Ibovespa renova máximas e fecha acima de 144 mil pontos, mas com volume reduzido
Ibovespa renova máximas e fecha acima de 144 mil pontos, mas com volume reduzido
Reuters
16/09/2025
Atualizada em 16/09/2025
Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa renovou máximas históricas nesta terça-feira, fechando acima dos 144 mil pontos pela primeira vez, enquanto agentes financeiros continuam apostando na queda dos juros nos Estados Unidos nesta semana, mas a alta foi modesta e o volume financeiro ficou abaixo da média do ano.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 0,36%, a 144.061,74 pontos, renovando o recorde para fechamento. No melhor momento do dia, marcou 144.584,10 pontos, novo topo histórico intradia. Na mínima, registrou 143.546,58 pontos.
O volume financeiro somou R$21,01 bilhões, acima da média diária do mês, de apenas R$18,6 bilhões, mas ainda abaixo da média em 2025, de R$23,6 bilhões.
O Federal Reserve começa nesta terça-feira reunião para decidir sobre os juros da maior economia do mundo, que terá o desfecho conhecido na quarta-feira, 15h (de Brasília). A decisão será acompanhada de projeções econômicas e seguida por entrevista à imprensa do chair do Fed, Jerome Powell (15h30).
No mercado, as apostas apontam para um corte de 0,25 ponto percentual na faixa atual de 4,25% a 4,50% ao ano.
'A possibilidade de reduções do juro americano é algo que traz otimismo', afirmou o sócio e advisor da Blue3 Investimentos Willian Queiroz, citando que abrem espaço para movimento de 'carry trade', com investidores tirando dinheiro daquela economia e aplicando em mercados emergentes.
Investidores do mercado brasileiro também estão atentos ao comunicado que acompanhará a decisão de política monetária do Banco Central no Brasil na quarta-feira, quando se espera que a Selic seja mantida em 15%. Para estrategistas do Citi, o ciclo de afrouxamento dos juros é o próximo catalisador para a bolsa.
O desfecho da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC será conhecido após o fechamento do mercado.
Na visão do responsável pela área de renda variável da Criteria, Thiago Pedroso, a alta recente no mercado brasileiro tem múltiplos fatores, entre eles, a reação às máximas registradas nas bolsas norte-americanas, a queda na curva de juros e a melhora na percepção de risco global.
Mas ele destacou que há um elemento bastante específico no mercado local, que é o baixo nível de alocação em ações brasileiras, tanto por parte dos investidores estrangeiros quanto dos institucionais domésticos.
'O rompimento das máximas do Ibovespa não foi acompanhado de aumento do fluxo... Quem já está posicionado tende a segurar as posições, apostando em um eventual 'bull market'. Já quem está fora sente a pressão de entrar, correndo o risco de perder um movimento que pode ser explosivo', observou.
Esse movimento seria um eventual rali na esteira do desfecho das eleições no Brasil em 2026, que na visão de Pedroso é o fator mais relevante para os rumos do mercado local, 'com potencial de mudar expectativas de forma significativa'.
DESTAQUES
- MARFRIG ON avançou 5,6% e BRF ON fechou em alta de 5,28%, no sexto pregão seguido de alta em ambos os casos, com as atenções voltadas para potenciais sinergias da incorporação da BRF pela Marfrig. No último dia 8, quando a Marfrig divulgou a data estimada para a conclusão da operação, ambas anunciaram dividendos.
- LOJAS RENNER ON subiu 4,19%, acompanhada de perto pela C&A MODAS ON, que valorizou-se 3,6%, em sessão positiva para papéis de consumo em meio a um novo alívio na curva de juros do Brasil, além de dados mostrando o mercado de trabalho ainda resiliente. O índice de consumo da B3 avançou 1,07%.
- NATURA ON cedeu 2,13%, após avançar mais de 2% na véspera, quando divulgou acordo para venda das operações da Avon na Guatemala, Nicarágua, Panamá, Honduras, El Salvador e República Dominicana, reunidas sob a designação Avon Card. Investidores seguem na expectativa de desfecho para a Avon Internacional.
- BANCO DO BRASIL ON avançou 0,55%, recuperando parte das perdas da véspera (2,2%), enquanto ITAÚ UNIBANCO PN cedeu 0,26%, BRADESCO PN recuou 0,23% e SANTANDER BRASIL UNIT fechou com acréscimo de 0,24%.
- VALE ON subiu 0,35%, com o avanço dos preços do minério de ferro na China, onde o contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian subiu 0,82%, a 803,5 iuans (US$112,94) a tonelada. A S&P também elevou o rating da Vale para 'BBB' ante 'BBB-', com perspectiva estável.
- PETROBRAS PN avançou 0,25%, em meio à alta dos preços do petróleo no exterior, onde o barril sob o contrato Brent subiu 1,5%. A estatal divulgou nesta terça-feira que contratou Engeman para reiniciar produção em fábricas de fertilizantes do Nordeste.
- SABESP ON cedeu 0,44%, após a empresa de água e saneamento mostrar que acelerou o cumprimento de metas de universalização de serviços em agosto. Na visão do Citi, os dados reforçam a confiança de que a Sabesp está no caminho para cumprir, e eventualmente superar, as metas de 2025.
- COGNA ON subiu 0,98%, após anunciar a intenção de realizar uma oferta para aquisição de até a totalidade das ações da subsidiária Vasta. O plano visa deslistar a Vasta da Nasdaq e o preço pretendido da oferta será de US$5 por ação. Em NY, VASTA avançou 2,06%.
- PRIO ON fechou em alta de 1,32%, tendo também no radar notícia da véspera confirmada no final da segunda-feira pela companhia de que obteve licença de instalação do órgão ambiental federal Ibama para a interligação dos poços de seu campo de Wahoo, onde planeja iniciar a produção no próximo ano.
- PAGBANK, que é negociada em Nova York, disparou 10,67%. A companhia disse que fará uma teleconferência na quinta-feira para apresentar uma atualização referente a suas iniciativas estratégicas.
Reuters