Incursão israelense pode paralisar último hospital em funcionamento em Rafah, diz OMS
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Por Gabrielle Tétrault-Farber
GENEBRA (Reuters) - Uma autoridade da Organização Mundial da Saúde (OMS) disse nesta terça-feira que o último hospital em Rafah pode parar de funcionar e que um número substancial de mortes pode ser esperado caso Israel lance uma 'incursão total' no sul da cidade de Gaza.
'Se a incursão continuar, perderemos o último hospital em Rafah', disse Richard Peeperkorn, representante da OMS para Gaza e Cisjordânia, à margem da Assembleia Mundial da Saúde, em Genebra, quando foi relatado que tanques israelenses avançaram para o centro de Rafah.
Ele disse que, no caso de uma 'incursão total', um plano de contingência que envolva o tratamento de pacientes em uma série de hospitais de campanha mal equipados 'não evitará o que esperamos: mortalidade e morbidade adicionais substanciais'.
A ofensiva israelense em Rafah, que já dura três semanas, provocou nova indignação depois que um ataque aéreo no domingo provocou um incêndio em um acampamento de barracas em um distrito ocidental, matando pelo menos 45 pessoas.
Israel disse que o ataque tinha como alvo dois membros do alto escalão do Hamas em um complexo e não tinha a intenção de causar vítimas civis.
Nesta terça-feira, 21 palestinos foram mortos e dezenas ficaram feridos em bombardeios de tanques israelenses em uma área com tendas que abrigava pessoas desabrigadas a oeste de Rafah, disseram autoridades médicas palestinas.
Peeperkorn disse que, dos três hospitais em Rafah, apenas um estava 'quase funcionando'. Ele disse que o Hospital El-Najar, que anteriormente atendia 700 pacientes de diálise, não estava mais atendendo.
Rafah era um importante ponto de entrada de ajuda humanitária antes de Israel intensificar sua ofensiva militar no lado de Gaza da fronteira no início deste mês e assumir o controle da passagem do lado palestino.
Peeperkorn disse que o fechamento teve um impacto direto na capacidade da OMS de levar suprimentos médicos para Gaza.
'Quase 100% dos suprimentos médicos, medicamentos essenciais, equipamentos, na verdade, vêm de Al-Arish (no Egito) pela passagem de Rafah', disse ele. 'Atualmente, há 60 caminhões em Al-Arish esperando para entrar em Gaza.'
Desde o fechamento de Rafah, a OMS só conseguiu passar três caminhões de suprimentos médicos por Kerem Shalom, uma passagem de Israel, disse Peeperkorn.
Separadamente, o porta-voz da Unicef, James Elder, disse que uma pessoa comum em Rafah tinha acesso a cerca de apenas um litro de água por dia, 'catastroficamente abaixo de qualquer nível de emergência'.
(Reportagem de Gabrielle Tétrault-Farber e Cécile Mantovani)
Escrito por Reuters
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