Ibovespa recua sem fim em incerteza sobre guerra comercial
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Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa recuava nesta quinta-feira, enquanto agentes ainda analisam as implicações da decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de aliviar tarifas para alguns países, mas aumentar a pressão sobre a China,
Às 10h05, o Ibovespa, referência do mercado acionário brasileiro, cedia 0,3%, a 127.410,99 pontos, com petrolíferas entre as maiores quedas na esteira de novo tombo do petróleo no exterior. O volume financeiro somava R$2,6 bilhões.
Na quarta-feira, o Ibovespa avançou mais de 3%, após Trump reduzir temporariamente as tarifas comerciais a vários países, com exceção da China, que teve a alíquota elevada ainda mais após uma troca de retaliações entre as duas maiores economias do mundo.
Nesta quarta-feira, os pregões na Europa ajustavam-se à euforia da véspera, mas Wall Street voltava a trabalhar com o sinal negativo, com o S&P 500 em baixa de 2,66%.
Na visão da analista sênior Ipek Ozkardeskaya, do Swissquote Bank, investidores esperam que essa pausa dê aos países tempo suficiente para renegociar, reorganizar as cadeias de suprimentos e suavizar o choque tarifário.
'Isso é fundamentalmente positivo, independentemente de as tarifas serem aplicadas ou não. Ter tempo para elaborar um Plano B é um presente...mas eu não abriria a champanhe ainda', acrescentou em relatório a clientes.
Ozkardeskaya destacou que a incerteza por si só já atingiu as empresas e a China continua sendo um mercado crucial para várias companhias. 'E nessa frente, a guerra continua. Então sim, algum alívio, mas tenha cuidado.'
Para a analista do Swissquote, as incertezas persistirão, embora a recuperação da véspera tenha sido sólida. 'Poderíamos ver isso se estender -- se Trump puder ficar quieto por alguns dias, deixar o mercado digerir as notícias.'
Ela reforçou que a guerra comercial está longe de terminar. 'Falaremos sobre isso sem parar pelos próximos 90 dias e noites — e provavelmente pelos próximos anos', acrescentou.
Também no radar no dia estavam dados dos EUA, incluindo uma queda inesperada no índice de preços ao consumidor em março, de 0,1%, ante expectativa no mercado de alta de 0,1%. O avanço de 2,4% em 12 meses também ficou abaixo das previsões (+2,6%).
DESTAQUES
- PETROBRAS PN caía 2,4% e PETROBRAS ON recuava 2,25%, uma vez que os preços do petróleo no exterior voltaram a registrar perdas acentuadas. O barril de Brent perdia 3,99%, a US$62,87. No setor, BRAVA ON cedia 7,73%, PRIO ON era negociada em baixa de 4,89% e PETRORECONCAVO ON caía 4,34%.
- VALE ON avançava 0,6%, endossada pela alta dos futuros do minério de ferro, diante de esperanças de medidas de estímulo mais agressivas por parte de Pequim para combater o impacto da escalada da guerra comercial entre a China e os EUA. O contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian encerrou as negociações do dia com alta de 3,06%.
- ITAÚ UNIBANCO PN tinha variação positiva de 0,16%, exceção entre os bancos do Ibovespa, que passavam por ajustes após forte valorização na véspera. BRADESCO PN caía 0,96%, BANCO DO BRASIL ON recuava 0,79%, SANTANDER BRASIL UNIT perdia 1,35% e BTG PACTUAL UNIT declinava 1,81%.
- SABESP ON valorizava-se 1,04%, após a companhia de saneamento básico divulgar que estima receber R$1,48 bilhão no prazo aproximado de até seis meses após propostas de acordos para liquidação de créditos de precatórios serem aprovadas pela Câmara de Conciliação de Precatórios da Procuradoria Geral do Município de São Paulo.
- PETZ ON era negociada em alta de 1,49%, em mais um dia no azul, após uma série de cinco quedas até o dia 8, período em que acumulou declínio de mais de 5%.
Escrito por Reuters
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