Guaidó pede que UE classifique produto da mineração irregular na Venezuela como 'ouro de sangue'
Guaidó pede que UE classifique produto da mineração irregular na Venezuela como 'ouro de sangue'
Reuters
09/01/2020
Por Brian Ellsworth e Vivian Sequera
CARACAS (Reuters) - O líder da oposição venezuelana Juan Guaidó pediu que a União Europeia denomine oficialmente os metais preciosos minerados de maneira informal nas selvas no sul do país como 'ouro de sangue', enquanto busca aumentar a pressão sobre o governo do presidente Nicolás Maduro.
O governo Maduro desde 2016 apoia a mineração artesanal na Amazônia venezuelana para trazer receitas em meio a uma crise econômica, um esforço que foi expandido na medida em que Washington aumentava as sanções para forçar o Partido Socialista a deixar o poder.
As iniciativas foram criticadas por ambientalistas e grupos de direitos humanos por contaminar as bacias hidrográficas com mercúrio e por abastecer massacres enquanto gangues lutam por território.
Em uma entrevista à Reuters, Guaidó disse que a UE deveria usar o rótulo para limitar o comércio de ouro venezuelano, da mesma maneira que a campanha de 'diamantes de sangue' nos anos 1990 combateu as vendas de diamantes que financiavam conflitos armados na África.
'Eu acredito que a Europa possa tomar passos nessa direção ao não permitir o comércio do ouro venezuelano na Europa... rotulando-o claramente como 'ouro de sangue'', disse Guaidó.
'Para que ele é usado na Venezuela? Para financiar grupos (armados) irregulares', disse o Guaidó em referência às guerrilhas colombianas que estão cada vez mais próximas das operações de mineração de ouro.
Os Estados Unidos, assim como a UE e mais de 50 outros países, reconhecem Guaidó como o presidente legítimo da Venezuela. Em 2019, Washington ampliou seu programa de sanções contra Maduro com esperanças de remover seu governo do poder.
Mas Maduro tem se sustentado, contornando as sanções à indústria de petróleo do país, que é membro da Opep, com a ajuda da aliada Rússia e com a venda de ouro produzido por mineradores artesanais, muitas vezes ligados ao crime organizado.
As sanções do governo Trump já proíbem indivíduos e empresas dos Estados Unidos de comercializarem ouro venezuelano. Parte do minério já foi vendido inclusive para a Turquia, outro país aliado de Maduro.
Um representante de Guaidó disse em setembro que o governo de Maduro estava vendendo ouro na Europa para evitar as sanções aplicadas ao país.
A UE impôs sanções sobre importantes autoridades venezuelanas e bloqueou vendas de armas para o governo de Maduro, mas não proibiu especificamente a venda de ouro.
A assessoria de imprensa do Serviço de Ação Externa da União Europeia não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.
Reuters