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GUITARRA PERDIDA DOS ROLLING STONES SURGE 50 ANOS DEPOIS NO MUSEU DE NOVA YORK

LENDÁRIA LES PAUL DE 1959, LIGADA A MICK TAYLOR E KEITH RICHARDS, DESAPARECEU NA FRANÇA EM ASSALTO CINEMATOGRÁFICO OCORRIDO EM 1971

João Carlos

15/07/2025

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Crédito da imagem: gerada por IA

Um verdadeiro achado histórico para a música: uma Gibson Les Paul Standard sunburst de 1959, que pertenceu ao ex-guitarrista dos Rolling Stones, Mick Taylor, foi encontrada em uma coleção do Metropolitan Museum of Art em Nova York — cinco décadas após ter sumido.

De acordo com o empresário de Taylor, Marlies Damming, ele teria ficado chocado ao descobrir o instrumento roubado da banda em 1972 foi encontrado entre as 500 doadas ao museu em maio.

A Guitar Player observou que o instrumento sofreu modificações posteriores à compra que ajudaram a comprovar sua pertença à Taylor. De acordo com a revista "O padrão exclusivo de veios de madeira da Les Paul funciona como uma impressão digital. No caso deste exemplar em particular, o desenho escuro próximo ao recorte, ao longo da borda inferior do tampo, é a chave para sua identidade."

Do programa Ed Sullivan Show à Altamont: a trajetória do instrumento

Originalmente comprada por Mick Taylor em 1967, a guitarra em questão (em destaque na imagem logo acima) havia pertencido anteriormente a Keith Richards, que a vendeu ao colega de banda.

O instrumento já fazia história antes mesmo de desaparecer: foi utilizado por Richards na emblemática estreia dos Rolling Stones no programa The Ed Sullivan Show, em outubro de 1964 (clique aqui e assista) — uma das apresentações mais icônicas da televisão americana. Anos depois, já nas mãos de Taylor, a mesma guitarra voltou aos holofotes durante o conturbado Altamont Free Concert, em dezembro de 1969, evento marcado por caos e controvérsia na trajetória da banda.

Ao longo de sua existência, a Gibson Les Paul também passou pelas mãos de outros gigantes do rock: Eric Clapton e Jimmy Page teriam tocado o mesmo exemplar, hoje reconhecido como uma verdadeira relíquia da história do rock.

O desaparecimento durante as gravações do clássico Exile On Main St.

O sumiço ocorreu em setembro de 1971, na Villa Nellcôte, na Côte d'Azur, onde os Stones gravavam Exile on Main St. O furto, ocorrido “em plena luz do dia”, envolveu traficantes de Marselha cobrando dívidas de Keith Richards — que levaram nove guitarras, além do saxofone de Bobby Keys e do baixo de Bill Wyman.

Redescoberta no Met e identificação pelo padrão “flamejante”

Em maio, o Met anunciou a incorporação de mais de 500 guitarras à sua coleção, entre elas a Les Paul de 1959 usada por Richards no Ed Sullivan Show. A confirmação de que se tratava do instrumento de Taylor veio por meio de Damming, que identificou uma marca única no padrão “flamejante” da madeira — um efeito visual que funciona como uma impressão digital.

Ao PageSix, o parceiro de negócios de Taylor teria dito que o músico está perplexo com o reaparecimento da guitarra, já que nunca recebeu qualquer compensação pelo desaparecimento do instrumento.

Polêmica e desafios de propriedade

  • O dono da coleção, Dirk Ziff, não comentou sobre a origem legal do instrumento.
  • Já o Met e representantes de Ziff ainda não forneceram esclarecimentos oficiais sobre a proveniência exata da guitarra descrita como “do Ed Sullivan Show”.
  • A descoberta levantou questionamentos sobre propriedade intelectual, compensação ao músico e práticas éticas nos museus.

Uma guitarra, uma história e um possível roteiro de cinema?

O reaparecimento da Gibson Les Paul de 1959 após meio século de incertezas não é apenas uma curiosidade do mundo da música — é também um exemplo vivo de como objetos artísticos podem carregar narrativas tão complexas quanto envolventes.

O roteiro da guitarra — que passou pelas mãos de Keith Richards, Mick Taylor, Eric Clapton e Jimmy Page, desapareceu durante um suposto assalto cinematográfico na França e ressurgiu silenciosamente nas vitrines de um museu nova-iorquino — lembra, ainda que à distância, a jornada mítica retratada no filme O Violino Vermelho (The Red Violin, 1998).

Na produção canadense dirigida por François Girard, acompanhamos a trajetória de um violino artesanal criado no século XVII, atravessando séculos, países, guerras e donos — todos marcados, de alguma forma, pela presença do instrumento. Sem revelar spoilers, o longa é conhecido por explorar temas como memória, arte, mistério e destino, através do ponto de vista de um objeto que se torna personagem.

Dada a aura lendária e os detalhes peculiares que cercam essa guitarra dos Rolling Stones, fica a pergunta — em tom de brincadeira, claro:

Será que algum roteirista atento já começou a escrever uma nova produção inspirada na guitarra perdida dos Stones?

Se ainda não, talvez esteja perdendo tempo.

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