GRAMMY ANUNCIA NOVAS CATEGORIAS EM MEIO A POLÊMICAS NA INDÚSTRIA
AS MUDANÇAS ACOMPANHAM O IMPACTO DAS REDES SOCIAIS E A NOVA REALIDADE DO MERCADO MUSICAL
João Carlos
18/06/2025
O Grammy Awards, maior premiação da música mundial, anunciou novidades significativas para sua 68ª edição, marcada para o dia 1º de fevereiro de 2026, em Los Angeles. As atualizações, divulgadas oficialmente em junho de 2025, incluem a criação de novas categorias, renomeações estratégicas e fusões que refletem a evolução do mercado fonográfico — e coincidem com movimentações de alto impacto nas redes sociais, como a imagem da suposta nova capa do álbum de Sabrina Carpenter, que reacendeu o debate sobre estética, marketing e provocação como ferramentas de promoção e influência sobre o próprio Grammy.
Novas categorias do Grammy 2026 miram tendências e diversidade
Entre os principais anúncios feitos pela Recording Academy, destacam-se:
- Melhor Capa de Álbum (Best Album Cover) — categoria inédita que visa premiar o trabalho visual por trás dos lançamentos musicais, valorizando o papel da arte gráfica na era digital.
- Melhor Álbum Country Tradicional — reconhece os artistas que preservam as raízes clássicas do gênero.
- Renomeação de “Melhor Álbum Country” para “Melhor Álbum Country Contemporâneo”, diferenciando claramente as estéticas atuais das produções tradicionais.
Além disso, categorias técnicas como embalagens especiais de gravação foram unificadas, e a área de música clássica também ganhou novos critérios para compositores e libretistas, evidenciando uma ampliação no escopo de reconhecimento artístico.
Redes sociais, capas e estratégia: o caso Sabrina Carpenter

O anúncio da categoria “Melhor Capa de Álbum” coincidiu com a divulgação da polêmica imagem atribuída à capa de “Man’s Best Friend” (em destaque logo acima), o novo álbum de Sabrina Carpenter.
"Meu novo álbum, “Man’s Best Friend” será lançado em 29 de agosto de 2025. Mal posso esperar para que seja todo seu", publicou a cantora.
A coincidência escancara como a estética visual de um álbum, combinada com estratégias de marketing provocativas e o poder viral das redes sociais, pode ser decisiva tanto para o sucesso comercial quanto para uma eventual indicação ao Grammy. O uso de polêmicas — intencionais ou não — tornou-se um elemento promocional poderoso, capaz de alterar o ciclo de vida de um lançamento e influenciar diretamente o comportamento de curadores e jurados.
Por outro lado, a campanha nas redes sociais foi avassaladora: milhões de interações, polêmicas intensas e um salto global nas menções à artista. A repercussão, no entanto, não se restringiu ao público — celebridades, especialistas e veículos internacionais também entraram no debate.
Críticas negativas
- A Glasgow Women’s Aid, ONG de combate à violência doméstica, afirmou que a capa é “regressiva” e “pandering to the male gaze”, retratando “elementos de violência e controle”.
- A jornalista Poppie Platt (Business Insider) [na imagem acima] alertou sobre o risco da imagem influenciar jovens mulheres a dependerem de sua aparência para se destacarem.
- No The Guardian, Arwa Mahdawi criticou o cover por ser “não sutil ou sexo‑positivo — é apenas soft‑porn pandering to the male gaze”.
- Em paralelo, no The i Paper, Kuba Shand-Baptiste avaliou que o material “é um mau exemplo de sátira” e acaba estimulando quem “realmente acredita que mulheres são inferiores”.
Defesas e elogios

- A comentarista Adrian Horton (The Guardian) [na imagem acima] posicionou a capa no “espírito de Madonna”, utilizando provocação sexual para satirizar clichês e hipocrisias sociais.
- Dominique Sisley (Dazed) defendeu que desencanar da seriedade exagerada em tempos de saturação pornográfica ajuda a trazer leveza ao debate sobre sexo.
- Jessica Clark, no Mamamia, elogiou a união entre imagem e título (“Man’s Best Friend”) como crítica à linguagem depreciativa (“bitch”) no pop‑jornalismo, dizendo: “Ela não reforça a objetificação, mas a satiriza […] não é a piada, é quem conta”.
- Ainda no The Guardian, Horton concluiu que a crítica da ONG escocesa era “absurda” e que a provocação se insere com humor e inteligência .
O duplo impacto da estratégia provocadora
Essa discussão revela como, em tempos de explosão nas redes sociais:
- A arte visual se torna peça central do marketing musical — aqui, a imagem ousada de Sabrina Carpenter gerou tráfego, polarizou públicos e elevou a discussão sobre estética e propósito artístico.
- O lançamento de uma categoria dedicada à Melhor Capa de Álbum no Grammy reforça que essa estratégia visual já faz parte do discurso premiador da indústria — o que torna ainda mais estratégica a sinergia entre capa viral e premiação.
A era da performance visual e do engajamento como critério
Em um mercado cada vez mais digitalizado, onde o branding musical acontece em tempo real nas redes, o Grammy se ajusta à lógica contemporânea. Ao premiar capas de álbuns, a Academia reconhece não apenas a estética, mas a estratégia visual como parte da narrativa artística, muitas vezes tão impactante quanto a própria música.
Para artistas como Sabrina Carpenter, que dominam o imaginário pop, essa nova lógica pode ser a chave para consolidar sua presença entre os grandes nomes da indústria. A polêmica, longe de ser apenas ruído, torna-se ativo de marca — e agora, também, uma possível ponte para o Grammy.