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Inquérito da ONU conclui que autoridades israelenses incitaram genocídio em Gaza

Inquérito da ONU conclui que autoridades israelenses incitaram genocídio em Gaza

Reuters

16/09/2025

Placeholder - loading - Palestinos lamentam mortes por ataque de Israel na Cidade de Gaza  28/8/2025   REUTERS/Mahmoud Issa
Palestinos lamentam mortes por ataque de Israel na Cidade de Gaza 28/8/2025 REUTERS/Mahmoud Issa

Por Emma Farge

GENEBRA (Reuters) - Uma Comissão de Inquérito das Nações Unidas concluiu nesta terça-feira que Israel cometeu genocídio em Gaza e que as principais autoridades israelenses, incluindo o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, incitaram esses atos -- acusações que Israel chamou de escandalosas.

O relatório da ONU, divulgado no momento em que Israel anunciou o início de uma operação terrestre na Cidade de Gaza, cita exemplos da escala de assassinatos, bloqueios de ajuda, deslocamento forçado e a destruição de uma clínica de fertilidade para respaldar sua conclusão de genocídio, somando-se a uma associação de acadêmicos e grupos de direitos que chegaram à mesma conclusão.

'Hoje testemunhamos em tempo real como a promessa de 'nunca mais' é quebrada e testada aos olhos do mundo. O genocídio em curso em Gaza é um ultraje moral e uma emergência legal', disse Navi Pillay, chefe da Comissão de Inquérito sobre o Território Palestino Ocupado e ex-juíza do Tribunal Penal Internacional, em uma coletiva de imprensa em Genebra.

'A responsabilidade por esses crimes de atrocidade recai sobre as autoridades israelenses nos mais altos escalões, que orquestraram uma campanha genocida por quase dois anos com a intenção específica de destruir o grupo palestino em Gaza.'

AUTORIDADES ISRAELENSES REJEITAM RELATÓRIO

O presidente israelense, Isaac Herzog, que também foi citado no relatório, condenou as conclusões, que, segundo ele, interpretaram mal suas palavras.

'Enquanto Israel defende seu povo e busca o retorno dos reféns, essa Comissão moralmente falida está obcecada em culpar o Estado judeu, encobrindo as atrocidades do Hamas e transformando as vítimas de um dos piores massacres dos tempos modernos em acusadas', disse ele.

O embaixador israelense na ONU em Genebra, Daniel Meron, chamou o relatório de 'escandaloso' e 'falso', dizendo que ele havia sido criado por 'representantes do Hamas'.

'Israel rejeita categoricamente a calúnia publicada hoje por essa comissão de inquérito', declarou Meron a jornalistas.

Israel acusa a comissão de ter uma agenda política contra Israel e de divergir de seu mandato, e se recusou a cooperar com ela.

Solicitada a responder aos comentários de Israel, Pillay disse: 'Gostaria que eles nos dissessem onde erramos nesses fatos, ou simplesmente cooperassem conosco'.

A análise jurídica de 72 páginas da comissão é a conclusão mais forte da ONU até o momento, mas o órgão é independente e não fala oficialmente pelas Nações Unidas. A ONU ainda não usou o termo 'genocídio', mas está sob crescente pressão para fazê-lo.

Pillay disse que espera que o chefe de direitos da ONU, Volker Turk, e o secretário-geral António Guterres leiam o relatório e 'sejam guiados pelos fatos'.

Israel enfrenta um processo de genocídio na Corte Internacional de Justiça em Haia. O país rejeitou tais acusações, citando seu direito à autodefesa após o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023, que matou 1.200 pessoas e resultou em 251 reféns, de acordo com os registros israelenses.

A guerra subsequente em Gaza matou mais de 64.000 pessoas, de acordo com as autoridades de saúde de Gaza, enquanto um monitor global da fome afirma que parte do território está sofrendo de fome.

A Convenção sobre Genocídio da ONU de 1948, adotada na esteira do assassinato em massa de judeus pela Alemanha nazista, define genocídio como crimes cometidos 'com a intenção de destruir, no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso, como tal'.

(Reportagem de Emma Farge; reportagem adicional de Stephanie van den Berg em Haia, Tamar Uriel-Beeri em Jerusalém)

Reuters

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