Governo quer retomar programa de renovação de frota após MP perder validade com sobra de verba
Governo quer retomar programa de renovação de frota após MP perder validade com sobra de verba
Reuters
04/10/2023
Por Bernardo Caram
BRASÍLIA (Reuters) - O governo quer retomar o programa de renovação de frota de ônibus e caminhões, informou o à Reuters o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, após medida provisória (MP) sobre o tema perder a validade sem que aproximadamente 68% das verbas previstas tenham sido usadas.
O texto precisava ser aprovado até 3 de outubro para não perder a validade, mas não teve avanço no Congresso desde sua edição, em junho. No período, foram gerados à montadoras apenas 320 milhões de reais em créditos tributários, de um total de 1 bilhão de reais liberado para essa finalidade.
Os dados do ministério mostram que foram usados no período 130 milhões de reais do 700 milhões de reais disponibilizados para a renovação de frota de caminhões. No caso dos ônibus, foram consumidos 190 milhões de reais dos 300 milhões de reais autorizados pela MP.
De acordo com a pasta, com a não votação da medida, o programa é automaticamente encerrado. Em nota, o ministério disse ainda que não há recursos a serem devolvidos ao Tesouro Nacional porque os descontos concedidos pelas montadoras eram revertidos em créditos tributários e, portanto, o que não foi vendido não virou crédito.
“O MDIC tem intenção de retomar o programa de renovação de frota de ônibus e caminhões, dada sua importância e necessidade, mas não há previsão de quando ocorrerá”, disse.
A MP em questão é a mesma que ofereceu descontos para a compra de carros por pessoas físicas, mas o benefício fiscal para essa categoria foi integralmente consumido.
Para caminhões e ônibus, o incentivo foi dado para a troca de veículos com idade superior a 20 anos e que fossem enviados para reciclagem. Os descontos ficavam entre 33,6 mil reais e 80,3 mil reais para caminhões e iam de 38 mil reais a 99,4 mil reais para ônibus e vans.
Em entrevista à Reuters em setembro, o secretário de Desenvolvimento Industrial do MDIC, Uallace Moreira, disse que a principal razão para a demora no uso do benefício estava na necessidade de amadurecimento das operações, já que os veículos precisavam ser enviados a recicladoras, que, por sua vez, deveriam emitir certificados usados para avaliação do governo e concessão do crédito tributário.
Outro fator, segundo ele, era o patamar elevado da taxa de juros no país, que teria desincentivado os financiamentos dos veículos.
Procurada, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) disse que analisará o tema e deve apresentar posicionamento sobre o assunto na sexta-feira. A Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) não comentou.
Reuters