HIPNOSE: CIÊNCIA, CASOS REAIS E VIDAS TRANSFORMADAS
CONHEÇA OS CASOS DOCUMENTADOS PELA MEDICINA E OS CAMINHOS PARA QUEM DESEJA SE TRATAR OU ATUAR PROFISSIONALMENTE
João Carlos
10/07/2025
A hipnose clínica, também chamada de hipnoterapia, deixou de ser associada exclusivamente ao misticismo ou ao entretenimento de palco a partir da segunda metade do século XX, quando começou a ser oficialmente reconhecida por instituições médicas e científicas. A British Medical Association foi uma das primeiras a validar seu uso clínico em 1955, seguida pela American Medical Association, em 1958.
Desde então, a técnica vem ganhando força na comunidade científica, especialmente com o avanço das neurociências. Estudos com ressonância magnética funcional (fMRI) comprovaram que, durante o estado hipnótico, o cérebro apresenta ativação em áreas específicas relacionadas à atenção, percepção da dor, controle emocional e tomada de decisão.
Mais do que relaxamento ou sugestão, a hipnose hoje é compreendida como um estado neurológico legítimo, com aplicações terapêuticas documentadas e benefícios comprovados em tratamentos médicos e psicológicos.
Durante o estado hipnótico, a pessoa permanece consciente e em pleno controle, mas com a atenção altamente concentrada, o que reduz estímulos externos e amplia a receptividade a sugestões terapêuticas. Isso permite acessar o subconsciente com mais clareza — onde emoções, crenças e padrões podem ser ressignificados de forma segura.
Do ponto de vista científico, a hipnose altera a atividade em áreas específicas do cérebro, como o córtex cingulado anterior, o tálamo e o córtex pré-frontal dorsolateral, que estão diretamente ligados à dor, foco, imaginação e regulação emocional. Esses efeitos foram mapeados por exames como ressonância magnética funcional (fMRI), fortalecendo o reconhecimento da hipnose como um estado neurológico legítimo.
Mas qualquer pessoa pode ser hipnotizada?
A resposta é: quase todos podem — mas o nível de responsividade varia de pessoa para pessoa.
Estudos indicam que cerca de:
- 10% das pessoas são altamente sugestionáveis
- 70% respondem bem à hipnose com treino ou prática
- 20% têm mais dificuldade, mas ainda podem se beneficiar com abordagens personalizadas
Fatores como confiança no processo, capacidade de concentração e disposição para seguir instruções influenciam diretamente os resultados. A hipnose não é um truque nem uma forma de controle mental — é uma colaboração ativa entre terapeuta e paciente.
Crianças e idosos podem ser hipnotizados?
Sim. A hipnose é eficaz e segura em praticamente todas as idades, desde que conduzida por um profissional qualificado e com abordagem apropriada para o perfil do paciente.
Crianças
- Costumam ser altamente sugestionáveis por natureza, especialmente entre 6 e 12 anos.
- Respondem muito bem a técnicas lúdicas, como histórias guiadas, metáforas, visualizações de super-heróis ou “poderes mágicos”.
- A hipnoterapia pode ajudar em casos de medos noturnos, enurese (xixi na cama), ansiedade de separação, TDAH leve, entre outros.
Idosos
- Também podem ser hipnotizados, especialmente se estiverem cognitivamente lúcidos.
- A hipnose é usada com sucesso em:
- Controle de dor crônica (artrose, neuropatias)
- Ansiedade e insônia
- Adaptação emocional ao envelhecimento ou luto
- Importante: o ritmo da sessão costuma ser mais lento, com linguagem clara e tempo maior de adaptação.
Em ambos os casos, a técnica precisa ser personalizada para respeitar o nível de atenção, compreensão e capacidade de resposta de cada indivíduo.
Para que serve a hipnoterapia?
A hipnose é aplicada com sucesso em diversas áreas da saúde. Entre as mais comuns:
- Redução de ansiedade e estresse
- Controle de dores crônicas (como enxaqueca e fibromialgia)
- Tratamento de fobias e traumas
- Cessação de vícios, como tabagismo, compulsão alimentar e alcoolismo leve ou moderado
- Melhoria da qualidade do sono
- Fortalecimento da autoestima e foco mental
- Alívio de sintomas de doenças psicossomáticas (como asma, dermatite e intestino irritável)
Hipnose no tratamento de vícios: uma ferramenta complementar
Em se tratando de vícios, a hipnose é utilizada como recurso complementar dentro de um plano terapêutico, com foco em fortalecer o autocontrole e transformar padrões mentais ligados à dependência. A técnica pode ajudar a:
- Reduzir a ansiedade associada ao processo de abstinência
- Reestruturar padrões de comportamento e gatilhos emocionais
- Fortalecer a motivação para manter a sobriedade
- Trabalhar a autoestima e possíveis traumas associados ao uso
- Criar sugestões pós-hipnóticas de autocontrole e resiliência
Importante: no caso de dependência química severa, como alcoolismo crônico, a hipnose não substitui o acompanhamento médico, psicológico ou psiquiátrico, mas pode atuar como aliada em um plano terapêutico multidisciplinar, potencializando os resultados clínicos e emocionais.
Casos reais reconhecidos pela medicina
Vários estudos já documentaram melhoras significativas e até remissão de sintomas com o uso da hipnose:
Dor crônica e menos medicamentos
- Pacientes com lesão medular tiveram redução de até 90% da dor com hipnose, segundo estudo da Universidade de Washington.
- A técnica também reduziu a necessidade de opioides no pós-operatório de cirurgias, como mostram publicações no Journal of Clinical Medicine.
Hipnoanestesia em cirurgias
Em casos de câncer de tireoide e de mama, pacientes foram operadas sem anestesia tradicional, apenas com indução hipnótica, relatando zero dor e rápida recuperação.
Doenças de pele e asma
Condições como psoríase, verrugas e eczema também mostraram melhora significativa com hipnoterapia — além de pacientes com asma que reduziram ou suspenderam a medicação após sessões de visualização guiada.
O que dizem os especialistas?

O uso terapêutico da hipnose é amplamente respaldado por profissionais da medicina e da psicologia, especialmente em contextos como dor crônica, ansiedade e controle de hábitos. Para o psiquiatra e pesquisador de Stanford, Dr. David Spiegel (em destaque na foto acima), referência mundial no tema:
“A hipnose deveria ser a primeira e não a última escolha no tratamento da dor”, defende o psiquiatra da Universidade de Stanford.
Já o psicólogo Mark P. Jensen, da Universidade de Washington (logo acima), reforça:
“A hipnoterapia oferece estratégias eficazes de enfrentamento com baixo custo, sem efeitos colaterais e com ganhos reais para a saúde física e emocional.”
Apesar do avanço das evidências e das publicações em revistas científicas respeitadas, alguns profissionais ainda manifestam ceticismo, principalmente em relação à variação de resposta entre pacientes e à falta de padronização nas formações oferecidas fora do meio acadêmico.
Também há críticas quando a hipnose é usada de forma isolada ou sem acompanhamento multidisciplinar, especialmente em casos complexos, como transtornos mentais graves ou dependência química severa.
Mesmo assim, a tendência dominante entre estudiosos é clara: quando aplicada com ética, preparo técnico e integração clínica, a hipnose se consolida cada vez mais como uma ferramenta legítima, segura e eficaz na saúde integrativa.
Quem pode aplicar hipnose com fins terapêuticos?
No Brasil, a hipnose é considerada uma técnica complementar, não uma profissão independente.
O profissional que atua com hipnose terapêutica é chamado de hipnoterapeuta. Já o hipnólogo — comum em shows, treinamentos motivacionais e apresentações públicas — não está autorizado a atuar clinicamente, a menos que também possua formação específica na área da saúde. Isso significa que só pode ser usada clinicamente por profissionais da saúde com formação reconhecida:
- Psicólogos (reconhecido pelo CFP)
- Médicos (reconhecido pelo CFM)
- Dentistas (reconhecido pelo CFO)
- Fonoaudiólogos, fisioterapeutas, enfermeiros e outros, desde que habilitados
Quer fazer ou aplicar hipnoterapia?
Se você quer vivenciar a hipnose, procure um profissional de saúde capacitado. Já se deseja atuar com hipnoterapia:
- Faça uma graduação em psicologia, medicina ou área correlata.
- Busque uma formação séria e ética em hipnose clínica.
- Siga sempre as normas do seu conselho de classe.
Nos EUA e Europa, a técnica já é aplicada em hospitais, partos naturais e oncologia, com excelentes resultados e respaldo científico.
Um caminho alternativo que pode ajudar a mudar a sua vida
A hipnose não é mágica — é ciência aplicada à mente. E, quando usada com responsabilidade e capacitação, pode ser um divisor de águas na vida de quem sofre com dores, bloqueios, ansiedade ou traumas.
Seja você alguém em busca de alívio ou um profissional interessado em expandir suas ferramentas terapêuticas, a hipnoterapia oferece um caminho eficaz, ético e transformador.