Greenpeace acusa JBS de comprar gado criado ilegalmente em terras indígenas
Greenpeace acusa JBS de comprar gado criado ilegalmente em terras indígenas
Reuters
25/09/2025
Por Ana Mano
SÃO PAULO (Reuters) - A JBS, maior empresa de carnes do mundo, comprou indiretamente gado criado ilegalmente em terras indígenas no Brasil, de acordo com uma investigação do Greenpeace divulgada nesta quinta-feira.
O gado supostamente comprado pela gigante da carne bovina teria sido criado originalmente no território indígena amazônico Pequizal do Naruvôtu e depois 'abasteceu indiretamente frigoríficos da JBS autorizados a exportar para a União Europeia, Ásia e Américas', segundo o grupo ativista.
O Greenpeace disse que a investigação descobriu que, entre 2018 e 2025, o fazendeiro Mauro Fernando Schaedler transferiu pelo menos 1.238 animais de uma de suas fazendas que se sobrepõe à terra indígena para outra propriedade livre de irregularidades. O Greenpeace disse que essa segunda fazenda vendeu animais para a JBS.
O Greenpeace usou dados oficiais de movimentação de gado para rastrear o trânsito dos animais entre as fazendas e o abatedouro. Mas, como o Brasil não possui um sistema de identificação individual para o gado, é praticamente impossível saber exatamente quais animais foram transferidos para onde.
Em um comunicado, a JBS disse que o Greenpeace não conseguiu demonstrar que o gado supostamente criado de forma irregular chegou aos seus abatedouros. A empresa disse ainda que todas as suas compras foram feitas de acordo com políticas rigorosas para o fornecimento responsável de matérias-primas.
Ainda assim, a JBS acrescentou que a empresa havia bloqueado a fazenda mencionada na investigação do Greenpeace e exigiu explicações do produtor.
Os representantes de ambas as fazendas não retornaram imediatamente aos pedidos de comentários.
A prática de transferir o gado de uma propriedade irregular para outra com um registro limpo é conhecida como 'lavagem de gado', pois ajuda a ocultar a origem do animal, disse o Greenpeace.
(Reportagem de Ana Mano)
Reuters

