com os líderes do Congresso e do Judiciário na noite de quarta-feira.

'Para demonstrar a todos vocês que estamos unidos para combater o bom combate em uma causa comum, que é a questão do vírus que chegou, mas não é motivo de pânico', explicou.

Reuters

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