Capa do Álbum: Antena 1
A Rádio Online mais ouvida do Brasil
Antena 1

Governo sugere que BC arque com seguro rural em caso de autonomia financeira, dizem fontes

Governo sugere que BC arque com seguro rural em caso de autonomia financeira, dizem fontes

Reuters

16/07/2024

Placeholder - loading - Prédio do Banco Central em Brasília 11/06/2024 REUTERS/Adriano Machado
Prédio do Banco Central em Brasília 11/06/2024 REUTERS/Adriano Machado

Por Marcela Ayres

BRASÍLIA (Reuters) - O governo brasileiro sugeriu que o Banco Central passe a arcar com custos do bilionário programa de seguro rural Proagro caso saia do Orçamento geral como previsto na proposta de autonomia financeira da instituição, disseram à Reuters duas fontes com conhecimento do assunto nesta terça-feira.

Isso poderia resultar em uma economia de 12 bilhões de reais para o Tesouro, conforme estimativa do banco central para o custo do programa neste ano, feita em audiência pública no Congresso no mês passado.

Atualmente, o banco central administra o Proagro, que é custeado com recursos do Tesouro.

As duas fontes pontuaram que conversas sobre este ponto estão em curso, mas que um acordo sobre o texto para a autonomia financeira do BC está longe de ocorrer, o que deve jogar para o futuro a perspectiva de votação da proposta na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, ante expectativas de que isso pudesse ocorrer já nesta quarta-feira.

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva se opõe frontalmente à investida, que conta com apoio do presidente do BC, Roberto Campos Neto, além de boa parte dos diretores da autarquia.

O Congresso concedeu ao BC autonomia operacional em 2021, descasando o mandato de seu presidente com o do presidente do país. A autonomia financeira aprofundaria a independência do BC em relação ao Executivo, já que o banco administraria seu próprio orçamento, passando a bancar salários e investimentos a partir de receitas geradas por seus ativos.

Uma das fontes afirmou que a proposta envolvendo o Proagro é parte da estratégia do governo de postergar o debate com a inserção de uma espécie de bode na sala, já que, se não houver acordo, não haverá votação do texto na Comissão de Constituição e Justiça do Senado.

'Davi (Alcolumbre, presidente da CCJ) não vai se indispor com o governo,' disse a fonte.

Uma terceira fonte afirmou que Alcolumbre reforçou em conversa com senadores nesta terça-feira que não haveria votação sem acordo.

O BC e o Ministério da Fazenda disseram que não comentariam o assunto. Alcolumbre não se manifestou imediatamente.

Na semana passada, quando o texto seria votado no colegiado, o líder do governo no Congresso, Senador Jaques Wagner, propôs um adiamento para a busca de um consenso, argumentando que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, concordava com uma autonomia financeira para o BC, mas desde que ele não se transformasse numa empresa pública para gozar desse novo status.

O governo argumenta que se o banco central se tornar uma empresa pública como previsto na Proposta de Emenda à Constituição (PEC), os seus resultados anuais, que são atualmente cobertos pelo Tesouro como despesa financeira quando negativos, contariam para os fluxos primários, comprometendo o cumprimento das regras fiscais.

Os resultados negativos do banco central decorrem principalmente de suas operações cambiais, que são afetadas por contratos de swap e flutuações nas reservas internacionais do Brasil. No ano passado, o resultado do BC foi negativo em 114 bilhões de reais.

Reuters

Compartilhar matéria

Mais lidas da semana

 

Carregando, aguarde...

Este site usa cookies para garantir que você tenha a melhor experiência.