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INOVAÇÃO NAS EMPRESAS: ENTRE O DISCURSO E A PRÁTICA

COMO TRANSFORMAR PROMESSAS EM IMPACTO REAL DENTRO DAS ORGANIZAÇÕES

João Carlos

09/06/2025

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Crédito da imagem: Stock.adobe.com/DisobeyArt

Nos últimos anos, falar sobre inovação tornou-se quase uma obrigação no vocabulário corporativo. Campanhas institucionais, discursos de CEOs e slogans publicitários frequentemente exaltam a inovação como motor estratégico das organizações. Mas uma pergunta se impõe: as empresas estão realmente inovando ou apenas promovendo a ideia de que inovam?

Essa provocação revela um tema mais complexo do que aparenta à primeira vista. Pesquisas sérias conduzidas por institutos como a McKinsey, PwC, OECD e o Global Innovation Index apontam que há uma lacuna considerável entre intenção e execução.

A busca real pela inovação

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Felizmente, muitas empresas têm demonstrado compromisso autêntico com a inovação. Elas compreendem que inovar não é apenas lançar produtos novos, mas transformar a cultura interna, estimular a criatividade e desenvolver soluções que gerem valor de forma sustentável.

Nesses casos, a inovação cumpre múltiplas funções: promove diferenciação, permite crescimento por meio de novos modelos de negócio e favorece melhorias contínuas nos processos existentes. A inovação se torna uma vantagem competitiva, um ativo que impacta toda a organização.

Quando a inovação vira marketing

No entanto, há também quem incorpore o discurso da inovação de maneira superficial. Em alguns casos, o objetivo é apenas melhorar a reputação institucional ou atrair investidores. Termos como "labs", "transformação digital" e "disruptivo" são empregados sem conexão com ações reais, em uma tentativa de parecer atualizada perante o mercado.

O risco é evidente: uma empresa que se vende como inovadora e não entrega experiências concretas pode perder credibilidade, prejudicando não apenas seus resultados, mas também sua imagem diante de clientes, parceiros e talentos.

O medo de inovar ainda é um obstáculo

Mesmo quando há boa vontade, o medo de inovar pode ser paralisante. Muitas companhias evitam movimentos mais ousados por medo de errar, perder recursos ou desestabilizar estruturas já consolidadas. Além disso, a inovação frequentemente exige mudanças profundas — nos processos, nos produtos, nos papéis das lideranças e, sobretudo, na mentalidade organizacional.

O desconhecimento técnico também pesa. Falta de preparo para lidar com ferramentas emergentes ou mesmo a ausência de uma cultura de aprendizado contínuo podem travar qualquer iniciativa inovadora antes mesmo que ela comece.

Inovação como hábito cultural

Para além de estratégias pontuais, a inovação precisa ser absorvida como um hábito cultural. Trata-se de um processo contínuo, onde ideias são testadas, erros são assimilados e aprendizados se transformam em novos ciclos de experimentação.

Empresas que conseguem fazer da inovação uma prática cotidiana são aquelas que mais se destacam nos mercados onde atuam. Elas desenvolvem ambientes seguros para a criatividade, aceitam o risco como parte do jogo e estabelecem mecanismos que integram inovação às rotinas de decisão.

A cultura nacional interfere na inovação?

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Sim — e muito. A cultura de um país impacta diretamente a forma como a inovação é absorvida dentro das organizações. Diversos fatores culturais e estruturais influenciam esse processo, como o grau de aversão ao risco predominante na sociedade, o incentivo à educação e à pesquisa, a qualidade das políticas públicas voltadas ao fomento da inovação, o nível de colaboração entre setor público, iniciativa privada e universidades, além da maturidade do ecossistema de startups e tecnologia.

Estudos mostram que ambientes com alta tolerância à falha e políticas consistentes de apoio à inovação costumam produzir mais patentes, criar mais empresas e gerar soluções com maior impacto social e econômico.

O que define os países mais inovadores do mundo?

Índices internacionais, como o Global Innovation Index (GII), analisam uma série de fatores para ranquear os países mais inovadores do mundo. Entre os principais critérios estão:

  • Investimento em P&D (público e privado);
  • Nível de educação em ciência e tecnologia;
  • Infraestrutura digital e tecnológica;
  • Eficiência institucional e ambiente regulatório;
  • Propriedade intelectual (número de patentes, marcas registradas, etc);
  • Resultados de mercado, como exportação de produtos de alta tecnologia e geração de novos negócios.

Suíça, Suécia, Estados Unidos e Coreia do Sul costumam figurar nas primeiras posições, mostrando que políticas de longo prazo e ambiente colaborativo são ingredientes-chave.

Quando inovar vale a pena: dados e retornos

Pesquisas recentes indicam que, apesar dos altos custos iniciais, a inovação costuma gerar retornos significativos no médio e longo prazo. Segundo um levantamento da PwC Strategy&, empresas que lideram rankings de inovação apresentam desempenho até 30% superior em crescimento de receita em relação às demais.

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Um exemplo claro é a Adobe. A empresa americana, conhecida por seu portfólio de softwares criativos, passou por uma transformação radical ao migrar seu modelo de licenças para um sistema de assinaturas via nuvem. A mudança, inicialmente vista com receio por investidores, garantiu uma receita recorrente mais estável e um aumento expressivo no valor de mercado da companhia. Como declarou Shantanu Narayen, CEO da Adobe (na foto acima): "Tivemos que reinventar a empresa para mantermos nossa relevância. A inovação constante é o que nos mantém à frente".

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O professor Mohanbir Sawhney, da Kellogg School of Management (acima), reforça: "A inovação bem-sucedida está mais ligada à disciplina do que ao talento. Empresas que integram inovação ao seu DNA estratégico colhem frutos reais, mesmo em tempos de crise".

Conclusão: entre o discurso e a prática, os caminhos reais da inovação

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Num cenário cada vez mais competitivo, alegar ser inovador se tornou quase um pré-requisito para empresas que desejam manter relevância de marca e atratividade diante do mercado e do público. No entanto, o risco de investir apenas na aparência de inovação — sem ações concretas, projetos sustentáveis ou envolvimento da cultura organizacional — é significativo.

Do ponto de vista financeiro, empresas que fingem inovar podem acabar investindo em áreas erradas, criando estruturas ineficazes e entregando ao público uma percepção artificial. O resultado? Perda de confiança, fuga de talentos e danos à reputação. Em vez de ganhos, o que se colhe é desconfiança e estagnação.

Pesquisas do Boston Consulting Group e da PwC Strategy& demonstram que investimentos consistentes em inovação, mesmo de alto custo e retorno não imediato, são um dos principais pilares do crescimento sustentável das corporações. Companhias listadas entre as mais inovadoras do mundo, como Apple, Amazon e Tesla, enfrentaram desafios, fracassos e críticas — mas construíram uma cultura onde errar também faz parte do caminho para acertar.

Como vimos, inovar exige:

  • Clareza estratégica;
  • Coragem institucional;
  • Apoio à cultura interna de experimentação;
  • E uma gestão que aceite o risco como parte da jornada de evolução.

Por outro lado, abandonar a inovação ou tratá-la apenas como vitrine pode ser um tiro no pé, tanto para os resultados da empresa quanto para sua imagem pública — sobretudo em tempos em que consumidores e investidores valorizam autenticidade e impacto real.

Assim, mais do que uma ferramenta ou uma meta, a inovação precisa se transformar em um hábito cultural — vivo, mensurável e enraizado nas decisões estratégicas. É nesse espaço que o discurso encontra a prática e que a inovação deixa de ser apenas promessa para se tornar, de fato, transformação.

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